Tecnologia compacta criada pela Horse Powertrain promete transformar carros elétricos em híbridos de forma rápida e econômica, integrando motor flex, câmbio e propulsor elétrico no mesmo bloco, com compatibilidade para etanol, gasolina e outros combustíveis.
A Horse Powertrain, empresa formada pela parceria entre a Renault e a chinesa Geely, apresentará no Salão de Munique uma tecnologia que promete simplificar a produção de veículos híbridos.
O conjunto, batizado de Future Hybrid System, combina motor a combustão, propulsor elétrico, câmbio e sistemas eletrônicos no mesmo bloco, criando uma solução compacta para adaptar plataformas originalmente projetadas para carros totalmente elétricos.
Segundo a fabricante, a proposta reduz custos de desenvolvimento e necessidade de modificações estruturais.
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Com isso, montadoras podem lançar versões híbridas de forma mais rápida, aproveitando a infraestrutura já voltada a elétricos, mas atendendo consumidores que ainda não migraram totalmente para os EVs.
Como funciona o sistema híbrido Future Hybrid System
O sistema utiliza um motor a combustão 1.5 de quatro cilindros, que pode ser configurado como flexível no uso de combustíveis.
Esse propulsor é integrado a uma transmissão, a um motor elétrico e a toda a eletrônica de potência em um único módulo. Dessa forma, o bloco pode substituir diretamente a unidade de tração dianteira de um carro elétrico.
As montadoras terão liberdade para escolher a configuração. O veículo pode operar como híbrido convencional (HEV), híbrido plug-in (PHEV) ou elétrico com extensor de autonomia (REEV).
A Horse desenvolveu duas versões. A primeira, chamada Performance, possui 74 cm de largura e combina dois motores elétricos em arranjo P1 + P3, sendo um acoplado ao motor a combustão e outro na saída da transmissão.
Já a variante Ultra-Compacta mede apenas 65 cm de largura e adota um único motor elétrico em posição P2, localizado entre o motor a combustão e o câmbio.
Benefícios em espaço e segurança
De acordo com a empresa, a solução reduz em até 15 cm o balanço dianteiro em relação a trens de força híbridos tradicionais.
Essa diminuição pode manter a compatibilidade com os testes de colisão mais recentes. O ajuste também reduz a necessidade de grandes mudanças no projeto da carroceria.
A dimensão enxuta da versão Ultra-Compacta amplia as possibilidades de aplicação em diferentes segmentos de veículos, incluindo modelos urbanos menores.
A Horse já estuda evoluções para oferecer alternativas ainda mais compactas.
Uma variante de três cilindros, segundo a companhia, pode encolher ainda mais o conjunto e ampliar a gama de veículos atendidos.
Evolução de conceito exibido em Xangai
O Future Hybrid System é apresentado como um desdobramento de uma ideia mostrada pela primeira vez no Salão de Xangai.
Na ocasião, o objetivo já era propor uma solução prática para acelerar a presença de híbridos no mercado global.
Agora, em Munique, a Horse reforça a intenção de comercializar o sistema como uma resposta rápida à demanda das montadoras por flexibilidade.
A estratégia mira principalmente países onde os carros totalmente elétricos ainda não são maioria.
Nesse cenário, os híbridos surgem como opção de transição, conciliando a eletrificação com o uso de combustíveis líquidos.
Compatibilidade com etanol e combustíveis alternativos
Um dos diferenciais do sistema é a ampla gama de combustíveis aceitos.
Além da gasolina, a Horse destaca a compatibilidade com etanol E85, metanol M100 e combustíveis sintéticos.
No Brasil, onde o etanol tem forte presença, a possibilidade de operação em modo flex pode tornar a tecnologia especialmente atraente para montadoras interessadas em ampliar a oferta de híbridos adaptados ao mercado local.
A utilização de etanol também reforça o potencial de redução de emissões de carbono em comparação ao uso exclusivo de gasolina.
Esse aspecto ganha relevância diante das discussões sobre neutralidade climática e alternativas energéticas mais limpas.
Perspectivas de mercado automotivo
Com a apresentação em Munique, a Horse busca consolidar-se como fornecedora de soluções modulares para montadoras globais.
A proposta de integrar motor a combustão, câmbio, propulsor elétrico e eletrônica em um único módulo reduz complexidade e pode acelerar lançamentos.
Embora ainda não tenha sido anunciada a aplicação em modelos específicos, a expectativa é que a tecnologia desperte interesse de fabricantes que atuam em mercados emergentes, como o brasileiro.
A possibilidade de oferecer híbridos compatíveis com etanol, a um custo menor do que desenvolver novos projetos do zero, pode se tornar um diferencial competitivo.
Ao mesmo tempo, a flexibilidade do sistema abre caminho para que diferentes arquiteturas sejam adotadas em paralelo, permitindo que cada fabricante defina o grau de eletrificação mais adequado a seu público-alvo.
Transição entre combustão e eletrificação
A apresentação do Future Hybrid System ocorre em um momento de transição da indústria automotiva.
Enquanto a Europa acelera a adoção de carros totalmente elétricos, outros mercados mantêm forte demanda por híbridos.
O projeto da Horse se posiciona justamente nesse ponto intermediário, oferecendo uma solução pragmática para fabricantes que precisam equilibrar custo, tempo de desenvolvimento e aceitação do consumidor.
Se o sistema ganhar escala, pode influenciar diretamente a estratégia de montadoras em diferentes regiões do mundo, ajudando a preencher o espaço entre o carro elétrico puro e os modelos a combustão tradicionais.
Diante desse cenário, a pergunta que surge é: os consumidores brasileiros estariam dispostos a adotar em larga escala híbridos que unam eletrificação e etanol como combustível principal?