Um novo tipo de concreto desenvolvido por cientistas chineses está chamando atenção no setor da aviação. Apelidado de “marshmallow”, o material tem aparência sólida, mas desmorona de forma controlada para desacelerar aviões em pousos de emergência.
Um novo material desenvolvido por cientistas chineses promete transformar a segurança em pistas de pousos. Chamado de “concreto marshmallow”, ele é capaz de absorver o impacto de aviões em aterrissagens de emergência, desintegrando-se de forma controlada para desacelerar as aeronaves de maneira suave.
A tecnologia foi criada pela China Building Materials Academy (CBMA), em parceria com a China Academy of Civil Aviation Science and Technology e uma empresa de tecnologia ligada à academia em Pequim.
O diferencial do novo concreto está na densidade extremamente baixa: apenas 200 quilos por metro cúbico, cerca de um décimo do peso do concreto convencional.
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Apesar da aparência sólida, ele se esfarela ao ser atingido, funcionando como uma espécie de almofada para aviões em situações críticas.
“Parece sólido, mas desmorona ao impacto, reduzindo a velocidade do avião suavemente”, afirmou o engenheiro Fang Jun, da CBMA.
Alternativa mais segura para áreas finais de pista
Decolagens e pousos são os momentos mais críticos de um voo. Por isso, é essencial contar com sistemas de segurança confiáveis no fim das pistas.
A Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) exige que todos os aeroportos tenham Áreas de Segurança no Final da Pista (RESA), com pelo menos 90 metros além da pista principal.
Até hoje, muitas pistas utilizavam areia, terra, gramados ou até poças d’água para frear os aviões. Mas essas soluções têm limitações sérias.
Segundo Fang, poças d’água podem congelar no inverno e atrair animais, enquanto o solo é sensível à umidade e à temperatura, afetando a estabilidade.
O concreto espumado surge como uma opção mais confiável.
O desafio era criar um material que se deformasse de forma previsível, capaz de parar aviões de até 100 toneladas, como o Boeing 747.
A força do concreto precisa ser mantida dentro de uma faixa específica: entre 0,30 e 0,35 megapascais. Se for mais forte, não se quebra como deveria. Se for mais fraco, não freia o avião.
“Para o concreto espumado comum, maior resistência é melhor. Mas o nosso precisa ter resistência mais baixa e muito estável”, explicou Fang.
Química inovadora e durabilidade garantida
Produzir o material exigiu superar dificuldades no processo de espumação. Os cientistas descreveram o método como “soprar bolhas” na mistura de concreto.
Essas bolhas criam a textura macia necessária para amortecer o impacto do avião.
Para reforçar as bolhas, a equipe desenvolveu um agente especial feito de resina maleada, que cria uma espécie de armadura em torno de cada bolha e impede o colapso prematuro do material.
Além disso, o concreto conta com um sistema de controle de resistência em duas etapas.
Isso permite que ele se adapte gradualmente às condições ambientais, algo essencial para aeroportos em locais com clima extremo.
Enquanto muitos projetos internacionais usam cimento de sulfoaluminato de cálcio, que endurece rapidamente, o time chinês preferiu utilizar cimento comum. A escolha visa oferecer uma opção mais barata e durável, ideal para aeroportos menores.
“O cimento de sulfoaluminato endurece rápido e facilita a moldagem, mas seu custo é alto e ele tende a se degradar com o tempo”, disse Fang. “Nosso foco é algo mais acessível e resistente.”
Tecnologia já está em operação
O sistema de concreto marshmallow já foi instalado em 14 aeroportos na China. Um dos principais testes aconteceu na cidade de Nyingchi, na região de Xizang (Tibete).
Após um ano de monitoramento, o material apresentou variação de apenas 3% em seu desempenho — abaixo do limite de 10% estipulado na fase de projeto.
“O desempenho se manteve estável ao longo do ano, com apenas 3% de flutuação, muito abaixo do limite de 10% definido no projeto”, destacou Fang.
Com custo reduzido, alta durabilidade e a capacidade de salvar vidas em emergências, o concreto marshmallow tem potencial para se tornar padrão em aeroportos do mundo inteiro.