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Tarifaço de Trump deixa alguns ‘brasileiros felizes’; pesquisa mostra queda no preço da carne e do café no Brasil: frango cai 5,7%, café 4,6% e suínos 1,3% no varejo após sobretaxa de 50% às exportações

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 01/09/2025 às 14:03
Sobretaxa de Trump reduz preços no Brasil. Frango, café e carnes caem no varejo após tarifa de 50% às exportações brasileiras.
Sobretaxa de Trump reduz preços no Brasil. Frango, café e carnes caem no varejo após tarifa de 50% às exportações brasileiras.
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Sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos reduziu preços de frango, café e carnes no Brasil em menos de um mês, segundo levantamento divulgado pela CNN Brasil nesta segunda-feira (1º). Pescados destoaram e registraram alta no período.

Menos de um mês após a sobretaxa de 50% às exportações brasileiras entrar em vigor em 6 de agosto, preços de itens sensíveis caíram nas gôndolas do país.

Levantamento da Scanntech, divulgado pela CNN Brasil nesta segunda-feira (1º), aponta recuo no varejo entre julho e agosto em quatro categorias: frango (-5,7%), café (-4,6%), suínos (-1,3%) e bovinos (-0,8%).

Pescados foram a única exceção, com alta de 2% no período. A variação foi medida a partir de 13,5 bilhões de tíquetes de compra analisados em mais de 60 mil pontos de venda.

Os preços médios praticados no intervalo ficaram em R$ 17,33/kg para o frango, R$ 76,40/kg para o café, R$ 23,05/kg para a carne suína e R$ 34,58/kg para a carne bovina. No caso dos pescados, o valor médio observado foi de R$ 34,43/kg.

Sobretaxa de Trump reduz preços no Brasil. Frango, café e carnes caem no varejo após tarifa de 50% às exportações brasileiras.

Queda já aparece nas gôndolas

Os dados indicam que a correção de preços chegou rapidamente ao varejo. Ainda que a magnitude seja distinta entre as categorias, a direção é a mesma para as proteínas de frango, suíno e bovina, além do café.

Na prática, o consumidor encontra reduções mais visíveis no frango e no café, enquanto a queda é mais moderada em suínos e bovinos. No mesmo período, pescados destoaram.

A variação positiva de 2% sugere dinâmica específica do segmento, que não acompanhou o alívio observado nas demais proteínas.

O levantamento, detalhado pela CNN Brasil, não traz informações adicionais sobre os fatores desse movimento.

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Sobretaxa de Trump reduz preços no Brasil. Frango, café e carnes caem no varejo após tarifa de 50% às exportações brasileiras.

Como a tarifa redesenhou oferta e preços

Com a medida adotada pelos Estados Unidos a partir de 6 de agosto, setores não contemplados por isenções interromperam embarques para o mercado norte-americano.

Quando a exportação encolhe de forma abrupta, dois caminhos se abrem: buscar novos destinos — a indústria de carne, por exemplo, tem direcionado volumes ao México — ou manter a produção no país, disputando espaço nas prateleiras com marcas focadas no mercado interno.

Esse redirecionamento eleva a oferta doméstica.

Sem mudança equivalente na demanda, a queda de preços tende a aparecer, em linha com a lógica básica de mercado.

Segundo a Scanntech, a compressão de valores já foi captada em milhões de compras registradas entre julho e agosto, período imediatamente anterior e posterior à entrada em vigor da sobretaxa.

Voz do mercado

Para Thomaz Machado, CEO da Scanntech, a conexão entre o novo cenário comercial e os preços ao consumidor é direta.

O aumento da oferta interna começa a pressionar os preços no varejo brasileiro. O consumidor sente alívio no curto prazo, mas isso gera uma preocupação em cadeia para produtores e indústrias”, afirmou à CNN Brasil.

A avaliação reforça que a etapa atual é de repasse de oferta, com efeitos positivos para o bolso do consumidor e pressão sobre margens ao longo da cadeia.

O que pesa em cada cesta

No frango, a queda de 5,7% foi a mais acentuada entre os itens avaliados.

O produto é um dos mais sensíveis a variações de oferta e costuma responder com rapidez a mudanças no escoamento externo.

No café, o recuo de 4,6% aparece em linha com a redução de envios ao mercado norte-americano e com a necessidade de reencaixe de grãos no mercado interno.

A carne suína registrou baixa de 1,3%, movimento moderado. A carne bovina cedeu 0,8%.

Em ambos os casos, o ajuste tende a ser mais lento em razão de calendários produtivos, contratos e composição de custos. Já os pescados ficaram 2% mais caros, destoando do conjunto.

Sobretaxa de Trump reduz preços no Brasil. Frango, café e carnes caem no varejo após tarifa de 50% às exportações brasileiras.

Impactos para a cadeia produtiva

Embora o barateamento alivie o orçamento das famílias, a indústria e o campo enfrentam um quadro mais desafiador.

Com estoques maiores e espaço reduzido para exportar, frigoríficos, cooperativas e torrefadoras precisam recalibrar produção, renegociar contratos e buscar novos mercados.

O processo pode envolver custos adicionais de logística, certificações e adaptação a exigências sanitárias e tarifárias de cada destino.

Essa redistribuição de fluxos, ainda que necessária, não se dá de imediato.

Enquanto isso, preços domésticos mais baixos comprimem margens e podem adiar investimentos, sobretudo em segmentos com maior ciclo produtivo, como a pecuária de corte.

O resultado é um equilíbrio delicado entre o ganho do consumidor e a sustentabilidade da cadeia.

Estratégia de reversão: negociação em Washington

Setores diretamente atingidos, como café e carne, mantêm a negociação com os Estados Unidos como estratégia central para mitigar o tarifaço.

O Cecafé, que representa os exportadores de café, tem trabalhado junto à indústria cafeeira norte-americana e ao Departamento de Estado para buscar isenção ao produto brasileiro.

A aposta é reduzir o custo de entrada e preservar a participação do Brasil em um mercado relevante. Na carne bovina, a avaliação é semelhante.

Em entrevista ao CNN Money, braço econômico da CNN Brasil, Roberto Perosa, presidente da Abiec, afirmou que o setor defende a continuidade das tratativas do governo brasileiro com a administração de Donald Trump para normalizar o fluxo comercial.

O objetivo é reabrir espaço para as exportações, evitando distorções prolongadas no mercado interno.

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Sobretaxa de Trump reduz preços no Brasil. Frango, café e carnes caem no varejo após tarifa de 50% às exportações brasileiras.

Redirecionamento e prioridades

Enquanto as conversas avançam, empresas reorganizam destinos e priorizam mercados com barreiras menores ou acordos vigentes.

O México surge como alternativa para parte dos embarques de carne, reduzindo o impacto da tarifa norte-americana.

Outras origens também podem absorver volumes, mas a acomodação depende de preços competitivos, câmbio e logística.

No café, exportadores ajustam contratos e avaliam mix de destinos para compensar a perda de margem no acesso aos EUA.

A manutenção de qualidade e a reputação do grão brasileiro seguem como trunfos, mas a viabilidade depende do custo total até o comprador final.

O que acompanhar nas próximas semanas

Os próximos indicadores devem mostrar se a queda de preços observada entre julho e agosto se manterá.

Fatores como estoques, câmbio, demanda interna e avanço das negociações tendem a determinar o fôlego do movimento.

Em paralelo, mudanças na lista de exceções tarifárias ou novos canais de escoamento podem acelerar o reequilíbrio entre oferta e consumo no país.

Você já percebeu diferença no preço de frango, café ou carnes no seu supermercado desde o início da sobretaxa norte-americana?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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