Cientistas chineses ampliam estudos para conter o avanço da Starlink, utilizando estratégias inovadoras e tecnologias de guerra espacial, enquanto o país acelera projetos próprios para competir com a rede de Elon Musk.
Pesquisadores vinculados ao governo e às Forças Armadas da China vêm dedicando esforços crescentes para encontrar formas de rastrear, neutralizar ou até destruir os satélites da Starlink, rede global operada pela SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk.
Essa mobilização ganhou evidência após a divulgação, em julho de 2025, de uma série de estudos publicados por instituições chinesas de pesquisa em defesa e tecnologia.
O interesse chinês se intensificou diante da integração da Starlink em operações militares dos Estados Unidos.
-
Espião chinês roubou tecnologia secreta de mísseis dos EUA, diz Justiça americana
-
Cientistas da China descobrem estranhas formas de vida a 9.400 metros abaixo do Oceano Pacífico
-
JOVI e Xiaomi disputam a soberania dos celulares chineses no Brasil. Mas qual é a melhor marca? Veja qual oferece mais benefícios, tecnologia e suporte em 2025
-
Colosso marciano é o maior vulcão do Universo: é tão alto quanto 2 Everests e tão largo quanto São Paulo inteiro
Segundo artigo científico da Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa da China, publicado em 2023, “à medida que os Estados Unidos integram a tecnologia Starlink aos ativos espaciais militares para obter vantagem estratégica sobre seus adversários, outros países passam a ver o Starlink como uma ameaça à segurança nos domínios nuclear, espacial e cibernético”.
Para os pesquisadores, a rede representa um risco potencial à soberania de nações rivais de Washington.

Estratégias chinesas para barrar Starlink
Entre as alternativas discutidas por engenheiros militares chineses, destacam-se o uso de submarinos equipados com lasers antissatélites, sabotagem de cadeias de suprimentos e lançamento de satélites próprios com propulsores iônicos capazes de danificar fisicamente os dispositivos da Starlink.
Estudos indicam que, mesmo sem operar oficialmente em território chinês, a constelação de satélites de Musk sobrevoa o espaço aéreo do país e garante cobertura ininterrupta sobre regiões consideradas estratégicas, como Pequim e Taiwan.
Simulações conduzidas por especialistas da Universidade de Defesa Nacional da China sugerem que a Starlink tem capacidade para manter conexões robustas em áreas sensíveis, ampliando o monitoramento e o potencial de resposta dos Estados Unidos em cenários de conflito ou crise.
Essas possibilidades intensificaram as discussões sobre como a China pode desenvolver métodos para restringir a influência do sistema de Musk em seu espaço aéreo.
Vulnerabilidades e cadeia de suprimentos
Além dos desafios tecnológicos, pesquisadores chineses analisam os pontos vulneráveis da operação da Starlink.
Um estudo do time de resposta a emergências cibernéticas da China identificou fragilidades na cadeia de suprimentos da rede global.
A pesquisa mostrou que a empresa depende de mais de 140 fornecedores diretos e inúmeros indiretos, muitos deles sob monitoramento cibernético insuficiente.
Isso abre brechas para possíveis ações de sabotagem ou infiltração, segundo os cientistas.
Novas soluções e propostas ofensivas
Em meio à busca por soluções, surgiram propostas inovadoras.
Engenheiros militares sugerem o lançamento de satélites que sigam a órbita dos dispositivos da Starlink, capazes de captar sinais, identificar vulnerabilidades e, eventualmente, lançar materiais corrosivos ou propulsores iônicos para danificar os equipamentos.

Outras estratégias incluem o uso de lasers furtivos a partir de submarinos, a criação de deepfakes para confundir sistemas automatizados de identificação de satélites e o monitoramento sistemático por telescópios comerciais.
Acadêmicos também sugerem ações diplomáticas e regulatórias, incluindo a pressão internacional para restringir a operação da Starlink em áreas consideradas sensíveis.
Esses estudos ganharam destaque após a publicação de artigos chineses com títulos como “Cuidado com a Starlink”, refletindo o ambiente de alerta que domina parte da comunidade científica do país.
Avanço da China com a própria constelação de satélites
Ao mesmo tempo, o governo chinês busca criar uma alternativa doméstica à rede da SpaceX.
Em 2021, foi criada a empresa estatal China SatNet, responsável pela construção da megaconstelação Guowang, projetada para rivalizar com a Starlink.
Segundo dados oficiais divulgados em julho de 2025, o projeto já conta com 60 satélites em operação, de um total previsto de 13 mil.
A Guowang visa garantir autonomia tecnológica e ampliar a presença da China no mercado internacional de comunicações por satélite.
Outra iniciativa de destaque é a Qianfan, companhia apoiada pelo governo municipal de Xangai, que já lançou 90 satélites de um total planejado de 15 mil.
O projeto prevê a expansão das atividades para mercados emergentes na Ásia Central, Oriente Médio e África.
A Qianfan firmou ainda um acordo de cooperação com o Brasil, com o objetivo de fornecer serviços de comunicação e vigilância por satélite.
Preocupações globais com o domínio da Starlink
A preocupação com o domínio global da Starlink não se limita à China.
Países aliados dos Estados Unidos manifestam apreensão quanto à dependência de uma infraestrutura estratégica sob controle de uma única empresa privada.
A postura política e os interesses comerciais de Elon Musk geram incertezas em governos que, por um lado, reconhecem o avanço tecnológico da SpaceX, mas, por outro, questionam os impactos de um virtual monopólio nas telecomunicações espaciais.

A SpaceX, por sua vez, consolida contratos bilionários com órgãos civis e militares norte-americanos, tornando-se peça central na estratégia espacial dos Estados Unidos.
Essa influência gera debates sobre a segurança, a privacidade dos dados e a soberania de outros países diante do avanço acelerado das comunicações via satélite.
Disputa tecnológica e impacto global
De acordo com analistas norte-americanos, embora alguns temores sobre a Starlink possam ser superestimados, o crescente volume de pesquisas e iniciativas chinesas aponta para um cenário de competição tecnológica e estratégica cada vez mais acirrado no espaço orbital.
O embate envolve não apenas inovação e segurança, mas também diplomacia internacional, regulamentação e interesses comerciais de longo prazo.
Nesse contexto, a disputa por controle e segurança das constelações de satélites promete redefinir o equilíbrio de poder global nas próximas décadas.
Como você avalia a influência das megaconstelações de satélites na soberania dos países e no futuro da comunicação mundial?