1. Início
  2. / Indústria
  3. / Tarifaço atinge o Paraná e indústria fecha fábrica enquanto promove demissões em massa em outra unidade
Localização PR Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Tarifaço atinge o Paraná e indústria fecha fábrica enquanto promove demissões em massa em outra unidade

Publicado em 21/08/2025 às 08:26
Millpar, tarifaço, Estados Unidos, Madeira
Unidade de Millpar em Guarapuava (PR) — Foto: Millpar/Divulgação
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Millpar anuncia fechamento de planta em Quedas do Iguaçu e demissões em Guarapuava após tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre exportações brasileiras

A indústria Millpar, produtora de itens à base de madeira, anunciou nesta terça-feira (19) que vai encerrar as atividades da planta localizada em Quedas do Iguaçu, no Paraná. A decisão foi acompanhada por uma demissão em massa na unidade de Guarapuava, considerada a principal operação da empresa no estado.

O comunicado foi feito primeiramente aos funcionários e depois encaminhado à imprensa. A empresa atribuiu as medidas ao impacto direto da tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Demissões e fechamento de unidade

Segundo informações da própria Millpar, o quadro total de funcionários nas duas cidades era de aproximadamente 1,1 mil pessoas. No entanto, a assessoria da empresa preferiu não detalhar o número de demitidos.

O texto oficial reforça que o mercado norte-americano é o principal destino das exportações da companhia. A nova tarifa reduziu a competitividade dos produtos madeireiros, gerando insegurança para toda a cadeia.

Como resultado, houve paralisações nas vendas e suspensão das atividades em Quedas do Iguaçu.

Férias coletivas e cenário adverso

Antes mesmo da medida definitiva, a Millpar já vinha tomando ações emergenciais. Logo após o anúncio do tarifaço, 640 funcionários foram colocados em férias coletivas. Pouco tempo depois, outros 80 trabalhadores também foram afastados.

Com o início da vigência da tarifa, a companhia optou por suspender a produção. No entanto, a permanência desse cenário adverso forçou a direção a realizar cortes e encerrar operações em uma de suas unidades.

Declarações oficiais

No comunicado, a empresa informou que concedeu, além dos direitos legais, benefícios adicionais aos demitidos. Entre eles, auxílio-alimentação temporário, apoio psicológico e suporte para recolocação no mercado.

O CEO da Millpar, Ettore Giacomet Basile, declarou que as decisões foram extremamente difíceis. “Lamentamos muito perder parte de um time de excelentes colaboradores, mas temos de pensar também naqueles que ficam”, disse. Ele ressaltou que as medidas são necessárias para garantir a sustentabilidade do negócio.

Produtos e foco no mercado externo

A Millpar atua na produção de molduras, rodapés, forros, painéis para embalagens, além de componentes para móveis, janelas e escadas.

O foco da empresa é a exportação, com os Estados Unidos representando o maior mercado consumidor.

Esse cenário de forte dependência deixou a indústria vulnerável à mudança repentina na política comercial norte-americana. A tarifa, portanto, impactou de maneira direta a sua estrutura de operação no Paraná.

O tarifaço de Trump

O decreto assinado pelo presidente Donald Trump entrou em vigor no dia 6 de agosto. A medida elevou para 50% a alíquota de importação sobre uma série de produtos brasileiros.

O documento também apresentou uma lista com 700 exceções, favorecendo setores estratégicos como aeronáutico, energético e parte do agronegócio. No entanto, os produtos de madeira fabricados pela Millpar não foram contemplados.

A cobrança extra gerou preocupação entre diversas indústrias paranaenses. Pequenas cidades, em especial, sentiram os efeitos diretos das mudanças porque dependem fortemente da atividade fabril.

Além de Guarapuava e Quedas do Iguaçu, municípios como Jaguariaíva, Telêmaco Borba, Bituruna e Ventania também registraram impactos. Todos fazem parte de um conjunto de localidades onde a produção de madeira e móveis é essencial para a economia local.

Exportações do estado

Dados da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostram que, em 2024, o estado exportou aproximadamente US$ 1,58 bilhão aos Estados Unidos.

Deste montante, cerca de US$ 1,19 bilhão vieram de segmentos como madeira, móveis, carne, café, couro, calçados, papel, celulose, sucos e outros.

Esses setores garantem mais de 380 mil empregos diretos e 240 mil indiretos no estado. Apenas no primeiro semestre de 2025, o Paraná já havia exportado US$ 735 milhões para os norte-americanos.

Medidas de apoio

Para reduzir os efeitos da taxação, o Governo Federal anunciou, em 13 de agosto, a primeira parte de um pacote de medidas.

Entre as ações, estão a criação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões e a flexibilização de impostos.

No âmbito estadual, o governo do Paraná também lançou, em 25 de julho, um conjunto de iniciativas semelhantes.

O pacote prevê linhas de crédito especiais e flexibilizações para tentar reduzir a pressão sobre as empresas.

O setor madeireiro

De acordo com a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), o setor de madeira é estratégico para o estado.

Ele responde por aproximadamente 400 mil empregos, entre trabalhadores florestais e da indústria.

Somente em 2024, o Paraná exportou mais de US$ 627 milhões em produtos florestais, incluindo molduras, painéis compensados, madeira serrada e diferentes tipos de celulose.

No fim de julho, a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) destacou que a maioria dos produtos de madeira ficou fora da lista de exceções do tarifaço.

A entidade informou que, dessa forma, a tarifa adicional de 40% incide sobre as alíquotas recíprocas já vigentes de 10%, aplicadas desde abril.

Esse peso extra reduziu ainda mais as margens de competitividade das indústrias brasileiras.

Consequências no horizonte

O caso da Millpar é um retrato dos efeitos imediatos do tarifaço de Trump no Paraná. Enquanto algumas unidades tentam se manter em operação, outras já encerram atividades.

A empresa informou que seguirá com a planta de Guarapuava em funcionamento, mas com quadro reduzido.

A de Quedas do Iguaçu encerra as atividades de forma definitiva, marcando mais um capítulo da crise enfrentada pelo setor madeireiro exportador.

Com informações de G1.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Romário Pereira de Carvalho

Já publiquei milhares de matérias em portais reconhecidos, sempre com foco em conteúdo informativo, direto e com valor para o leitor. Fique à vontade para enviar sugestões ou perguntas

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x