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Tchau, Brasil? Embraer analisa fabricar seu cargueiro militar (KC-390) nos EUA e o objetivo é claro: fugir dos impostos

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 29/07/2025 às 17:22
Embraer pode transferir produção do KC-390 para os EUA e driblar tarifas de importação, impactando empregos e o setor aeronáutico global.
Embraer pode transferir produção do KC-390 para os EUA e driblar tarifas de importação, impactando empregos e o setor aeronáutico global.
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Embraer considera transferir a produção do KC-390 para os Estados Unidos, avaliando estratégias para contornar tarifas e manter presença em um dos maiores mercados do setor aeronáutico. Decisão pode impactar empregos e cadeia produtiva global da empresa.

A Embraer, referência global na indústria aeronáutica, avalia transferir parte da produção do cargueiro militar KC-390 para os Estados Unidos, em resposta à escalada de tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros.

Conforme noticiado nesta terça-feira (29) pelo site InvestNews, a decisão tem como principal objetivo driblar o aumento dos custos tributários e proteger a competitividade da empresa em um dos mercados mais estratégicos do mundo, o que pode marcar uma inflexão relevante nas estratégias industriais da fabricante brasileira.

Tarifas nos Estados Unidos pressionam Embraer

O anúncio da tarifa de 50% para produtos brasileiros, feito pelo presidente Donald Trump, acendeu o alerta entre investidores, empresários e especialistas do setor.

A Embraer logo foi identificada como uma das companhias mais expostas aos impactos da nova medida, já que cerca de 30% da receita de exportações da companhia vem dos Estados Unidos.

Quando somadas as operações locais, o mercado americano chega a representar mais da metade do faturamento da Embraer.

Em entrevista concedida ao site InvestNews, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirmou que o efeito de uma tarifa tão elevada seria semelhante ao impacto da pandemia de Covid-19 sobre a companhia em 2020.

Naquela ocasião, a produção de aeronaves comerciais caiu de cem para cinquenta unidades anuais.

A Embraer ainda teve que lidar com a desistência da Boeing em adquirir sua divisão comercial, aprofundando a crise no setor aeronáutico global.

Jato regional Embraer E-175 é destaque nas operações nos Estados Unidos e lidera o mercado de voos regionais. (Imagem: divulgação)
Jato regional Embraer E-175 é destaque nas operações nos Estados Unidos e lidera o mercado de voos regionais. (Imagem: divulgação)

Estratégias de produção e empregos em risco

Atualmente, a Embraer mantém fábricas nos Estados Unidos, sendo o principal produto o jato regional E-175, produzido originalmente em São José dos Campos, São Paulo.

O site InvestNews detalhou que, diante da manutenção das tarifas elevadas, há a possibilidade concreta de cancelamento de parte significativa das encomendas, o que obrigaria a companhia a rever seus planos de produção e considerar uma redução de até 20% no quadro de funcionários.

Antes da crise tarifária, a expectativa da Embraer era ampliar seu faturamento em mais de 50% nos próximos cinco anos, atingindo US$ 10 bilhões, mas esse cenário agora está sob forte incerteza.

Apesar do contexto desfavorável, Francisco Gomes Neto declarou, em entrevista ao InvestNews, que ainda mantém esperança de uma solução negociada, ressaltando a importância econômica da Embraer tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos.

O executivo intensificou as reuniões com autoridades dos dois países e com parceiros estratégicos, como fornecedores e companhias aéreas.

Conforme destacou o site, o CEO tem recebido retornos positivos de interlocutores em ambos os lados.

Parcerias estratégicas e relevância global

Na divulgação dos resultados do segundo trimestre, Robert D. Isom, CEO da American Airlines — maior operadora mundial de aeronaves E-175 —, manifestou apoio à Embraer e disponibilidade para participar das negociações.

Segundo o InvestNews, Isom enfatizou o valor estratégico da parceria e a importância do E-175 para a aviação regional americana. A Embraer opera com uma cadeia de suprimentos internacionalizada.

O E-175, por exemplo, utiliza motores fabricados nos Estados Unidos, além de componentes vindos da Alemanha, França, Espanha e Japão.

Essa integração global é um dos fatores que sustentam, há quase cinquenta anos, a isenção tarifária para o setor aéreo mundial. O jornal também apontou que o novo cenário de tarifas ameaça romper com essa tradição histórica.

Impactos financeiros e negociações internacionais

Segundo o InvestNews, desde abril, a Embraer já enfrentava uma alíquota de 10% sobre produtos brasileiros, considerada administrável pela empresa e pelo mercado.

A companhia conseguiu equacionar o impacto, que foi de 0,9 ponto percentual na margem Ebitda.

No entanto, a iminência da tarifa de 50% representa um risco de ordem totalmente diferente, com potenciais reflexos estruturais e financeiros para a Embraer.

De acordo com apuração do InvestNews, Francisco Gomes Neto acredita que a solução pode passar por negociações semelhantes às realizadas entre Estados Unidos e Reino Unido, quando compromissos mútuos de compra geraram benefícios tarifários.

O executivo avalia que a racionalidade econômica deve prevalecer para evitar prejuízos não apenas à Embraer, mas também ao próprio mercado norte-americano.

Cargueiro militar KC-390 representa a aposta da Embraer para ampliar sua presença internacional e atender novas demandas globais. (Imagem: divulgação)
Cargueiro militar KC-390 representa a aposta da Embraer para ampliar sua presença internacional e atender novas demandas globais. (Imagem: divulgação)

Mercado norte-americano e liderança da Embraer

O mercado americano é o principal destino dos jatos executivos da Embraer, que detêm 70% das vendas para clientes nos Estados Unidos.

No país, a frota de jatos executivos da empresa já supera 1.100 aeronaves, cerca de 7% do total norte-americano.

Modelos como Phenom e Praetor, montados na Flórida, têm composição relevante de componentes vindos do Brasil e outros países sujeitos a tarifas: 40% no caso do Phenom e 60% no Praetor.

Na aviação comercial, a Embraer também se destaca com quase mil aeronaves em operação, principalmente o E-175, responsável por 88% do mercado de jatos comerciais de pequeno porte.

O InvestNews ressaltou que, devido à “cláusula de escopo” americana, que limita o peso máximo de decolagem em rotas regionais, o E-175 permanece praticamente insubstituível para as companhias aéreas do país.

Presença industrial e cadeia produtiva nos Estados Unidos

A Embraer tem presença industrial e comercial consolidada nos Estados Unidos há 45 anos, com fábricas em Melbourne e Jacksonville, além de centros de serviços em estados como Texas, Arizona e Tennessee.

Hoje, a empresa emprega diretamente cerca de 3 mil pessoas em solo americano, além de gerar 10 mil empregos indiretos entre fornecedores e prestadores de serviço.

O valor total de ativos da Embraer nos Estados Unidos já chega a US$ 3 bilhões.

O InvestNews apurou ainda que, do ponto de vista comercial, a relação entre Embraer e Estados Unidos favorece o mercado americano: a fabricante brasileira prevê a compra de mais de US$ 20 bilhões em componentes nos próximos cinco anos, enquanto as exportações para os Estados Unidos devem somar US$ 13 bilhões no período.

Esses dados reforçam os argumentos da Embraer para tentar excluir aeronaves e peças do escopo tarifário.

Expansão da produção do KC-390 nos EUA

Outra possibilidade em análise, conforme informações do InvestNews, é a ampliação da produção do cargueiro militar KC-390 nos Estados Unidos.

O modelo, já comercializado para mais de 40 forças aéreas ao redor do mundo, pode ser produzido em solo americano caso a demanda, especialmente de países como a Índia, cresça substancialmente.

A empresa avalia que, diante desse cenário, a instalação de novas linhas de montagem nos Estados Unidos seria viável para atender ao mercado e gerar empregos locais.

Futuro incerto e perspectivas para a Embraer

Diante do novo cenário tarifário, o futuro da Embraer permanece incerto, mas a companhia demonstra disposição para adaptar sua estrutura e negociar alternativas, seguindo as rápidas transformações políticas e econômicas do setor.

Você acredita que a produção do KC-390 nos Estados Unidos pode ser a solução para a Embraer superar as tarifas e manter sua liderança no setor aeronáutico?

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Infante
Infante
31/07/2025 00:36

Demorô. Já mudou-se? Ficarás imbatível

Pereira
Pereira
30/07/2025 22:51

É cada M que se escreve! Isso é o teu desejo. Mas aqui é Brasil 💪🏼💪🏼🇧🇷🇧🇷. Já está isenta!

Augusto
Augusto
30/07/2025 22:06

Vixe todo o pessoal dos coments certos e o lambe botinas **** errado. A EMBRAER ja ficou fora do Tarifaço. Gavião Peixoto rules!

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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