Pesquisadores estão explorando o uso de robôs sociais — máquinas projetadas para interagir emocionalmente com humanos — para oferecer suporte psicológico, reduzir o estresse e manter o bem-estar durante as viagens pelo espaço
Astronautas enfrentam vários riscos durante longas missões no espaço. Entre os mais citados estão a radiação e os efeitos da gravidade reduzida. Mas um perigo silencioso e pouco falado é a solidão dos astronautas. Um novo estudo aponta que a falta de contato humano pode afetar seriamente a saúde mental em expedições prolongadas. A solução proposta? Robôs sociais.
Um artigo recente assinado por Matthieu Guitton, editor-chefe do periódico Computers in Human Behavior: Artificial Humans. Guitton também é pesquisador no CERVO Brain Research Center, no Canadá.
Ele sugere que robôs com presença física e capacidade de interação social podem auxiliar na solidão dos astronautas e isolamento em missões espaciais prolongadas.
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Isolamento social e seus efeitos nos astronautas
A ideia central é simples. Em missões longas, o número de pessoas a bordo é limitado. Com a distância da Terra, a comunicação com amigos, familiares e até mesmo com a base terrestre se torna cada vez mais difícil.
Isso pode causar danos à saúde mental dos astronautas. Um robô, por outro lado, não exige comida, água ou ar. Pode estar presente o tempo todo. Pode conversar, ouvir, interagir. E isso, segundo o autor, já seria suficiente para reduzir os efeitos do isolamento e solidão dos astronautas.
A proposta de Guitton não surge do nada. Robôs já fazem parte do cotidiano das missões espaciais. Eles ajudam a mover objetos na Estação Espacial Internacional. São usados para explorar planetas.
Estão presentes em muitas etapas da exploração espacial. Agora, o desafio seria adaptá-los para funções sociais.
Robôs com corpo: a importância da presença física para os astronautas
Os chamados robôs sociais não são novidades na Terra. Eles vêm ganhando espaço em áreas como educação e cuidados com idosos. Eles usam grandes modelos de linguagem para interagir com humanos de forma mais natural. Porém, muitos desses sistemas ainda não têm forma física. Funcionam somente em telas ou alto-falantes.
Para o pesquisador canadense, isso não basta. Interações com voz em um computador não geram o mesmo impacto emocional. Ele defende que a presença física do robô é essencial.
Mesmo que não seja totalmente humanoide. Algumas características semelhantes às humanas já podem ser suficientes. Um rosto, um corpo ou um gesto. Tudo isso pode tornar a convivência com os astronautas mais próxima do real.
Mas essa proposta levanta questões. Primeiro, o chamado “vale misterioso”. É quando um robô se parece quase humano, mas não completamente. Esse efeito pode causar estranheza e até desconforto em quem interage com ele. Segundo o artigo, com o avanço dos materiais e da tecnologia, esse problema pode ser reduzido. Ainda assim, ele não é ignorado.
Dificuldades para testar e comprovar os benefícios
Outro desafio é o teste. Como provar que um robô social realmente ajuda? Como medir o impacto positivo na saúde mental sem expor pessoas a riscos desnecessários? O artigo admite que é difícil fazer esse tipo de experimento sem cruzar limites éticos.
Não seria correto isolar alguém só para ver o efeito de um robô. Ainda assim, a tendência é que mais testes ocorram nos próximos anos, à medida que as tecnologias evoluírem.
Além disso, Guitton levanta um ponto importante. Hoje, os astronautas passam por um treinamento rigoroso. São pessoas altamente preparadas, tanto física quanto mentalmente.
Mas e quando o turismo espacial se tornar comum? E se pessoas com menos preparo começarem a fazer essas viagens? A chance de problemas emocionais pode aumentar. Nesse cenário, os robôs sociais ganham ainda mais relevância.
Caminhos futuros para a convivência com robôs sociais
O uso de robôs para substituir humanos em situações perigosas também é abordado. Segundo o texto, eles já são usados em tarefas arriscadas e continuarão sendo. Mas agora, seu papel pode se expandir. Podem não só operar máquinas, como também cuidar do bem-estar psicológico dos tripulantes.
O texto de Guitton não entra em todos os detalhes. Não explica como seria a convivência de astronautas com um robô por meses seguidos. Nem aborda profundamente os limites das tecnologias atuais.
Ainda assim, ele apresenta uma visão clara: robôs com forma física, capazes de interagir socialmente, podem ser ferramentas úteis para manter o equilíbrio mental em missões longas.
Essa proposta vem em um momento em que a exploração espacial se torna mais ambiciosa. Missões à Lua, Marte e além estão em andamento. Garantir a saúde mental dos envolvidos é tão importante quanto proteger seus corpos. O uso de robôs sociais pode ser um passo importante nessa direção.
No fim, o estudo propõe mais do que uma ideia tecnológica. Aponta um novo caminho para o futuro da convivência entre humanos e máquinas em ambientes extremos. E coloca a saúde mental dos astronautas no centro das discussões sobre viagens espaciais.
Com informações de Universe Today.