O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o gesto de Donald Trump ao presidente Lula, na ONU, pode ser o primeiro passo para reduzir as tarifas de 50% impostas contra exportações brasileiras.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (26) que o gesto do presidente Donald Trump, ao cumprimentar o presidente Lula na Assembleia Geral da ONU, representa um “primeiro passo” para superar o impasse gerado pelo Tarifaço de 50% imposto ao Brasil.
Em participação no IV Encontro Anual do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, em São Paulo, Alckmin ressaltou que o governo brasileiro está empenhado em “dar os passos subsequentes” para buscar um acordo que reduza as tarifas de 50% aplicadas contra diversos produtos nacionais.
Segundo ele, o esforço agora é transformar o gesto inicial em medidas práticas que aliviem os prejuízos da indústria e do agronegócio brasileiros.
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Esforço por acordo com os Estados Unidos
Alckmin disse que o objetivo imediato é correr atrás de uma solução para o tarifaço.
Ele destacou o encontro entre Lula e Trump em Nova York, ainda que breve, como um sinal de abertura para negociações. A expectativa dentro do governo é que os presidentes voltem a se falar em breve, provavelmente por telefone ou videoconferência.
Durante o evento no Insper, o vice-presidente afirmou que as tarifas atingem setores estratégicos da economia, incluindo máquinas rodoviárias, máquinas agrícolas, motores, carnes, café, pescado e frutas. Ele enfatizou que o governo trabalha para retirar o maior número possível de produtos da lista e reduzir a alíquota imposta.
Papel do empresariado e da diplomacia
Antes do encontro em São Paulo, Alckmin participou da inauguração de um hangar da Latam, em São Carlos. No evento, ele ressaltou que o empresariado brasileiro teve papel importante na aproximação com Trump.
“O presidente Lula sempre defendeu o diálogo e a negociação. Essa sempre foi a postura do Brasil. O empresariado brasileiro ajudou”, afirmou.
Para ele, essa participação foi essencial para que os Estados Unidos dessem o primeiro passo no sentido de rever a política tarifária.
Alckmin também afirmou que a relação comercial entre os dois países deve ser entendida como de benefício mútuo. “Foi dado um passo importante. Agora, vamos ter os novos passos para a gente poder avançar ainda mais e fazer o ganha-ganha, que é o que deve ser comércio exterior”, declarou.
Superávit e importância estratégica
O vice-presidente lembrou que o Brasil representa uma oportunidade para os Estados Unidos, não um problema. Ele apresentou dados da balança comercial para reforçar esse argumento: entre os países do G20, os norte-americanos têm superávit apenas com Reino Unido, Austrália e Brasil.
“Não faz sentido o tarifaço”, disse Alckmin. Ele também destacou que os Estados Unidos são compradores relevantes de produtos de maior valor agregado, como aviões, automóveis, máquinas e motores.
Apesar da importância, o vice-presidente lembrou que o Brasil reduziu sua dependência dos norte-americanos ao longo das décadas. Nos anos 1980, 24% das exportações brasileiras tinham como destino os EUA. Hoje, essa participação está em 12%, o que indica uma pauta mais diversificada.
Estratégias para minimizar impactos
Alckmin destacou que o governo adota medidas para reduzir os efeitos negativos do tarifaço. Entre elas, estão a liberação de crédito via BNDES para ajudar empresas a buscar novos mercados, a postergação de tributos e as compras governamentais de produtos mais impactados.
Ele reforçou que, embora o mercado interno possa absorver parte da produção, principalmente de alimentos, não será capaz de atender ao volume de produtos industriais, como maquinário. Por isso, a diversificação dos mercados externos é essencial, especialmente em países populosos que oferecem oportunidades de expansão.
Disputa na Suprema Corte dos EUA
Outro ponto citado por Alckmin é a contestação judicial do tarifaço por empresas norte-americanas. Ele lembrou que companhias dos Estados Unidos entraram na Justiça contra a medida e que a decisão final caberá à Suprema Corte.
Enquanto o processo tramita, o governo brasileiro busca alternativas para manter a competitividade dos produtos nacionais. “A estratégia é correr para resolver a questão e tentar ganhar mercado”, disse o vice-presidente.
Caminho adiante
Alckmin concluiu suas declarações reforçando que o governo seguirá atuando em duas frentes: fortalecer o mercado interno e ampliar a diversificação no comércio exterior.
Para ele, o aceno de Trump abre espaço para que Brasil e Estados Unidos avancem em uma relação mais equilibrada e mutuamente vantajosa.
“O Brasil tem tarifa zero para produtos dos Estados Unidos. O comércio exterior deve ser ganha-ganha. Vamos trabalhar para que seja assim”, afirmou.