Supremo começa a analisar vínculo trabalhista em ações de Uber e Rappi, decisão terá repercussão sobre milhares de processos e pode redefinir o futuro das plataformas, segundo O Globo
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta quarta-feira um julgamento histórico que pode alterar de forma profunda as relações de trabalho no Brasil. A Corte vai decidir se motoristas e entregadores de aplicativos devem ser reconhecidos como empregados formais das plataformas digitais.
O caso, que envolve diretamente gigantes como Uber e Rappi, é acompanhado com atenção porque afeta mais de dez mil processos já paralisados em instâncias inferiores. A decisão poderá redefinir não apenas os direitos trabalhistas desses profissionais, mas também o modelo de negócios das empresas de tecnologia no país.
O que está em jogo no STF
As ações em análise foram apresentadas pelas próprias empresas, que contestam decisões da Justiça do Trabalho favoráveis ao vínculo empregatício.
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Para a Uber, trata-se de uma companhia de tecnologia, não de transporte, e o reconhecimento de relação formal comprometeria a livre iniciativa.
A Rappi, por sua vez, alega que decisões anteriores ferem entendimentos já consolidados pelo Supremo.
Do outro lado, entidades de trabalhadores defendem que há subordinação, habitualidade e remuneração fixa, pontos que, segundo a CLT, caracterizam vínculo de emprego.
A argumentação é de que, na prática, esses profissionais não têm autonomia plena, estando sujeitos às regras e algoritmos das plataformas.
O papel da Procuradoria-Geral da República
Às vésperas do julgamento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou parecer contrário ao reconhecimento do vínculo.
O procurador-geral Paulo Gonet citou precedentes do STF que validam formas alternativas de contratação, reforçando que a Constituição não obriga que toda relação de trabalho seja regida pela CLT.
Esse posicionamento fortalece os argumentos das empresas, mas não encerra a discussão.
A decisão final dos ministros poderá estabelecer uma tese de repercussão geral, criando parâmetros obrigatórios para todas as instâncias do Judiciário em casos semelhantes.
Impactos para empresas e trabalhadores
Se o STF reconhecer o vínculo, empresas como Uber e Rappi terão de arcar com encargos trabalhistas, férias, FGTS e 13º salário, o que pode elevar custos e alterar a dinâmica do setor.
Especialistas avaliam que, nesse cenário, parte do impacto poderá ser repassada ao consumidor, com aumento no preço das corridas e entregas.
Já para os trabalhadores, a decisão pode significar maior proteção social e estabilidade, mas também riscos de redução de flexibilidade e até diminuição da oferta de vagas.
O modelo atual de “autonomia” permite que muitos escolham quando e como trabalhar, ainda que sem garantias mínimas de remuneração.
Um julgamento de repercussão geral
O julgamento marca também a estreia de Edson Fachin na presidência da Corte.
Ainda nesta semana, os ministros devem ouvir as sustentações orais das partes envolvidas e iniciar a construção de votos.
A expectativa é de que o processo seja acompanhado de perto pelo setor privado, sindicatos e especialistas em direito do trabalho.
Segundo O Globo, a decisão poderá balizar o futuro de toda a economia digital no Brasil, servindo de referência para outras categorias que atuam sob modelos semelhantes.
É um debate que extrapola as empresas citadas e toca na própria definição do que é trabalho na era das plataformas.
O julgamento do STF pode redefinir a vida de milhões de motoristas e entregadores de aplicativos, além de transformar o modelo de negócios de empresas que se tornaram parte do cotidiano urbano.
A decisão promete dividir opiniões entre proteção social e preservação da flexibilidade.
E você, acredita que o STF deve reconhecer vínculo trabalhista ou manter o modelo atual de autonomia? Como essa decisão impactaria sua rotina? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive isso na prática.
Brasileiro gosta de estragar tudo que é bom, fala sério.
O Uber nunca foi criado para ser comparado a um trabalho formal com vínculo CLT. A proposta inicial sempre foi oferecer uma renda extra, com flexibilidade, sem os mesmos custos e obrigações de uma contratação tradicional. No Brasil, muitos motoristas acabaram transformando o aplicativo em sua principal fonte de renda, o que é uma escolha legítima, mas diferente da proposta original.
É importante lembrar que, se o Uber for obrigado a se enquadrar nos moldes da CLT, a empresa inevitavelmente terá de repassar os custos para os passageiros. Isso pode tornar as corridas mais caras, reduzir a demanda e, em última instância, até levar a empresa a deixar o país. Nesse cenário, quem mais sai prejudicado são justamente os motoristas que hoje dependem do aplicativo e que pedem esse vínculo trabalhista, já que poderiam perder a própria fonte de renda.
Só precisamos ter nossos direitos reconhecidos, e mais nada! Ninguém se propõe a ir fazer entregas no nosso lugar, mas se a gente não for, as plataformas é que saem perdendo! Então temos que ter os direitos reconhecidos! As plataformas ganham bilhões por ano graças aos entregadores, que ganham uma mixaria e trabalham exaustivamente, sendo que nem os pontos de apoio que tanto prometeram, nem sequer existem!
Vai trabalhar fichado então passa fome,tá assim pq vc que,afinal não tá contente e só não ligar o aplicativo.
Eu, como motorista um pouco mais de 6 anos, em São Paulo, prefiro o modelo atual, porém, resolvo que devemos ter mais autonomia, melhores ganhos, recebemos solicitações de corridas que chega a ser piada. Tanto eu, como milhares não queremos CLT, mas alguns ajustes precisam ser feitos.