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Superoferta global de petróleo deixa 1 bilhão de barris parados no mar enquanto preços desabam e consumidores podem ser surpreendidos com queda no valor dos combustíveis

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 22/10/2025 às 11:04
Superoferta global de petróleo deixa 1 bilhão de barris parados no mar enquanto preços desabam e consumidores podem ser surpreendidos com queda no valor dos combustíveis
O mercado global de petróleo está passando por uma transformação significativa, visível principalmente nos oceanos.
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A frota mundial de navios petroleiros registra o maior volume de petróleo em trânsito desde 2020, sinalizando uma virada no mercado global de energia. O excesso de oferta pressiona preços e ameaça produtores, enquanto consumidores podem se beneficiar com combustíveis mais baratos.

O mercado global de petróleo está passando por uma transformação significativa, visível principalmente nos oceanos. Segundo dados da consultoria Vortexa, mais de 1 bilhão de barris de petróleo estão acumulados na frota mundial de petroleiros, configurando a maior quantidade de óleo em trânsito desde 2020.

Esse fenômeno marca uma mudança estrutural no setor energético. Durante a pandemia de covid-19, uma guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia havia provocado situação semelhante, inundando o mercado com petróleo excedente.

A atual conjuntura confirma projeções de analistas sobre o crescimento da produção mundial. O cenário aponta para um excesso de oferta de petróleo que pode redefinir a dinâmica de preços nos próximos anos, com impactos diretos para o Brasil e consumidores globais.

China escondeu o excedente por meses

Durante grande parte de 2025, a China desempenhou papel crucial ao absorver volumes expressivos de petróleo barato para suas reservas estratégicas.

Essa estratégia mascarou temporariamente o excedente no mercado internacional, impedindo que o acúmulo fosse percebido nos principais centros de armazenamento ocidentais.

Russell Hardy, CEO do Vitol Group, maior trader independente de petróleo do mundo, explicou que o excesso não se acumulou nos centros ocidentais, mas foi direcionado principalmente ao gigante asiático. A situação começou a mudar no segundo semestre, quando a produção da Opep+ aumentou gradualmente.

Cargas de petróleo bruto oriundas do Oriente Médio agora enfrentam dificuldade para encontrar compradores. Países como Emirados Árabes Unidos e Catar reportaram vendas mais lentas que o habitual, com algumas cargas ainda sem destino definido.

Preços recuam e mercado entra em contango

Os contratos futuros de petróleo atingiram o menor patamar em cinco meses, próximo a US$ 60 por barril. Ben Luckock, chefe global de petróleo do Trafigura Group, afirmou durante o Energy Intelligence Forum em Londres que o excesso previsto há meses está finalmente se concretizando.

A mudança mais evidente aparece na curva de preços do mercado. Em abril, o padrão predominante era de backwardation, indicando escassez de oferta com contratos de entrega imediata mais caros.

Atualmente, o mercado opera em contango, sinal clássico de abundância, onde entregas futuras custam mais que as imediatas.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, os estoques mundiais cresceram a uma taxa de 1,9 milhão de barris por dia em 2025. O JPMorgan Chase projeta um excedente médio diário de 2,3 milhões de barris para 2026, enquanto a Agência de Informação sobre Energia dos Estados Unidos estima 2,06 milhões.

Produtores de xisto americanos e Arábia Saudita sob pressão

A transição para um cenário de abundância de petróleo traz alívio para consumidores após anos de inflação nos preços de combustíveis. No entanto, representa ameaça concreta para produtores de xisto dos Estados Unidos e para a Arábia Saudita, que enfrenta déficit orçamentário crescente.

Os Estados Unidos registraram aumento nos estoques por três semanas consecutivas, atingindo o maior nível sazonal desde 2023.

Corretores relatam crescimento nas ofertas para garantir espaço em tanques de armazenamento em Cushing, Oklahoma, a partir de janeiro, indicando que operadores se preparam para excesso prolongado.

A Agência de Informação sobre Energia prevê que o crescimento da produção americana pode estagnar, com possibilidade de primeira queda anual desde 2021. Os preços atuais desestimulam investimentos em novos poços, já que muitos produtores de xisto operam com margens reduzidas.

Opep+ acelera retomada de produção ociosa

A escala do excedente aumentou significativamente em abril, quando a Arábia Saudita e parceiros da Opep+ anunciaram retomada da produção ociosa em ritmo mais acelerado. Autoridades sauditas buscavam recuperar participação no mercado global perdida durante período de cortes voluntários.

Toril Bosoni, chefe de indústria e mercados de petróleo da AIE, destacou que os aumentos expressivos ocorrem em contexto de crescimento modesto da demanda.

A adoção de veículos elétricos na China desacelera o consumo de combustíveis fósseis, enquanto novos barris vindos de Brasil, Canadá e Guiana ampliam a oferta global.

Apesar das dificuldades, alguns membros da Opep+ não conseguem aumentar a produção conforme prometido. Analistas do Morgan Stanley acreditam que quedas acentuadas de preços podem forçar o grupo a implementar novos cortes de produção.

Brasil amplia produção em meio à transição

O Brasil surge como um dos principais contribuintes para o aumento da oferta global de petróleo. A produção nacional continua crescendo, com a Petrobras expandindo operações no pré-sal e retomando projetos em diferentes áreas.

Essa posição coloca o país em situação ambígua: enquanto aumenta receitas com exportações, o Brasil também se beneficia da queda nos preços internacionais para derivados de petróleo importados. A tendência de preços mais baixos pode favorecer consumidores brasileiros nas bombas de combustível.

Segundo informações do Energy Intelligence Forum, grandes operadores se preparam para novas quedas. O Trafigura prevê cotações na faixa de US$ 50 por barril em 2026, com recuperação para cerca de US$ 60 em aproximadamente um ano.

Mercado pode mudar rapidamente de direção

Ryan Lance, CEO da ConocoPhillips, demonstra ceticismo quanto às projeções mais pessimistas. Ele observa que o mercado físico não reflete o cenário alarmista pintado por algumas análises, sugerindo que o excedente real pode ser menor que as estimativas.

Fatores geopolíticos também podem alterar o quadro rapidamente. Restrições impostas pelo governo americano às compras indianas de petróleo russo, por exemplo, têm potencial para apertar o mercado e sustentar preços em patamares superiores.

Torbjorn Tornqvist, CEO do Gunvor Group, reconhece que previsões anteriores de excesso de oferta nem sempre se concretizaram. No entanto, ele acredita que desta vez há mais fundamento na narrativa, considerando o aumento consistente da produção e a desaceleração da demanda.

Você acha que o excesso de petróleo no mercado global beneficia ou prejudica o Brasil a longo prazo? Combustíveis mais baratos aliviam o bolso do consumidor, mas a queda de preços pode afetar investimentos estratégicos da Petrobras. Deixe sua opinião nos comentários sobre como o país deve se posicionar neste novo cenário energético.

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Geovane Souza

Especialista em criação de conteúdo para internet, SEO e marketing digital, com atuação focada em crescimento orgânico, performance editorial e estratégias de distribuição. No CPG, cobre temas como empregos, economia, vagas home office, cursos e qualificação profissional, tecnologia, entre outros, sempre com linguagem clara e orientação prática para o leitor. Universitário de Sistemas de Informação no IFBA – Campus Vitória da Conquista. Se você tiver alguma dúvida, quiser corrigir uma informação ou sugerir pauta relacionada aos temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: gspublikar@gmail.com. Importante: não recebemos currículos.

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