Com a tarifa de 50% nos EUA, exportar ovos do Brasil ficou inviável, afirma Ricardo Faria, o “Rei do Ovo”. A Global Eggs suspendeu os embarques e vai reforçar o mercado interno
Os Estados Unidos oficializaram uma tarifa adicional de 50 por cento sobre uma parte relevante dos produtos brasileiros. A ordem executiva foi assinada em 30 de julho de 2025 e entrou em vigor em 6 de agosto de 2025, com justificativa de emergência nacional.
Em termos práticos, a alíquota combinada para os itens atingidos passou a 50 por cento, elevando de forma abrupta o custo de acesso ao mercado americano. Segundo o governo brasileiro e veículos especializados, a medida não alcança todos os bens, mas atinge uma parcela expressiva das exportações.
Tarifa de importação é um imposto cobrado pelo país importador na entrada da mercadoria. Quando uma tarifa sobe de forma súbita, a margem de lucro do exportador tende a reduzir drasticamente. Se o exportador não consegue repassar o custo ao comprador, a venda se torna economicamente inviável. É exatamente essa a conta que vários setores brasileiros passaram a fazer desde o início de agosto.
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Como resposta, o governo brasileiro anunciou um pacote de apoio de 30 bilhões de reais em crédito e medidas tributárias para empresas afetadas, priorizando a manutenção de empregos, a reorientação de mercados e compras públicas de produtos afetados. A estratégia busca amortecer o choque enquanto se negociam ajustes com Washington.
Rei do Ovo suspende exportações aos EUA: por que ficou inviável
Nesse novo cenário, Ricardo Faria, empresário conhecido como Rei do Ovo e controlador da Global Eggs no exterior e da Granja Faria no Brasil, suspendeu as exportações de ovos para os Estados Unidos. Em declaração reportada, Faria foi direto: “inviável com essa tarifa”. A operação brasileira, que vinha ganhando tração no mercado americano, será redirecionada para vendas internas e outros destinos, enquanto a companhia ajusta sua logística e preços.
A decisão não ocorre no vazio. Até julho, os EUA eram o principal destino das exportações brasileiras de ovos em 2025, impulsionadas por uma crise de oferta interna nos americanos devido à gripe aviária. Com a alíquota extra, a matemática mudou: o frete internacional, somado ao câmbio e à tarifa de 50 por cento, come a margem e torna o embarque brasileiro menos competitivo do que produzir e vender localmente em território americano.
Para evitar ruptura de fornecimento aos clientes americanos, a holding se apoia na produção dentro dos EUA. Com isso, a empresa mantém presença comercial no mercado, mas tira pressão da planta exportadora no Brasil até que haja previsibilidade nos custos.
Exportações de ovos em alta antes do tarifaço: dados da ABPA
Os números ajudam a entender a virada de cenário. De acordo com a ABPA, as exportações brasileiras de ovos dispararam em julho e, no acumulado até aquele mês, os Estados Unidos foram o principal destino com 18.976 toneladas, alta de 1.419 por cento, somando quase 41 milhões de dólares em receitas. O salto ocorreu porque a gripe aviária reduziu a oferta e puxou os preços no mercado americano, abrindo espaço para o produto brasileiro. Em poucos dias, porém, a tarifa de 50 por cento mudou a equação.
Quando um destino concentra demanda e, de repente, fica mais caro vender para lá, as empresas precisam redistribuir volumes. Parte do que iria para os EUA tende a abastecer o mercado interno, o que pode dar alívio momentâneo a preços domésticos, ao menos até que a nova logística e contratos alternativos se estabilizem.
Esse ajuste não é automático. Leva semanas para redirecionar contêineres, renegociar prazos e acertar certificações em novos mercados. Enquanto isso, o setor observa o pacote de crédito e as compras públicas anunciadas pelo governo como ponte de liquidez.
Global Eggs e Hillandale: o plano B para manter margens
A Global Eggs concluiu a aquisição da americana Hillandale Farms por 1,1 bilhão de dólares em maio de 2025. Na prática, isso cria um colchão operacional: quando exportar do Brasil perde atratividade, produzir nos EUA passa a ser a forma de manter o cliente e preservar margem, já que não há tarifa para a produção feita dentro do país. Além disso, a holding acelerou movimentos na Europa, diversificando risco geográfico.
O desenho estratégico, em linguagem simples, é este: onde o custo total é menor, produz-se; onde a demanda paga melhor, vende-se. Com a Hillandale dentro de casa, a Global Eggs equaliza o choque tarifário com uma rede de plantas em diferentes países. É a mesma lógica que outros grupos do agro vêm adotando ao enfrentar barreiras comerciais.
No curto prazo, a companhia também indicou que parte do volume antes exportado será absorvido pelo mercado brasileiro e por outros destinos, reduzindo o impacto sobre a operação. Essa realocação tende a estabilizar preços no Brasil, embora efeitos regionais possam variar conforme a logística.
Quem é Ricardo Faria e o peso da Granja Faria
Ricardo Castellar de Faria figura entre os grandes nomes do agronegócio nacional. Em 2025, ele apareceu na Forbes Brasil com patrimônio estimado em R$ 17,45 bilhões. A Granja Faria, fundada em 2006, é apontada como a maior produtora de ovos comerciais, ovos férteis e pintinhos de um dia do país, com presença em dezenas de unidades e produção diária na casa de dezenas de milhões de ovos. A sede histórica fica em Lauro Müller, Santa Catarina, de onde o grupo expandiu para outras regiões e países.
Além do negócio de ovos, Faria estruturou investimentos em agronegócio e capital, compondo um ecossistema que explica a velocidade com que a Global Eggs cresceu no exterior. Esse histórico ajuda a entender por que, diante do tarifaço, a empresa reage rapidamente, ajustando cadeia de suprimentos e mercados.
Vale observar que o perfil industrial da Granja Faria permite mudanças de rota sem paralisar a produção. Isso reduz o risco de desemprego e desabastecimento, mas exige gestão fina de contratos e estoques.
Impactos para o consumidor e próximos passos do governo
No curto prazo, a maior oferta doméstica resultante do redirecionamento pode segurar ou suavizar preços do ovo em algumas praças, especialmente onde a logística favorece escoamento rápido. No médio prazo, contudo, custos de ração, energia e transporte, somados à reorganização de destinos, podem compensar parte desse alívio. Monitorar IPCA alimentos e relatórios setoriais ajuda a verificar o quanto desse efeito chegará à gôndola.
Do lado de Brasília, o pacote de 30 bilhões de reais em crédito e desonerações tenta ganhar tempo para empresas recontratarem mercados, enquanto as negociações bilaterais correm. O governo também acena com compras públicas para escolas e hospitais, reduzindo estoques e ajudando a estabilizar preços. O desenho final do plano passa por atos infralegais e aprovação no Congresso.
Para quem acompanha a pauta de comércio exterior, três pontos merecem atenção: eventual revisão de listas de produtos atingidos, a evolução da gripe aviária nos EUA que afeta a demanda local por ovos, e o apetite da Europa e da Ásia por ovos brasileiros. Esses vetores dirão se a suspensão será transitória ou parte de um reposicionamento definitivo da cadeia de ovos do Brasil.
Impressionante e tendenciosa! Não é possível venda de ovos para os EUA, Europa e China.
Quem sabe agora abaixa o preço do café, ovos entre outros aqui no Brasil, e a qualidade dos produtos aumentem já que deixam as sobras pra nós e os produtos de boa qualidade vai tudo pro exterior, bem feito…
Ou eu estou vendo ghosts ou o resto do mjndo é cego! Os brasileiros pagam o preço pela produção de tudo o quê é produzido aqui no Brasil e tudo fica inacessível pq fica caro pq a ganância quer mandar 100% pro estrangeiro. Enriquecem os produtores e a brasileirada fica sem saber o gosto das cousas pq só alguns vão ter dinheiro pra pagar A SOBRA!!!. Parabéns “ao peito” do governo americano!!! Ao menos assim brasileiros pagarão o justo pelo ôvo ao menos por um tempo. Que outros países negociem pra que o peso da produção, incluindo crimes ambientais passando ao largo, que NÃO IMPONHA SOFRIMENTO AO POVO BRASILEIRO E AO PAÍS!
A ganância não é só produtor a ganância e do governo que fica com a metade sem fazer nada