Setor automotivo vira o novo alvo das tarifas de Trump e pode sofrer aumentos de até US$ 10 mil nos EUA
Com a sutileza de um trator em marcha ré, Donald Trump voltou a sacudir a economia global. Desta vez, o setor automotivo foi escolhido como o novo epicentro de sua estratégia econômica: o ex-presidente e pré-candidato republicano anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre todos os carros importados — além de uma longa lista de componentes essenciais usados na indústria automotiva. Para os consumidores, isso pode significar um aumento de até US$10 mil no valor de um carro nos Estados Unidos. Para o resto do mundo? Mais um capítulo turbulento na já extensa novela da guerra comercial americana.
A medida, segundo Trump, tem como objetivo direto reduzir o déficit comercial dos EUA e impulsionar a indústria nacional, com uma estimativa de arrecadação que gira em torno de US$100 bilhões por ano. Mas, como sempre, entre a teoria e a prática há um abismo — e desta vez, ele está pavimentado com aço importado, chips da Ásia e muito descontentamento internacional.
As novas tarifas de Trump e o impacto direto no setor automotivo
A decisão de aplicar tarifas de Trump sobre o setor automotivo reacende o protecionismo comercial que marcou seu primeiro mandato. Com as eleições se aproximando, Trump aposta novamente em medidas de apelo nacionalista, buscando agradar trabalhadores industriais e sindicatos de regiões-chave, como Michigan e Ohio.
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Segundo ele, ao taxar veículos estrangeiros, os EUA estarão incentivando a produção doméstica, protegendo empregos e tornando a economia americana menos dependente de países como China, México e Alemanha. O plano parece simples no papel: carros feitos nos EUA, por americanos, para americanos. Mas a realidade da cadeia automotiva atual é bem mais complexa.
Mesmo veículos “made in USA” costumam ter, em média, 60% de suas peças vindas do exterior. Motores do Japão, semicondutores da Coreia, baterias da China — tudo isso cruza oceanos antes de se transformar em um sedã americano. As tarifas, portanto, acabam encarecendo toda a cadeia, e não apenas os veículos importados prontos.
O efeito imediato: alta nos preços e queda nas ações
A resposta do mercado foi imediata — e negativa. As ações de grandes montadoras caíram globalmente, puxadas pela previsão de queda na demanda e aumento nos custos de produção. Fabricantes como Ford, General Motors, Toyota, BMW e Stellantis registraram perdas em suas bolsas de origem. Investidores temem que os novos custos não consigam ser repassados integralmente aos consumidores, o que pode pressionar margens e frear investimentos em inovação.
Para o consumidor final, a conta é ainda mais direta. Analistas estimam que o aumento médio no preço de um carro novo pode chegar a US$ 10 mil, especialmente em modelos que dependem fortemente de peças estrangeiras. Em um país onde o financiamento automotivo já está sob pressão por conta dos juros elevados, esse salto de preço pode gerar um recuo expressivo nas vendas.
Uma indústria global com peças cruzando fronteiras
O setor automotivo é, talvez, o melhor exemplo de uma cadeia de valor global. Um carro moderno pode envolver mais de 30 mil componentes, vindos de diversos países e montados em diferentes etapas. As tarifas impostas por Trump impactam diretamente essa engrenagem, tornando a operação logística mais cara, lenta e burocrática.
Montadoras que investiram em fábricas nos EUA, mas mantêm sua cadeia de suprimentos fora do país, agora terão que repensar sua estratégia — ou absorver os custos. Isso inclui empresas como a Tesla, que apesar de ter grande produção doméstica, ainda depende de insumos chineses e coreanos, especialmente para veículos elétricos.
O tabuleiro geopolítico: retaliações à vista
Como era de se esperar, a decisão gerou reações imediatas no cenário internacional. O Japão e o Canadá já ameaçaram impor tarifas retaliatórias sobre produtos americanos, enquanto França e Alemanha pressionam a União Europeia por uma resposta coordenada. O temor é de que isso escale para uma nova guerra comercial em pleno 2025, com impactos significativos sobre cadeias de suprimentos globais.
Além disso, há preocupação com os reflexos no Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), que prevê isenções tarifárias para uma parcela da produção conjunta entre os países. As novas medidas de Trump podem ser vistas como violação dos termos — e abrir disputas legais na OMC.
O futuro da indústria automotiva sob as tarifas de Trump
Apesar da turbulência, Trump acredita que a medida será benéfica a longo prazo. O discurso é de fortalecimento da indústria americana e geração de empregos. Mas os números recentes indicam que o mundo automotivo está mudando — e rápido. Em 2024, a BYD, gigante chinesa dos carros elétricos, ultrapassou a Tesla em faturamento, com US$ 107 bilhões contra US$ 98 bilhões da rival americana. Ou seja, mesmo com medidas protecionistas, a concorrência global não está recuando.
O desafio para os EUA será equilibrar protecionismo e inovação. Se por um lado as tarifas de Trump visam proteger o chão de fábrica americano, por outro podem sufocar empresas que precisam competir com gigantes altamente eficientes, como as chinesas. No fim das contas, o setor automotivo pode acabar se tornando o campo de batalha final entre nacionalismo econômico e globalização.
Seja você um investidor, consumidor ou entusiasta de carros, uma coisa é certa: as tarifas de Trump colocaram o setor automotivo no centro da disputa comercial global. E os desdobramentos ainda estão só começando.
Fonte: thenews
Esse Trump acha que pode montar um novo império romano. Se acha muito poderoso, o dono do mundo mas, está redondamente enganado pois, está desafiando o resto do mundo com essa guerra comercial e logo vai arcar com as consequências pelas suas inconsequencias totalmente ilogicas.