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Tecnologia avançada no transporte marítimo captura CO2 dos navios e o converte em sais inofensivos, armazenando carbono de forma segura por até 100 mil anos

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 31/08/2024 às 10:02
transporte marítimo - carbono - co2 - sustentável - naval - navios
Tecnologia avançada no transporte marítimo captura CO2 dos navios, convertendo-o em bicarbonato seguro para o oceano

Tecnologia avançada no transporte marítimo captura CO2 dos navios, convertendo-o em bicarbonato seguro para o oceano

A startup Calcarea, uma spin-off do prestigiado Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e da Universidade do Sul da Califórnia (USC), está na vanguarda da inovação sustentável com o desenvolvimento de um reator revolucionário. Este reator é capaz de transformar dióxido de carbono (CO2) emitido pelos motores dos navios em um sal inofensivo, abrindo novas possibilidades para reduzir significativamente as emissões de CO2 no setor marítimo. Este avanço pode ser crucial para que a indústria naval atinja a ambiciosa meta de neutralidade carbônica até 2050.

Uma solução sustentável para o futuro do transporte marítimo

A tecnologia desenvolvida pela Calcarea oferece uma solução promissora para um dos maiores desafios ambientais da atualidade: a captura e armazenamento de carbono. O reator converte as emissões de CO2 em sais de bicarbonato, capazes de armazenar carbono de forma segura por até 100 mil anos. Esse processo é inspirado em uma reação natural que ocorre nos oceanos, mas que a tecnologia da Calcarea consegue acelerar para acontecer em apenas minutos, em vez de milhares de anos.

De acordo com Jess Adkins, oceanógrafa química da Caltech e cofundadora da Calcarea, “este é um processo que o planeta vem realizando há bilhões de anos. Ao acelerá-lo, podemos criar uma maneira segura e permanente de armazenar CO2.” Esse avanço pode ser um fator determinante para que a Organização Marítima Internacional (IMO) e a indústria naval como um todo alcancem seus objetivos de sustentabilidade, estabelecendo um novo padrão para a captura de carbono no setor.

De dióxido de carbono a sais naturais: o processo inovador da Calcarea

O princípio por trás da tecnologia da Calcarea é simples, mas poderoso. A água do mar naturalmente absorve cerca de um terço do CO2 liberado na atmosfera, o que leva ao aumento da acidez dos oceanos e à dissolução do carbonato de cálcio, um componente vital para a formação de corais, conchas e sedimentos marinhos. Atualmente, os oceanos contêm aproximadamente 38 mil gigatoneladas (38 bilhões de toneladas) de bicarbonato.

Dentro do reator da Calcarea, que é instalado no casco dos navios, os gases de exaustão são misturados com água do mar e calcário, uma rocha rica em carbonato de cálcio. Essa mistura desencadeia uma reação química que converte o CO2 em sais de bicarbonato, resultando em água salina. O que é realmente impressionante é que esse processo, que normalmente levaria mais de 10 mil anos em condições naturais, é concluído em cerca de um minuto nos reatores da Calcarea. A água salina produzida pode ser devolvida ao oceano sem qualquer impacto negativo na vida marinha ou no equilíbrio químico das águas.

O impacto futuro da descarbonização no setor do transporte marítimo

Além de sua função principal de captura de CO2, a Calcarea está explorando a integração de um pré-filtro em seus sistemas. Este componente adicional seria responsável por remover outros contaminantes presentes nos gases de exaustão dos navios, como partículas e resíduos de combustíveis não queimados, antes que a água seja devolvida ao oceano. Isso não só melhora a eficiência da captura de carbono, mas também eleva a qualidade da água liberada.

Até o momento, a Calcarea construiu dois protótipos de seus reatores: um localizado no estacionamento da USC e outro no porto de Los Angeles. Em maio passado, a empresa anunciou uma colaboração com o braço de pesquisa e desenvolvimento da Lomar, uma renomada companhia marítima internacional. Essa parceria pode levar à instalação do primeiro reator em escala real a bordo de um navio, representando um passo importante em direção à descarbonização da indústria naval.

Jess Adkins está confiante de que essa tecnologia permitirá que os navios concorram com as soluções tradicionais de armazenamento subterrâneo de CO2. Ele afirma que “navios projetados especificamente para coletar CO2 e calcário em um porto, e depois realizar a reação no mar, serão máquinas dedicadas a armazenar carbono de forma eficiente e segura no oceano, sob a forma de bicarbonato”.

Implicações e oportunidades para um futuro mais sustentável

A implementação em larga escala da tecnologia da Calcarea poderia transformar radicalmente o setor naval, tornando-o um líder global em práticas sustentáveis. Além de contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas, essa inovação pode estabelecer um novo padrão na captura e armazenamento de carbono, incentivando outras indústrias a seguirem o mesmo caminho.

Em um mundo onde a sustentabilidade é cada vez mais uma prioridade, tecnologias como a da Calcarea se tornam essenciais para encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. A captura de carbono no setor naval não é apenas uma possibilidade – é uma realidade necessária para garantir um futuro saudável e sustentável para nosso planeta. Com essa tecnologia, a Calcarea está pavimentando o caminho para um transporte marítimo global mais limpo e responsável.

Mais informações: calcarea.com

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Noel Budeguer

De nacionalidade argentina, sou redator de notícias e especialista na área. Abordo temas como ciência, petróleo, gás, tecnologia, indústria automotiva, energias renováveis e todas as tendências no mercado de trabalho.

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