Embraer considera transferir a produção do KC-390 para os Estados Unidos, avaliando estratégias para contornar tarifas e manter presença em um dos maiores mercados do setor aeronáutico. Decisão pode impactar empregos e cadeia produtiva global da empresa.
A Embraer, referência global na indústria aeronáutica, avalia transferir parte da produção do cargueiro militar KC-390 para os Estados Unidos, em resposta à escalada de tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros.
Conforme noticiado nesta terça-feira (29) pelo site InvestNews, a decisão tem como principal objetivo driblar o aumento dos custos tributários e proteger a competitividade da empresa em um dos mercados mais estratégicos do mundo, o que pode marcar uma inflexão relevante nas estratégias industriais da fabricante brasileira.
Tarifas nos Estados Unidos pressionam Embraer
O anúncio da tarifa de 50% para produtos brasileiros, feito pelo presidente Donald Trump, acendeu o alerta entre investidores, empresários e especialistas do setor.
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A Embraer logo foi identificada como uma das companhias mais expostas aos impactos da nova medida, já que cerca de 30% da receita de exportações da companhia vem dos Estados Unidos.
Quando somadas as operações locais, o mercado americano chega a representar mais da metade do faturamento da Embraer.
Em entrevista concedida ao site InvestNews, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirmou que o efeito de uma tarifa tão elevada seria semelhante ao impacto da pandemia de Covid-19 sobre a companhia em 2020.
Naquela ocasião, a produção de aeronaves comerciais caiu de cem para cinquenta unidades anuais.
A Embraer ainda teve que lidar com a desistência da Boeing em adquirir sua divisão comercial, aprofundando a crise no setor aeronáutico global.
Estratégias de produção e empregos em risco
Atualmente, a Embraer mantém fábricas nos Estados Unidos, sendo o principal produto o jato regional E-175, produzido originalmente em São José dos Campos, São Paulo.
O site InvestNews detalhou que, diante da manutenção das tarifas elevadas, há a possibilidade concreta de cancelamento de parte significativa das encomendas, o que obrigaria a companhia a rever seus planos de produção e considerar uma redução de até 20% no quadro de funcionários.
Antes da crise tarifária, a expectativa da Embraer era ampliar seu faturamento em mais de 50% nos próximos cinco anos, atingindo US$ 10 bilhões, mas esse cenário agora está sob forte incerteza.
Apesar do contexto desfavorável, Francisco Gomes Neto declarou, em entrevista ao InvestNews, que ainda mantém esperança de uma solução negociada, ressaltando a importância econômica da Embraer tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos.
O executivo intensificou as reuniões com autoridades dos dois países e com parceiros estratégicos, como fornecedores e companhias aéreas.
Conforme destacou o site, o CEO tem recebido retornos positivos de interlocutores em ambos os lados.
Parcerias estratégicas e relevância global
Na divulgação dos resultados do segundo trimestre, Robert D. Isom, CEO da American Airlines — maior operadora mundial de aeronaves E-175 —, manifestou apoio à Embraer e disponibilidade para participar das negociações.
Segundo o InvestNews, Isom enfatizou o valor estratégico da parceria e a importância do E-175 para a aviação regional americana. A Embraer opera com uma cadeia de suprimentos internacionalizada.
O E-175, por exemplo, utiliza motores fabricados nos Estados Unidos, além de componentes vindos da Alemanha, França, Espanha e Japão.
Essa integração global é um dos fatores que sustentam, há quase cinquenta anos, a isenção tarifária para o setor aéreo mundial. O jornal também apontou que o novo cenário de tarifas ameaça romper com essa tradição histórica.
Impactos financeiros e negociações internacionais
Segundo o InvestNews, desde abril, a Embraer já enfrentava uma alíquota de 10% sobre produtos brasileiros, considerada administrável pela empresa e pelo mercado.
A companhia conseguiu equacionar o impacto, que foi de 0,9 ponto percentual na margem Ebitda.
No entanto, a iminência da tarifa de 50% representa um risco de ordem totalmente diferente, com potenciais reflexos estruturais e financeiros para a Embraer.
De acordo com apuração do InvestNews, Francisco Gomes Neto acredita que a solução pode passar por negociações semelhantes às realizadas entre Estados Unidos e Reino Unido, quando compromissos mútuos de compra geraram benefícios tarifários.
O executivo avalia que a racionalidade econômica deve prevalecer para evitar prejuízos não apenas à Embraer, mas também ao próprio mercado norte-americano.
Mercado norte-americano e liderança da Embraer
O mercado americano é o principal destino dos jatos executivos da Embraer, que detêm 70% das vendas para clientes nos Estados Unidos.
No país, a frota de jatos executivos da empresa já supera 1.100 aeronaves, cerca de 7% do total norte-americano.
Modelos como Phenom e Praetor, montados na Flórida, têm composição relevante de componentes vindos do Brasil e outros países sujeitos a tarifas: 40% no caso do Phenom e 60% no Praetor.
Na aviação comercial, a Embraer também se destaca com quase mil aeronaves em operação, principalmente o E-175, responsável por 88% do mercado de jatos comerciais de pequeno porte.
O InvestNews ressaltou que, devido à “cláusula de escopo” americana, que limita o peso máximo de decolagem em rotas regionais, o E-175 permanece praticamente insubstituível para as companhias aéreas do país.
Presença industrial e cadeia produtiva nos Estados Unidos
A Embraer tem presença industrial e comercial consolidada nos Estados Unidos há 45 anos, com fábricas em Melbourne e Jacksonville, além de centros de serviços em estados como Texas, Arizona e Tennessee.
Hoje, a empresa emprega diretamente cerca de 3 mil pessoas em solo americano, além de gerar 10 mil empregos indiretos entre fornecedores e prestadores de serviço.
O valor total de ativos da Embraer nos Estados Unidos já chega a US$ 3 bilhões.
O InvestNews apurou ainda que, do ponto de vista comercial, a relação entre Embraer e Estados Unidos favorece o mercado americano: a fabricante brasileira prevê a compra de mais de US$ 20 bilhões em componentes nos próximos cinco anos, enquanto as exportações para os Estados Unidos devem somar US$ 13 bilhões no período.
Esses dados reforçam os argumentos da Embraer para tentar excluir aeronaves e peças do escopo tarifário.
Expansão da produção do KC-390 nos EUA
Outra possibilidade em análise, conforme informações do InvestNews, é a ampliação da produção do cargueiro militar KC-390 nos Estados Unidos.
O modelo, já comercializado para mais de 40 forças aéreas ao redor do mundo, pode ser produzido em solo americano caso a demanda, especialmente de países como a Índia, cresça substancialmente.
A empresa avalia que, diante desse cenário, a instalação de novas linhas de montagem nos Estados Unidos seria viável para atender ao mercado e gerar empregos locais.
Futuro incerto e perspectivas para a Embraer
Diante do novo cenário tarifário, o futuro da Embraer permanece incerto, mas a companhia demonstra disposição para adaptar sua estrutura e negociar alternativas, seguindo as rápidas transformações políticas e econômicas do setor.
Você acredita que a produção do KC-390 nos Estados Unidos pode ser a solução para a Embraer superar as tarifas e manter sua liderança no setor aeronáutico?
Demorô. Já mudou-se? Ficarás imbatível
É cada M que se escreve! Isso é o teu desejo. Mas aqui é Brasil 💪🏼💪🏼🇧🇷🇧🇷. Já está isenta!
Vixe todo o pessoal dos coments certos e o lambe botinas **** errado. A EMBRAER ja ficou fora do Tarifaço. Gavião Peixoto rules!