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SpaceX maior que a NASA? Empresa de Elon Musk se tornou a maior rival da agência de administração do espaço e aeronáutica dos EUA

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 23/10/2024 às 12:38
NASA, SpaceX
Foto: Reprodução

A NASA está preocupada com o rápido crescimento da SpaceX, que se tornou sua maior concorrente no setor espacial. Entenda como a empresa de Elon Musk está desafiando a agência espacial americana e o impacto dessa competição no futuro da exploração espacial!

O avanço da exploração espacial continua a ser um dos temas mais fascinantes e relevantes da atualidade, refletindo o esforço da humanidade para ultrapassar suas limitações e explorar o desconhecido. A NASA e SpaceX estão dominando o cenário.

A SpaceX, comandada por Elon Musk, está na vanguarda dessa nova era espacial, e o retorno bem-sucedido do estágio propulsor do quinto voo de teste da Starship, realizado em outubro de 2024, serviu como um lembrete poderoso da capacidade dos Estados Unidos de realizar missões espaciais de alta complexidade.

Esse feito destacou não apenas a precisão tecnológica norte-americana, mas também o papel crucial da SpaceX no futuro da exploração espacial, desafiando a liderança tradicional da NASA. Em um longo artigo, o The Economist falou sobre o sucesso da empresa de Elon Musk e os erros cometidos pela NASA nos últimos anos.

A evolução da corrida espacial

SPACEX, NASA
Foto: NASA

A corrida espacial moderna tem suas raízes em um período de competição intensa entre as superpotências globais. No início dos anos 1960, os Estados Unidos ainda estavam atrás da União Soviética no desenvolvimento da tecnologia espacial.

A União Soviética já havia conseguido feitos impressionantes, como lançar o primeiro satélite artificial, o Sputnik, e enviar o primeiro ser humano ao espaço, Yuri Gagarin.

Em resposta a essa crescente supremacia soviética, o presidente americano John F. Kennedy, em um famoso discurso ao Congresso em maio de 1961, estabeleceu uma meta ousada: colocar um homem na Lua até o final daquela década. Naquele momento, os Estados Unidos ainda não tinham colocado um astronauta em órbita, o que tornava o objetivo lunar um desafio monumental.

Contudo, o governo americano e seus conselheiros estavam cientes de que a tecnologia necessária para levar humanos à Lua era de uma ordem completamente diferente daquela necessária apenas para orbitar a Terra.

A União Soviética, apesar de sua vantagem inicial, teria mais dificuldades em competir nessa nova fase da exploração espacial. E assim foi. Os Estados Unidos, através da NASA, desenvolveram rapidamente o foguete Saturno V, o mais poderoso já construído, e a espaçonave Apollo, que, em 1969, levou o astronauta Neil Armstrong a se tornar o primeiro ser humano a pisar na Lua.

Esse marco representou a vitória dos Estados Unidos na corrida espacial, mas também sinalizou o início de uma nova era de exploração.

A partir de então, a NASA continuou a avançar suas capacidades, enviando sondas a planetas distantes, orbitando telescópios como o Hubble e construindo a Estação Espacial Internacional (ISS), em parceria com outros países.

A era atual: SpaceX e o ressurgimento da exploração lunar

Avançando para os dias atuais, a exploração espacial voltou a ganhar destaque com novos projetos ambiciosos, e novamente o foco está na Lua. A diferença, agora, é que os Estados Unidos possuem não um, mas dois foguetes mais poderosos do que o Saturno V.

O primeiro é o Space Launch System (SLS), desenvolvido pela NASA com o objetivo de impulsionar missões espaciais tripuladas no programa Artemis. O segundo é o Starship, um foguete reutilizável de última geração desenvolvido pela SpaceX, que promete transformar a maneira como enviamos humanos e carga ao espaço.

Apesar de parecer que levar os americanos de volta à Lua deveria ser uma tarefa relativamente simples com tais capacidades, o programa Artemis tem enfrentado uma série de atrasos.

A NASA ainda não realizou um voo tripulado dentro desse programa, e a previsão de que a missão Artemis III levará uma mulher ao polo sul lunar em 2026 já é vista com ceticismo por muitos especialistas. Alguns documentos internos da própria agência sugerem que uma data mais realista seria 2028, enquanto outros observadores falam de um prazo ainda mais distante.

A corrida espacial, no entanto, não se resume apenas a desafios técnicos e logísticos. Há uma clara competição geopolítica em jogo. A China, que tem avançado rapidamente em seu programa espacial, planeja enviar seus próprios astronautas à Lua até 2030.

Para muitos americanos, a ideia de que a China poderia alcançar a Lua antes que os Estados Unidos retornem a ela provoca reações de preocupação, sugerindo uma repetição da corrida espacial dos anos 1960, mas com o resultado inverso.

Embora a NASA minimize a ideia de uma competição direta, afirmando que “já vencemos a China na Lua“, o simbolismo de ver uma bandeira vermelha de cinco estrelas cravada no solo lunar sem a presença das estrelas e listras ao lado não passaria despercebido no cenário global.

O papel da SpaceX e a transformação do setor

Nesse contexto, a SpaceX surge como uma peça central na nova fase da exploração espacial americana. Fundada por Elon Musk, a empresa mudou radicalmente o panorama espacial ao introduzir tecnologias que nunca haviam sido consideradas viáveis, como a reutilização de foguetes.

Além disso, a SpaceX desenvolveu o foguete Falcon 9, que já é amplamente utilizado para lançar cargas comerciais e tripulações para a Estação Espacial Internacional, e a cápsula Dragon, uma peça fundamental para o transporte de astronautas.

O sucesso da SpaceX não é apenas resultado da inovação tecnológica, mas também de uma mudança significativa no modelo de parceria da NASA com o setor privado.

Durante muitos anos, a NASA seguia um modelo no qual especificava exatamente o que queria e pagava à indústria privada para construir essas tecnologias, com lucros garantidos para as empresas contratadas.

No entanto, a agência passou a adotar um modelo mais competitivo, onde informa às empresas o que precisa ser feito e permite que elas proponham suas próprias soluções e orçamentos. Foi nesse novo cenário que a SpaceX prosperou.

Essa parceria com o setor privado resultou em economias significativas para a NASA. Um estudo interno revelou que, se a agência tivesse desenvolvido a capacidade de reabastecimento da ISS por conta própria, isso teria custado 4 bilhões de dólares.

A SpaceX, no entanto, entregou essa capacidade por apenas 300 milhões. No entanto, esse sucesso também evidenciou a falta de concorrência no setor. A Boeing, por exemplo, que deveria competir com a SpaceX no fornecimento de cápsulas tripuladas, falhou de forma embaraçosa, e os foguetes de outros fornecedores foram descontinuados.

Artemis e a dependência da SpaceX

O programa Artemis, que visa levar novamente os americanos à Lua, exemplifica essa dependência da SpaceX. A missão Artemis III pretende utilizar a cápsula Orion, desenvolvida pela Lockheed Martin, e o foguete SLS. No entanto, tanto a cápsula quanto o foguete apresentam limitações.

A cápsula Orion, por exemplo, é maior do que a Apollo, o que dificulta a sua colocação em uma órbita baixa ao redor da Lua, o que era feito nos programas anteriores. Em vez disso, a Orion deverá orbitar a Lua em uma “órbita de halo quase retilínea”, uma rota muito mais alongada e que requer mais energia para descer e voltar à superfície.

Esse problema obriga a NASA a contar com o sistema de pouso da SpaceX, uma versão modificada da Starship, para transportar os astronautas da órbita da Lua até sua superfície.

O plano envolve múltiplos lançamentos para abastecer uma nave orbital antes da viagem para a Lua, o que, embora ambicioso, é tecnicamente desafiador. Mesmo assim, a SpaceX já provou sua capacidade de superar obstáculos técnicos significativos, e muitos acreditam que a empresa será capaz de cumprir o que promete.

NASA e SpaceX — Um futuro em Marte e além

Enquanto a NASA e a SpaceX colaboram para levar humanos de volta à Lua, Elon Musk continua a mirar em objetivos ainda mais ambiciosos. Seu objetivo final é colonizar Marte, e a Starship desempenhará um papel fundamental nessa missão.

A versão adaptada da Starship para Marte será capaz de pousar verticalmente e suportar as condições extremas do planeta vermelho, algo que nenhuma outra agência espacial ou empresa privada havia considerado até agora.

Assim, à medida que a SpaceX desenvolve sua versão lunar da Starship para o programa Artemis, a empresa também está avançando no desenvolvimento de suas capacidades para viagens interplanetárias. Musk já afirmou que pretende enviar missões não tripuladas para Marte nos próximos anos, e, eventualmente, missões tripuladas também.

A exploração espacial entrou em uma nova fase, marcada pela colaboração entre o setor público e privado, pela competição geopolítica e por um espírito renovado de inovação tecnológica. Enquanto a NASA enfrenta desafios com o programa Artemis, a SpaceX avança rapidamente, impulsionada pela visão audaciosa de Elon Musk.

O retorno dos Estados Unidos à Lua parece ser apenas o começo de uma jornada muito mais longa, com a colonização de Marte no horizonte.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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