Geólogos descobriram indícios de que a Terra pode ter tido um anel como o de Saturno, formado por rochas espaciais que orbitavam o planeta há 466 milhões de anos. Veja o que essa incrível descoberta revela sobre o passado do nosso planeta!
Há 466 milhões de anos, a Terra pode ter exibido uma característica que hoje associamos a Saturno: um anel de detritos espaciais. Recentemente, geólogos sugeriram que, durante um período de intensa atividade geológica, nosso planeta pode ter abrigado um anel formado por restos de um asteroide, o que oferece uma explicação intrigante para alguns eventos incomuns no registro geológico.
Há cerca de 466 milhões de anos, a Terra passou por uma série de eventos cataclísmicos, com meteoritos colidindo com a superfície e tsunamis agitando os oceanos. Rochas sedimentares dessa época apresentam uma quantidade incomum de detritos de meteoritos.
Esses detritos, além de estarem em abundância, também têm algo peculiar: mostram sinais de terem sido expostos à radiação espacial por menos tempo do que seria esperado, em comparação com meteoritos que atingem a Terra hoje.
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Cerca de um milhão de anos após esses eventos, a Terra entrou na Era Glacial Hirnantiana, um dos períodos mais frios dos últimos 500 milhões de anos. Cientistas sugerem que esses eventos, aparentemente desconexos, podem estar relacionados a um fenômeno fascinante: a presença de um anel ao redor da Terra.
A teoria do ‘anel de Saturno’ na terra
Geólogos, liderados por Andrew G. Tomkins, da Universidade Monash, na Austrália, publicaram um estudo no periódico Earth and Planetary Science Letters propondo que a Terra pode ter tido um anel de detritos espaciais, assim como Saturno.
Esse anel teria sido formado após a destruição de um asteroide que passou perto da Terra, superando o limite de Roche — a distância crítica em que a gravidade de um corpo celeste pode fragmentar um objeto que se aproxima.
A teoria se baseia em uma série de crateras formadas há cerca de 466 milhões de anos, durante o pico de impacto Ordoviciano, um período marcado por uma chuva intensa de meteoritos.
Tomkins e sua equipe utilizaram modelos de movimento das placas tectônicas para mapear a localização dessas crateras e descobriram que todos os impactos ocorreram próximos ao equador terrestre. Esse padrão peculiar, em vez de uma distribuição aleatória como seria esperado, despertou o interesse dos cientistas.
Um asteroide desintegrado formando um anel
A equipe de Tomkins sugere que um asteroide de grandes proporções passou tão perto da Terra que foi desintegrado pela gravidade do planeta. Os fragmentos resultantes se reuniram em um anel ao redor do equador, que persistiu por milhões de anos.
Gradualmente, esses fragmentos caíram na Terra, causando o aumento de impactos de meteoritos observados nas rochas sedimentares desse período.
Essa teoria também oferece uma possível explicação para a Era Glacial Hirnantiana. A presença de um anel pode ter bloqueado parte da luz solar, levando a um resfriamento global. No entanto, os cientistas ainda estão investigando como os anéis ao redor de um planeta podem afetar o clima.
Eles acreditam que o anel poderia ter refletido alguma luz solar de volta para a superfície, afetando as temperaturas de diferentes hemisférios.
Evidências e desafios
A pesquisa, embora inovadora, ainda está longe de ser definitiva. Birger Schmitz, geólogo da Universidade de Lund, na Suécia, elogiou a ideia como criativa, mas alertou que os dados disponíveis ainda não são suficientes para afirmar que a Terra realmente possuía um anel. Uma das principais discrepâncias é que as crateras datadas pertencem a dois períodos distintos, o que sugere que nem todos os impactos ocorreram simultaneamente.
Tomkins e sua equipe acreditam que uma possível explicação para essa discrepância seja a formação de uma minilua a partir dos destroços do asteroide, que teria orbitado a Terra por um tempo antes de colapsar e causar mais impactos. Contudo, essa hipótese ainda precisa ser confirmada por estudos futuros.
Os cientistas agora planejam modelar matematicamente a fragmentação de asteroides e a formação de anéis planetários. O objetivo é entender melhor como esses anéis se desenvolvem e como podem ter influenciado o clima da Terra há milhões de anos. Se a hipótese de um anel terrestre for confirmada, essa descoberta poderá mudar nossa compreensão da história geológica e climática do planeta.
Apesar das dúvidas que ainda pairam sobre a teoria, a possibilidade de que a Terra tenha exibido um anel, mesmo que temporário, abre novas portas para o estudo dos corpos celestes e suas interações com planetas. Afinal, nosso planeta continua a guardar segredos fascinantes que, pouco a pouco, são desvendados pela ciência.