CNA reforça papel do campo na preservação ambiental e nos desafios da rastreabilidade
O coordenador de Produção Animal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Paulo Franco, destacou em 18 de agosto de 2025, durante live promovida pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e pelo Insper Agro Global, a contribuição dos produtores rurais para a sustentabilidade da carne bovina no país.
O debate, que reuniu especialistas do setor, reforçou a importância da preservação ambiental, da sanidade animal e da adaptação às exigências dos mercados internacionais.
Preservação ambiental no setor pecuário
De acordo com Franco, os produtores rurais mantêm cerca de 35% da vegetação nativa preservada em áreas privadas, conforme dados oficiais do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Além disso, ressaltou que o cumprimento do Código Florestal Brasileiro, considerado o mais rigoroso do mundo, ocorre diariamente, mesmo sem incentivos diretos.
Ao aderirem a programas como o Plano ABC dentro do Plano Safra, os pecuaristas reconhecem a necessidade de práticas mais sustentáveis e buscam crédito para investimentos que alinhem produtividade e preservação.
Desafios da rastreabilidade e custos adicionais
Ainda segundo o coordenador, a obrigatoriedade da rastreabilidade individual dos animais impõe altos custos, que não são compensados com valorização proporcional para o produtor.
Nesse contexto, o mesmo defendeu a adoção de protocolos privados como alternativas viáveis para agregar valor à produção.
Ele destacou que 73% dos pecuaristas brasileiros possuem propriedades com até 50 hectares, o que reforça a necessidade de políticas que considerem a realidade da pequena produção.
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Avanços em sanidade animal e reconhecimento internacional
O coordenador, além disso, lembrou que, em maio de 2025, o Brasil recebeu da OMSA o reconhecimento de país livre de febre aftosa.
Consequentemente, esse status foi obtido sem a necessidade de vacinação, o que demonstra, segundo ele, um avanço sanitário significativo.
Como resultado desse reconhecimento, ele destacou que a conquista reflete a eficiência do sistema de sanidade animal, pois este garante respostas rápidas a emergências sanitárias.
Além disso, ele reforçou que a identificação individual dos rebanhos é essencial, uma vez que protege toda a cadeia produtiva.
Consequentemente, essa rastreabilidade também assegura o acesso contínuo aos mercados externos, o que favorece a competitividade do país no comércio internacional.
Exigências internacionais e futuro da pecuária brasileira
O coordenador ressaltou que, apesar dos avanços, ainda existem desafios para alinhar a produção às exigências internacionais, sobretudo com regras ambientais mais rigorosas.
A legislação europeia, por exemplo, se tornou mais rígida, o que exige adaptação rápida e eficaz por parte de toda a cadeia produtiva nacional.
Enquanto isso, a China continua sendo um mercado essencial para a carne brasileira, embora essa parceria dependa de investimentos contínuos em sustentabilidade e qualidade.
Para atender às exigências globais, é indispensável oferecer apoio financeiro imediato aos produtores, especialmente os de menor porte.
Caso contrário, a competitividade do setor, assim como sua própria sobrevivência econômica, estará seriamente comprometida no médio e longo prazo.
Além disso, ele afirmou que nenhuma pauta sustentável terá êxito se os elos da cadeia produtiva continuarem a agir de forma isolada.
Por isso, defendeu com ênfase uma atuação conjunta entre os setores, visando maior cooperação e resultados mais consistentes em toda a cadeia.