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Submersível chinês explora crateras gigantes até então desconhecidas no fundo do Pacífico — e mostra o que conseguiu filmar

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 07/09/2025 às 15:42
Submersível chinês explora crateras gigantes até então desconhecidas no fundo do Pacífico — e mostra o que conseguiu filmar
Submersível chinês explora crateras gigantes até então desconhecidas no fundo do Pacífico — e mostra o que conseguiu filmar
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Um submersível chinês registrou imagens inéditas no fundo do Oceano Pacífico. As crateras gigantes reveladas guardam um sistema hidrotermal impressionante, repleto de hidrogênio e vida marinha surpreendente

Pesquisadores chineses identificaram um sistema hidrotermal inédito no fundo do Oceano Pacífico. Batizado de Kunlun, o campo surpreendeu pela dimensão, complexidade e pela vida marinha encontrada em suas crateras.

Crateras imensas repletas de hidrogênio

O sistema Kunlun fica a nordeste de Papua-Nova Guiné e possui 20 crateras. A maior delas tem cerca de 1.800 metros de largura e 130 metros de profundidade. Essas crateras se agrupam em um “enxame tubular” e liberam grandes quantidades de hidrogênio.

Segundo o estudo publicado na revista Science Advances em 8 de agosto, esse campo cobre uma área de 11 quilômetros quadrados, tornando-se centenas de vezes maior que o sistema atlântico conhecido como Cidade Perdida. Portanto, os cientistas destacam que se trata de um achado único.

Hidrogênio e origem da vida

O processo de serpentinização é central para o fenômeno. Nele, a água do mar reage com rochas do manto, gerando minerais esverdeados e liberando hidrogênio.

Como o hidrogênio pode ser fonte de energia para organismos, os pesquisadores acreditam que Kunlun pode ajudar a entender como a vida surgiu na Terra.

De acordo com a Academia Chinesa de Ciências, os fluidos ricos em hidrogênio lembram o ambiente químico da Terra primitiva.

Além disso, a diversidade de espécies observadas impressionou. Camarões, lagostas, anêmonas e vermes tubulares prosperam na região, provavelmente alimentados pela quimiossíntese.

Vida sem luz solar

Nas profundezas oceânicas, a luz do sol não alcança. Por isso, as formas de vida não utilizam fotossíntese.

Em vez disso, recorrem à quimiossíntese, processo que transforma substâncias químicas, como o hidrogênio, em energia.

Uma equipe chinesa já havia filmado comunidades semelhantes a 9.500 metros de profundidade no Pacífico noroeste. Esses registros, raros até hoje, reforçam como a maioria do fundo marinho continua inexplorada.

Expedição submarina

No novo estudo, os cientistas usaram um submersível tripulado para mapear Kunlun e investigar quatro das maiores crateras.

As medições indicaram que o sistema produz mais de 5% de todo o hidrogênio submarino não vivo no planeta. Esse número chama atenção porque é resultado de um único campo.

Segundo a análise, o enxame tubular se formou em etapas. Primeiro, o acúmulo de hidrogênio provocou explosões subterrâneas.

Depois, fraturas surgiram nas bordas das crateras, liberando fluidos ricos em hidrogênio. Com o tempo, minerais bloquearam essas fissuras, permitindo novo acúmulo e possíveis explosões menores.

Diferenças em relação a outros sistemas

Kunlun se distingue dos sistemas hidrotermais comuns, formados por atividade vulcânica em limites de placas.

Esses, muitas vezes, apresentam chaminés negras, onde a água pode chegar a 400 graus Celsius. Já os sistemas de serpentinização, como Kunlun e a Cidade Perdida, são mais frios, com temperaturas abaixo de 90 graus.

Outro fator notável é a localização. A Cidade Perdida está próxima a uma dorsal meso-oceânica, onde placas tectônicas se afastam.

Kunlun, porém, fica dentro de uma placa, distante de dorsais, o que desafia concepções tradicionais sobre a formação de campos desse tipo.

Desafio às suposições antigas

O coautor do estudo, Weidong Sun, ressaltou que Kunlun se destaca pelo fluxo elevado de hidrogênio, pela escala e pelo cenário geológico.

Para ele, a descoberta prova que a geração de hidrogênio pela serpentinização pode ocorrer longe de dorsais oceânicas, contrariando hipóteses aceitas por décadas.

Portanto, Kunlun abre novas perspectivas para pesquisas sobre a vida em condições extremas. Além disso, oferece um campo natural único para investigar as ligações entre processos químicos submarinos e a origem da vida.

O achado reforça como os oceanos ainda escondem mistérios fundamentais. Kunlun não é apenas um sistema hidrotermal gigante, mas também um laboratório vivo no fundo do mar. Cada detalhe, desde as crateras colossais até os organismos que nelas habitam, ajuda a recontar a história da vida em nosso planeta.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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