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Técnica usa sal fundido para criar partículas mais estáveis, sem níquel ou cobalto, e pode viabilizar bateria de íons mais limpas e acessíveis

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 14/07/2025 às 15:31
bateria de íons
Foto: Reprodução
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Um novo método desenvolvido por cientistas da Universidade McGill pode transformar a forma como baterias de íons de lítio são produzidas. Com ele, elimina-se a necessidade de metais como níquel e cobalto, tornando as baterias mais limpas, baratas e sustentáveis. O processo facilita a produção em massa com desempenho superior.

Pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, em parceria com instituições dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, apresentaram um novo método para produzir materiais de bateria de íons de lítio de alto desempenho.

A técnica promete substituir metais como níquel e cobalto, que são caros e difíceis de obter, por uma alternativa mais limpa e barata.

O grupo conseguiu desenvolver uma forma mais eficiente de fabricar partículas catódicas chamadas de “sal-gema desordenado” (DRX).

Até então, essas partículas apresentavam problemas de estabilidade e variavam de tamanho, o que dificultava sua aplicação na indústria de baterias.

O novo método permite a produção de partículas de tamanho uniforme e altamente cristalinas, eliminando a necessidade de processos adicionais como moagem.

Com isso, os pesquisadores acreditam que será possível aplicar os materiais DRX em larga escala em baterias de veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia renovável.

Partículas altamente controladas

O avanço está em um processo de sal fundido realizado em duas etapas. Primeiro, a técnica promove a nucleação, isto é, a formação de cristais pequenos e uniformes.

Em seguida, o crescimento dessas partículas é controlado para impedir que se tornem grandes ou irregulares.

Com isso, os pesquisadores conseguiram sintetizar partículas com menos de 200 nanômetros. Esse tamanho é considerado ideal para melhorar o desempenho das baterias de íons de lítio.

Desenvolvemos o primeiro método para sintetizar diretamente partículas individuais de DRX altamente cristalinas e uniformemente dispersas, sem a necessidade de moagem pós-síntese”, explicou Jinhyuk Lee, professor assistente no Departamento de Engenharia de Mineração e Materiais da McGill.

Além de melhorar o desempenho das baterias, esse controle também permite uma produção mais consistente, o que é essencial para aplicações comerciais.

Testes com bons resultados

Ao testar os materiais em células de bateria, os pesquisadores observaram que as novas partículas mantiveram 85% de sua capacidade após 100 ciclos de carga e descarga. Isso representa mais que o dobro do desempenho obtido com os métodos antigos de produção de DRX.

Esse resultado fortalece a expectativa de que a nova abordagem possa ser adotada por fabricantes que buscam soluções mais sustentáveis e eficientes.

Colaboração internacional

O estudo foi realizado com o apoio de pesquisadores do Laboratório Nacional de Aceleradores SLAC da Universidade Stanford e do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST).

Além disso, a empresa americana Wildcat Discovery Technologies, especializada em baterias, também colaborou com a pesquisa.

A participação da Wildcat mostra que há interesse comercial em escalar a produção de cátodos DRX para uso industrial. Segundo os autores, a nova técnica pode tornar a produção de baterias mais viável do ponto de vista energético e financeiro.

Hoda Ahmed, doutorando e autor principal do estudo, afirma que a aceitação do método demonstra tanto o potencial científico quanto o interesse da indústria. “Isso impulsiona o campo rumo à manufatura escalável”, destacou.

Um passo para a próxima geração

Com a nova estratégia de síntese, os pesquisadores acreditam que estão abrindo caminho para a próxima geração de baterias de íons de lítio. Essas baterias seriam mais sustentáveis, acessíveis e fáceis de produzir em grande escala.

O artigo com os resultados da pesquisa foi publicado na revista científica Nature Communications com o título “Síntese desordenada de cátodos de íons de lítio de sal-gema promotora de nucleação e limitadora de crescimento”. Ele foi assinado por Hoda Ahmed, Moohyun Woo, Raynald Gauvin, George Demopoulos, Jinhyuk Lee e colaboradores.

Esse avanço representa um passo importante na busca por soluções tecnológicas que apoiem a transição para fontes de energia mais limpas.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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