O superávit comercial do Brasil caiu 22,5% até setembro de 2025, atingindo US$ 45,5 bilhões, após aumento nas importações e tarifas impostas pelos EUA. Governo busca novos acordos com México e Canadá para reverter o cenário
O saldo positivo da balança comercial brasileira entre janeiro e setembro de 2025 registrou queda expressiva de 22,5 %, recuando para US$ 45,5 bilhões na comparação com igual período de 2024.
A retração é atribuída ao aumento das importações e à redução dos embarques para os Estados Unidos, principal destino atingido pelas novas tarifas.
Exportações crescem, mas importações puxam resultado para baixo
Apesar de as exportações terem registrado leve alta de 1,1 %, alcançando US$ 257,8 bilhões, esse desempenho não foi suficiente para compensar o aumento das compras externas.
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As importações somaram US$ 212,3 bilhões, com expansão de 8,2 % no período.
O governo afirmou que um dos fatores decisivos para o recuo no superávit foi o corte das vendas ao mercado norte-americano, que apresentaram queda de 20,3 % após a imposição de tarifas elevadas pela administração de Donald Trump.
Setembro: exportações impulsionadas, mas importações disparam
No mês de setembro, o saldo comercial brasileiro foi de US$ 3,0 bilhões, recuo de 41,1 % ante o mesmo mês do ano anterior.
Apesar de as exportações terem subido 7,2 %, estimuladas por produtos agropecuários e da indústria extrativa, as importações cresceram 17,7 %, com destaque para bens de capital, que registraram alta de 73,2 %.
Destinos das exportações: oscilações regionais
A performance exportadora variou conforme os mercados de destino. O Brasil ampliou vendas para:
- China: +14,7 %
- União Europeia: +2,0 %
- Mercosul: +27,6 %
- Canadá: +5,3 %
- México: +9,1 %
Por outro lado, as exportações para Japão e Estados Unidos encolheram 38,8 % e 20,3 %, respectivamente — este último mercado afetado por tarifas adicionais de até 50 %, vigentes desde agosto.
Impactos das tarifas e articulações diplomáticas
Setembro foi o segundo mês em vigor dos novos impostos aplicados pelos EUA sobre diversos produtos brasileiros.
No entendimento do governo brasileiro, essas medidas teriam sido motivadas pelo processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — aliado do republicano Trump — condenado a 27 anos de prisão por envolvimento em golpe.
Em reação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao governo dos EUA a revisão dessas tarifas e das sanções impostas a autoridades brasileiras envolvidas no caso.
Fontes oficiais descrevem o diálogo como amistoso. Simultaneamente, o Brasil intensificou negociações com México, Canadá e outros parceiros para fortalecer o comércio bilateral e diversificar destinos.
As autoridades brasileiras esperam que essas iniciativas ajudem a atenuar o tombo no superávit da balança comercial e recuperar o desempenho exportador nos meses que restam de 2025.