Fones de ouvido, controles remotos e até capacetes ganham versões movidas a energia solar com avanços da tecnologia Powerfoyle.
A busca por soluções sustentáveis está alcançando um novo patamar no setor de eletrônicos. À medida que o debate sobre consumo responsável cresce, empresas apostam em tecnologia solar para alimentar gadgets do cotidiano com maior eficiência e menor impacto ambiental. O destaque vai para o uso da energia solar em dispositivos como fones de ouvido, controles remotos, sensores e até capacetes, que antes dependiam exclusivamente de baterias recarregáveis ou descartáveis.
Um dos principais nomes por trás dessa inovação é a Exeger, startup sueca que desenvolveu a tecnologia de célula solar Powerfoyle. Flexível, fina e adaptável a diversos formatos, ela permite que dispositivos se recarreguem usando luz natural ou artificial, abrindo caminho para o uso da energia solar em uma ampla variedade de produtos eletrônicos.
Fones de ouvido solares ganham mercado
A Exeger chamou atenção do setor em 2021, quando lançou os primeiros fones de ouvido do mundo movidos a energia solar. Desde então, a tecnologia Powerfoyle passou a equipar novos modelos da Urbanista, como os sem fio Phoenix e os headphones Los Angeles e Miami.
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Marcas como Adidas e Philips também aderiram à tecnologia solar com modelos como o RPT02 e o A6219 GO, respectivamente. Mais recentemente, a fabricante Merry Electronics firmou parceria com a Exeger para adaptar a Powerfoyle a diferentes linhas de gadgets, com foco em fones abaixo de US$ 100. Isso amplia o acesso a produtos movidos por energia solar para faixas de preço mais acessíveis.
A modificação das células solares para formatos mais finos e compatíveis com o design de diferentes dispositivos foi um dos desafios superados pela equipe da Exeger, conforme explicou Alexander Faust, diretor de parcerias da empresa.
Capacetes com tecnologia solar ganham espaço entre entregadores
Durante a CES 2025, um dos produtos apresentados que utilizam a tecnologia Powerfoyle foi um capacete inteligente desenvolvido para usuários de bicicleta e scooter. Voltado principalmente para entregadores de aplicativos na China, o capacete alimenta por energia solar componentes como microfone, alto-falantes e uma lanterna de LED traseira.
Segundo Faust, só na China existem cerca de 15 milhões de entregadores, o que representa um grande mercado potencial para gadgets movidos a tecnologia fotovoltaica. O capacete Cosonic foi projetado para atender justamente a esse público, que depende de equipamentos confiáveis e com autonomia para longas jornadas de trabalho.
Já o modelo POC Omne Eternal, voltado a ciclistas comuns, incorpora painéis solares para alimentar uma luz traseira automática, que acende em ambientes com baixa luminosidade. Embora não tenha conectividade ou recursos de áudio, é mais um exemplo de como a energia solar pode ser aplicada com propósito prático.
Controles remotos e sensores ganham versões autossuficientes
Além de wearables, a Exeger tem investido na integração da tecnologia solar em dispositivos domésticos. A empresa sueca firmou parcerias com fabricantes como SMK para desenvolver controles remotos para eletrodomésticos que dispensam baterias.
O modelo apresentado é voltado para sistemas de ar-condicionado e possui uma tela de baixo consumo energético, além de um indicador de carga que orienta o usuário a posicionar o controle no local ideal para absorver luz. Essa aplicação mostra o potencial da energia solar em produtos simples, mas de uso contínuo.
Outro avanço está nos sensores solares, como o transponder de pedágio Elumian, desenvolvido pela Kapsch, e o sensor de porta e janela da Leedarson. Ambos utilizam luz para alimentar os dispositivos e evitar o uso de baterias descartáveis, um dos maiores desafios ambientais do consumo eletrônico.
Avanços permitem maior integração da tecnologia solar aos gadgets
A aplicação de tecnologia solar em gadgets tem avançado devido a melhorias em eficiência, redução de custo e adaptação de design. Até poucos anos atrás, era raro encontrar a energia solar aplicada a eletrônicos além de calculadoras ou relógios. As limitações estavam ligadas ao tamanho das células solares e à necessidade de exposição constante à luz natural.
Hoje, com o desenvolvimento de materiais como o Powerfoyle, a situação mudou. As células podem ser integradas ao corpo do dispositivo de forma discreta e funcional, aproveitando tanto a luz solar quanto a artificial para gerar energia.
Essa evolução amplia as possibilidades de uso da energia solar em diferentes contextos, desde o lazer até aplicações industriais e logísticas, como no caso dos capacetes para entregadores.
Desafios e futuro da tecnologia solar em produtos de consumo
Apesar dos avanços, especialistas reconhecem que a tecnologia solar ainda enfrenta desafios para se consolidar como padrão no mercado de gadgets. A obsolescência programada, o modelo de assinaturas e a demanda por atualizações constantes tornam o consumo de tecnologia mais acelerado e menos sustentável.
Ainda assim, soluções como a Powerfoyle apontam para um caminho mais consciente. A geração de energia solar integrada aos dispositivos representa uma alternativa real para reduzir o uso de baterias, aumentar a autonomia dos produtos e incentivar práticas de consumo mais sustentáveis.
À medida que mais fabricantes buscam formas de atender à crescente demanda por eficiência energética e responsabilidade ambiental, espera-se que a tecnologia solar esteja presente em uma gama ainda maior de produtos do dia a dia.
Fonte: Techradar