A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo o mel, pelos EUA, faz produtores abandonarem abelhas e contêineres ficam parados.
Um novo e severo golpe abala o já fragilizado setor apícola brasileiro: a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo o mel, pelos Estados Unidos.
Essa medida, anunciada e com previsão de entrada em vigor em 1º de agosto de 2025, está causando cancelamentos de contratos, paralisação de contêineres e um cenário de grande incerteza para os produtores de mel, que já convivem com o abandono de abelhas e uma queda drástica na renda.
A tarifa de 50%: um obstáculo inédito para o mel brasileiro
A tarifa de 50% imposta pelos EUA, que é a maior taxa entre os países notificados pelo governo americano, representa um desafio sem precedentes para os exportadores brasileiros de mel.
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Historicamente, os Estados Unidos são o principal destino do mel do Brasil, absorvendo cerca de 80% da produção nacional. Com essa taxação elevada, o produto brasileiro se torna inviável para os compradores americanos, que buscarão alternativas mais baratas em outros mercados.
A notícia do “tarifaço” já provocou estragos imediatos. Empresas exportadoras relatam cancelamentos de pedidos e contêineres parados em portos, com toneladas de mel aguardando uma solução.
A Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), por exemplo, viu um cliente estadunidense cancelar a compra de 95 toneladas de mel orgânico do Piauí, com parte da mercadoria já no porto.
Isso não apenas gera prejuízos financeiros, mas também cria um gargalo logístico e um acúmulo de estoque que pressiona ainda mais o preço do item abaixo do custo de produção no mercado interno.
Abandono de abelhas e renda em queda: crise se intensifica
A nova tarifa americana agrava uma situação que já era delicada para os apicultores. Com a renda familiar dos produtores de mel despencaram nos últimos meses, o abandono de abelhas tem sido uma triste realidade.
A dificuldade em cobrir os custos de manutenção das colmeias – que incluem alimentação, manejo e cuidados sanitários – leva muitos a desistirem da atividade.
Essa perda de enxames saudáveis não só prejudica a subsistência dos apicultores, mas também tem um impacto ambiental significativo, reduzindo a capacidade de polinização natural e afetando a produção de outras culturas agrícolas.
O setor já enfrentava a concorrência de outros grandes produtores, como a Argentina, que tem se beneficiado de um câmbio mais favorável. Agora, com a tarifa de 50% dos EUA, a competitividade do mel brasileiro no mercado internacional é drasticamente comprometida.
O que fazer diante do cenário amargo?
A apicultura brasileira, vital para a economia e o meio ambiente, clama por soluções. Representantes do setor têm se reunido com autoridades para discutir alternativas e medidas emergenciais. Entre as propostas em discussão, destacam-se:
- Negociações diplomáticas: Buscar um diálogo com o governo dos EUA para tentar reverter ou mitigar a tarifa.
- Diversificação de mercados: Investir na prospecção de novos compradores para o mel brasileiro em outras regiões do mundo, reduzindo a dependência do mercado americano.
- Apoio financeiro aos produtores: Criar linhas de crédito emergenciais e programas de subsídio para ajudar os apicultores a atravessar esse período de crise e evitar o abandono generalizado de abelhas.
- Fortalecimento do mercado interno: Incentivar o consumo de mel no Brasil, valorizando o produto nacional e seus benefícios.
A crise atual é um lembrete contundente da vulnerabilidade do agronegócio brasileiro frente a políticas comerciais internacionais.
É essencial que o governo e o setor trabalhem juntos para proteger os produtores de mel e garantir que as abelhas, tão importantes para o planeta, continuem a zumbir em nossas paisagens.
Você acredita que o Brasil deveria retaliar com tarifas sobre produtos dos EUA, ou focar apenas na negociação e busca por novos mercados?