Estudante da UESB conseguiram desenvolver biogás através dos resíduos de cascas de mandioca. Produto pode revolucionar o setor energético ao substituir o gás de cozinha.
Quando muitos resíduos líquidos e sólidos são gerados no decorrer da cadeia de produção, uma das preocupações é pensar em formas de redução e reaproveitamento dos impactos gerados pelo descarte incorreto desses resíduos no meio ambiente. Sendo assim, um dos setores que mais geram esses resíduos agroindustriais é a agricultura. A mandioca é um dos exemplos de importantes fontes de amido no Brasil e possui uma cadeia de produção que gera grandes quantidades de resíduos, como as cascas de mandioca. Isso chamou a atenção de pesquisadores da Uesb — Universidade Estadual Do Sudoeste Da Bahia, que desenvolveram uma tecnologia capaz de substituir o gás de cozinha.
Cascas de mandioca podem produzir biogás
A realidade dos resíduos sólidos gerados na cadeia de produção chamou a atenção de Dayane Silva, estudante de Mestrado em Engenharia e Ciência de Alimentos, no campus da UESB Itapetinga. Segundo a estudante, a pesquisa se trata do ponto de vista da geração de biofertilizante e biogás através do reaproveitamento das cascas de mandioca, que, em grande parte das vezes, é descartada incorretamente.
A pesquisa de Dayane recebeu o nome de “Aplicação da Fermentação em Estado Sólido com Aspergillus niger ATCC 1004 em Cascas de Mandioca para Produção de Biogás” e teve como objetivo avaliar a influência da fermentação, ao utilizar um fungo da casca como pré-tratamento biológico na produção e composição do biogás em biodigestores em escala laboratorial, podendo substituir o gás de cozinha.
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De acordo com a UESB, os resultados apontaram que houve uma redução da cristalinidade, redução dos sólidos totais e voláteis e degradação da lignina. Isso significa que a alternativa indicou uma ótima eficiência no processo de digestão anaeróbia na transformação da matéria orgânica em biogás, gerando uma produção de gás de forma mais rápida, em maior volume e com maior concentração de metano, de acordo com a estudante, podendo gerar gás de cozinha por meio das cascas de mandioca.
Pesquisa pode ajudar famílias impactadas com o aumento do gás de cozinha
A estudante da UESB afirma que o principal objetivo da pesquisa é utilizar o biogás gerado pelas cascas de mandioca como uma forma de substituição dos gases de origem mineral, como o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), utilizado como gás de cozinha; o Gás Natural (GN), utilizado em equipamentos domésticos e também quando purificado, em Gás Natural Veicular (GNV).
Tendo em vista que os reajustes no valor do gás de cozinha impacta o orçamento doméstico de aproximadamente 98% das famílias brasileiras e também que entre março de 2020 a abril deste ano foram realizados 17 reajustes um após o outro, contar com um combustível alternativo e sustentável é essencial.
Biogás das cascas de mandioca também pode gerar energia renovável
De acordo com Nívio Batista Santana, professor vinculado ao Departamento de Tecnologia Rural e Animal e ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências de Alimentos, a biodigestão anaeróbia é vista como uma das tecnologias mais promissoras para a geração de energia renovável.
Diante dos atuais dados climáticos e também altos custos com eletricidade, esta tecnologia da UESB traz uma alternativa para a produção de energia na forma de biogás, além de reduzir o descarte inadequado de resíduos no meio ambiente.
O biogás ainda pode ser utilizado para a geração de energia elétrica, podendo ser queimado e gerar calor para caldeiras, fornos, fogões ou outros sistemas. Como consequência há uma redução no uso de energia elétrica, lenha, gás de cozinha, entre outras fontes de energia.