Ao suspender a compra de minério de ferro da australiana BHP, a China escancara sua força no mercado, gera instabilidade nas negociações globais e lança um alerta para gigantes como Vale e Rio Tinto, segundo a Folha de S. Paulo.
A decisão da China de suspender todas as compras de minério de ferro da BHP, uma das maiores mineradoras do mundo, provocou surpresa no mercado internacional. O movimento reflete a estratégia de Pequim de centralizar as importações e ganhar maior poder de barganha em um setor essencial para a produção de aço.
Segundo a Folha de S. Paulo, o gesto coloca em evidência não apenas a dependência da Austrália em relação ao mercado chinês, mas também a vulnerabilidade de outras mineradoras globais, como Vale e Rio Tinto, diante da crescente influência da CMRG, o braço estatal que concentra as negociações.
Por que a suspensão da BHP preocupa
A BHP exporta cerca de 70% de seu minério de ferro para a China, e a paralisação de contratos atinge inclusive cargas já enviadas.
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O impasse surgiu em meio a divergências sobre preços, em um momento de demanda doméstica enfraquecida para o aço chinês.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a China “traçou uma linha na areia”, demonstrando capacidade de influenciar um mercado que movimenta centenas de bilhões de dólares.
Ao centralizar as compras por meio da CMRG, o governo chinês fortalece sua posição nas negociações e cria um precedente para futuras disputas comerciais.
Efeitos sobre a Vale e a Rio Tinto
Ainda que a suspensão abra espaço para mineradoras como Vale e Rio Tinto ampliarem suas vendas ao mercado chinês, o cenário traz riscos.
Primeiro, porque alguns produtos da BHP não são facilmente substituíveis.
Segundo, porque, se os chineses forem bem-sucedidos na pressão, poderão adotar a mesma postura em relação a outras fornecedoras.
De acordo com Daniel Sasson, analista do Itaú BBA, substituir integralmente a BHP seria “difícil, ineficiente e caro”, o que poderia inclusive elevar os preços globais do minério.
Isso significa que, mesmo se Vale e Rio Tinto aumentarem sua participação, a pressão chinesa pode reduzir margens de negociação no médio prazo.
O poder de barganha da China
A CMRG, criada há três anos, foi peça central nessa decisão. Sua função é concentrar as importações de minério de ferro e evitar que mineradoras globais ditem preços.
Essa centralização reforça a posição chinesa justamente quando o país expande sua presença como exportador de aço, mesmo diante da queda da demanda interna.
Para analistas, a suspensão não se resume a uma disputa pontual de preços.
Trata-se de uma mudança estrutural na forma como a China conduz suas negociações com fornecedores estratégicos.
A tendência é de maior coordenação e assertividade, o que pode redefinir o equilíbrio de poder no setor nos próximos anos.
O que esperar daqui para frente
Embora o UBS considere improvável que a suspensão dure muito tempo, o episódio já sinaliza um novo padrão nas relações entre Pequim e mineradoras globais.
Vale e Rio Tinto estão em alerta, pois qualquer escalada da estratégia chinesa pode atingir diretamente seus contratos e margens.
No curto prazo, os chineses podem redirecionar compras, mas uma substituição completa da BHP parece improvável.
O risco maior está no efeito psicológico sobre o mercado e no recado dado por Pequim: quem dita as regras do maior mercado consumidor pode impor condições cada vez mais duras.
A suspensão histórica da China contra a BHP mostra como o mercado global de minério de ferro está exposto à força de um único comprador.
O episódio pressiona mineradoras rivais e coloca em xeque o equilíbrio das negociações internacionais.
Na sua visão, a China deve estender essa postura também à Vale e à Rio Tinto? Ou o peso estratégico do minério vai obrigar Pequim a recuar rapidamente? Deixe sua opinião nos comentários.