Nova picape da Volkswagen será produzida no Paraná e promete unir robustez, conforto e design inspirado em SUVs, marcando a transição da marca no segmento e abrindo caminho para a possível saída da Saveiro.
A Volkswagen prepara para 2026 o lançamento de uma nova picape fabricada no Paraná, com porte intermediário, arquitetura da família do T-Cross, linhas inspiradas no Tiguan e suspensão traseira por eixo rígido com feixe de molas para suportar carga.
O movimento indica uma transição no portfólio nacional e pode substituir a Saveiro no atendimento ao público de entrada, preservando uma configuração básica voltada ao trabalho.
Segundo reportagem publicada pela Quatro Rodas nesta quarta-feira (8), o projeto faz parte de uma ofensiva ampla da montadora para renovar sua presença no segmento de picapes na América do Sul.
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A nova linha incluirá tanto a próxima geração da Amarok quanto o inédito modelo intermediário nacional, que terá como foco o equilíbrio entre robustez e custo operacional.
A estratégia foi comentada pelo presidente e CEO da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, no primeiro episódio do QRcast.
Ao responder a um espectador que perguntou se a Saveiro terá nova geração ou se sairá de linha, o executivo afirmou que a empresa promove “uma grande ofensiva de picapes” e que “teremos picapes para todos”.
Sem detalhar posições exatas, ele sinalizou que a marca ocupará o espaço buscado pelo consumidor que hoje recorre à pequena picape. Enquanto isso, duas frentes avançam em paralelo.
De um lado, a nova geração da Amarok, desenvolvida com base de fornecimento da chinesa SAIC, terá fabricação na Argentina.
De outro, surge o projeto brasileiro de uma picape inédita, de dimensões maiores que as de modelos compactos, mas abaixo das médias tradicionais, mirando o segmento intermediário.
Duas frentes da Volkswagen: Amarok renovada e nova picape nacional
A Amarok seguirá como produto global com produção na Argentina, dentro do ciclo de renovação planejado pela VW para a região.
Em território nacional, a aposta de volume recai sobre a nova picape que nascerá no complexo de São José dos Pinhais (PR).
De acordo com a apuração da Quatro Rodas, a fábrica já passa por adaptações estruturais para receber o novo produto e compartilhar parte da linha de montagem com o T-Cross.
A leitura dentro da empresa é que há demanda por um veículo de capacidade de carga elevada e preço mais acessível do que o de picapes médias, preservando robustez e apelo de uso misto.
Nesse contexto, Possobom manteve a discrição sobre posicionamento e versões, mas indicou que a marca continuará atendendo perfis diversos de cliente, do básico ao mais equipado.
Em síntese, o plano é cobrir o espectro que vai do “trabalho e dia a dia” até configurações com conforto e conectividade superiores.
Plataforma e dimensões: entre compactas e médias
A nova picape tende a se aproximar de Fiat Toro em estatura e distância entre-eixos, ficando acima de Chevrolet Montana em proporções.
Internamente, a engenharia trabalha com um entre-eixos na casa dos 3 metros, para acomodar caçamba funcional e cabine confortável.
A base técnica pertence à família MQB, preparada para eletrificação, superior em dimensões à utilizada por T-Cross e Polo.
Ainda segundo a Quatro Rodas, as primeiras mulas de teste utilizam carrocerias de Tiguan adaptadas, expediente comum para validar componentes e calibrações sem revelar o desenho final.
Além da estrutura moderna, o projeto considera a integração de sistemas eletrônicos e de assistência compatíveis com o padrão atual da marca.
Essa sinergia facilita escalas produtivas e reduz custos de desenvolvimento.
Suspensão reforçada para suportar carga
Um diferencial técnico chama atenção.
Em flagras divulgados e analisados pela Quatro Rodas, a picape apareceu com eixo traseiro rígido e feixe de molas, arquitetura reconhecida por sua resistência ao uso com peso na caçamba.
A escolha difere de soluções como multilink (vista em algumas versões de Toro) ou eixo de torção (caso de Saveiro e Montana).
Embora não privilegie a dinâmica em curvas como um conjunto independente, o arranjo com lâminas de aço atende melhor quem precisa de durabilidade e capacidade de carga.
Assim como a Fiat Strada, referência de mercado entre as compactas, a nova Volkswagen adotará tração dianteira na maior parte das versões.
Essa solução simplifica o trem de força e reduz custos de manutenção.
A robustez do eixo rígido, por sua vez, sustenta o uso severo típico de frotas, serviços e aplicações fora de estrada leves, sem o acréscimo de complexidade mecânica comum às picapes médias com tração traseira ou 4×4.
Versões e relação com o T-Cross
A Volkswagen deve correlacionar equipamentos e níveis de acabamento da nova picape com os do T-Cross, replicando conteúdos de conectividade, segurança ativa e itens de conforto em pacotes progressivos.
A montagem ocorrerá na mesma planta de São José dos Pinhais, hoje responsável pelo SUV, cuja linha vem sendo preparada para absorver o segundo produto a partir de 2026.
A decisão aproveita mão de obra treinada, cadeias de fornecedores locais e logística já estabelecida.
Embora o foco principal seja a nova arquitetura de porte intermediário, a Volkswagen considera manter uma versão básica para substituir a longeva Saveiro no atendimento a públicos que priorizam preço e praticidade.
Esse arranjo permitiria migrar clientes tradicionais sem ruptura abrupta, ainda que com uma carroceria e um chassi de concepção mais robusta.
O futuro da Saveiro e a transição da linha
Com a estreia da nova picape, a tendência é de descontinuação gradual da Saveiro.
O modelo, lançado há cerca de 15 anos na geração atual, é produzido em São Bernardo do Campo (SP), fábrica que receberá investimentos para novos veículos nos próximos anos.
O jornal Quatro Rodas também apontou que a readequação do portfólio acompanha mudanças de demanda no mercado, onde picapes de uso misto e cabine dupla ampliaram participação, empurrando projetos exclusivamente compactos para nichos mais específicos.
Ainda que a Volkswagen não tenha detalhado nome, dimensões finais, capacidades e trem de força, o direcionamento já está dado.
O novo veículo nascerá com foco em carga útil, manutenção simplificada e custo operacional competitivo, sem abrir mão de um desenho exterior mais próximo ao universo dos SUVs — traço anunciado pelos protótipos com carrocerias de Tiguan.
O que falta a Volkswagen confirmar
Permanecem sem confirmação pública a denominação comercial, o entre-eixos exato, a capacidade de carga homologada, os motores e eventuais versões eletrificadas, além do cronograma detalhado de lançamento e da sequência de descontinuação da Saveiro.
Essas definições costumam aparecer à medida que a fase de testes avança, a cadeia de fornecedores se consolida e a comunicação de produto se aproxima da estreia.
Enquanto essas respostas não vêm, a mensagem corporativa é clara: haverá “picapes para todos”, como resumiu Ciro Possobom, com uma ofensiva que reposiciona a marca em diferentes faixas do segmento.
Fica a expectativa sobre como a montadora calibrará preço, conteúdo e vocação de uso para disputar espaço tanto com líderes consolidados quanto com recém-chegados nesse mercado em expansão.
Qual fator deve pesar mais para o consumidor na chegada dessa nova picape: preço, capacidade de carga ou conforto próximo ao de um SUV?