A nova picape da Volkswagen, chamada provisoriamente de Udara, promete unir robustez para o trabalho e estilo para o uso cotidiano, trazendo motor híbrido, base do T-Cross, suspensão da Strada e porte próximo ao da Montana.
A Volkswagen prepara para o mercado brasileiro uma picape intermediária de projeto interno, conhecida como Udara (código VW247), que deve assumir o papel da Saveiro e, ao mesmo tempo, disputar espaço com Chevrolet Montana e Fiat Toro.
O modelo tem desenho inspirado no Tera, arquitetura MQB A0 com dianteira derivada do T-Cross, suspensão traseira por eixo rígido com molas semielípticas — solução semelhante à da Fiat Strada — e previsão de lançamento para meados de 2026.
A estratégia inclui versões de trabalho e configurações com proposta lifestyle, voltadas ao consumidor pessoa física.
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Picape intermediária mira Toro e Montana
Depois do Tera, a Udara é o próximo grande lançamento local da marca.
Em entrevista à Autoesporte, o CEO global da Volkswagen, Thomas Schäfer, definiu o posicionamento do projeto como voltado a “lifestyle”.
Segundo ele, o mercado brasileiro de picapes possui dois eixos: um profissional, com alta demanda, e outro de apelo lifestyle, característico do país.
O executivo indicou que a nova caminhonete deve atender aos dois perfis sem perder praticidade.
Ainda na mesma conversa, Schäfer afirmou: “Já anunciamos um investimento na Argentina [para a nova geração da Amarok] e haverá a implantação de uma outra linda picape no Brasil”, sinalizando que a fabricante considera o segmento estratégico.
Ao ser questionado sobre a Saveiro, resumiu o desafio: “Qual o futuro? Precisamos dar uma resposta a essa pergunta”.
Base de T-Cross e soluções de trabalho
O projeto utiliza a plataforma MQB A0, compartilhada com Polo, Virtus, Nivus, T-Cross e o próprio Tera.
Para atender ao público que usa o veículo como ferramenta, as versões básicas adotarão eixo rígido com molas semielípticas no eixo traseiro, favorecendo robustez e capacidade de carga.
A combinação é um indicativo de que a Udara assumirá a lacuna deixada pela Saveiro nas aplicações profissionais, sem abrir mão de configurações mais equipadas para uso cotidiano.
Enquanto isso, a dianteira do monobloco virá do T-Cross, incluindo assoalho, longarinas, painéis e colunas A e B.
A partir da coluna B, a estrutura será inédita para acomodar a caçamba e o entre-eixos específico.
Capô, para-lamas e portas dianteiras serão exclusivos, a fim de diferenciar o produto no visual e na ergonomia.
Dimensões e mule de desenvolvimento
Os primeiros protótipos circulam com carroceria de Tiguan como mula de testes.
O SUV mede 4,70 m de comprimento e 2,79 m de entre-eixos, números próximos aos estimados para a picape: cerca de 4,75 m e 2,80 m, respectivamente.
A leitura de proporções aponta bitolas mais estreitas e largura próxima de 1,76 m, coerentes com o uso do conjunto dianteiro do T-Cross.
Na prática, o porte se aproxima do da Chevrolet Montana, reforçando a vocação de “médio-compacta”.
No desenho, a Udara deve repetir a linguagem do Tera, porém com identidade própria.
Faróis mais horizontais, grade ampla e tomadas de ar generosas tendem a compor um conjunto de aparência robusta, adequado ao uso misto em cidade e estrada de terra.
Motor 1.5 TSI híbrido-leve e câmbio automático
A estreia nacional do 1.5 TSI Evo2 flex está prevista para a Udara, associado ao câmbio automático de oito marchas.
A configuração pode vir acompanhada de sistema híbrido-leve de 48 V, solução que auxilia partidas, retomadas e eficiência.
Os números esperados são 150 cv e 25,5 kgfm de torque, valores alinhados ao desempenho requerido por uma picape de uso misto.
Com isso, o modelo tende a ser o primeiro veículo eletrificado produzido pela Volkswagen no Brasil em modalidade mild-hybrid, enquanto o T-Cross de segunda geração deverá inaugurar o híbrido pleno da marca no país.
Além da eficiência, o conjunto promete suavidade de condução no tráfego urbano e melhor aproveitamento de torque em baixa rotação, importante para uso com carga moderada ou em trechos íngremes.
Fábrica, investimento e cronograma
A produção está planejada para São José dos Pinhais (PR), complexo que já fabrica T-Cross e Virtus.
O site paranaense integra um pacote de R$ 3 bilhões destinado à modernização local, dentro do ciclo de R$ 20 bilhões e 17 lançamentos previstos pela marca para o Brasil até 2028.
A empresa trabalha com meados de 2026 como janela de lançamento, etapa que deve suceder o cronograma do Tera.
Em posicionamento de mercado, os preços projetados vão de R$ 120 mil a R$ 180 mil, variando conforme motorização, transmissão e conteúdo.
Assim, a Udara cobrirá desde versões de trabalho até configurações de uso familiar com foco em conectividade e conforto.
Estratégia comercial e espaço no portfólio
A Volkswagen pretende que a Udara atue em duas frentes. Na base, atenderá clientes que buscam robustez e custo operacional.
Nos degraus superiores, enfrentará Toro e Montana com acabamento, equipamentos e desenho atraentes.
A leitura do comando global é clara: trata-se de um nicho majoritariamente brasileiro, com relevância suficiente para justificar um desenvolvimento feito sob medida.
Mesmo com essa dupla missão, a marca sublinha a necessidade de praticidade e versatilidade.
O objetivo é entregar um produto capaz de transportar carga leve no expediente e, sem ajustes complexos, servir à rotina de lazer nos fins de semana.
Nome, registro e próximos passos
O nome Udara é provisório e serve para identificar o projeto em andamento.
No Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a Volkswagen registrou seis alternativas para batizar o modelo: Acron, Airon, Arena, Tagro, Tukan e Udara.
A decisão final ficará para a fase de pré-lançamento, quando a comunicação precisa alinhar posicionamento, identidade e público-alvo.
Com a chegada da nova picape, a Saveiro tende a sair de linha.
O movimento é coerente com a mudança de foco do segmento de entrada para propostas mais versáteis, sem abandonar a clientela que depende do veículo para trabalhar.
A marca não divulgou detalhes de caçamba, capacidade de carga ou ângulos de entrada e saída. Esses dados devem surgir mais perto da apresentação formal.
O que esperar do pacote de produto
A combinação de plataforma MQB A0, suspensão traseira robusta, motor 1.5 TSI Evo2 com 48 V, câmbio de oito marchas e porte semelhante ao da Montana indica uma picape pensada para equilibrar eficiência, dirigibilidade e usabilidade.
No interior, a tendência é compartilhar soluções de T-Cross e Tera, com central multimídia moderna e assistentes de condução condizentes com o posicionamento do segmento.
Enquanto o lançamento não acontece, a Volkswagen reforça que o produto terá um visual marcante e foco em uso duplo — profissional e cotidiano.
Diante da proposta e do calendário estimado, a pergunta que fica é: o pacote técnico e de posicionamento será suficiente para conquistar quem hoje compara Toro e Montana, além de herdar a fidelidade dos usuários da Saveiro?