Projeto de VLT promete revolucionar o transporte no centro de São Paulo com integração, sustentabilidade e valorização de áreas históricas, aproximando a população de locais emblemáticos da capital paulista.
Veículo leve sobre trilhos marca retorno do bonde ao centro
A cidade de São Paulo se prepara para um marco histórico em sua mobilidade urbana: a volta do bonde, agora em formato moderno, com o lançamento do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
O projeto, orçado em R$ 3,8 bilhões, prevê um trajeto de 12 quilômetros pelo centro da capital paulista, distribuído em duas linhas circulares batizadas com nomes de árvores nativas da Mata Atlântica, Jequitibá e Sibipiruna, e contemplando ao todo 23 estações.
Após 50 anos da última viagem do bonde paulistano, a proposta resgata um ícone da história da cidade e o adapta às necessidades de transporte atuais, com foco em integração, sustentabilidade e valorização do patrimônio histórico.
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Participação popular e resgate histórico
O plano foi detalhado pela Prefeitura de São Paulo e envolve etapas de participação popular, com consulta pública prevista para agosto de 2025.
A reimplantação do VLT no centro histórico pretende retomar parte do que foi uma das maiores redes de bonde elétrico do mundo, extinta no final da década de 1960, quando o sistema chegou a operar cerca de 700 quilômetros de trilhos.
Agora, o novo VLT, de alcance mais restrito, deve operar em circuito fechado, conectando pontos estratégicos como o Mercado Municipal (Mercadão), Rua 25 de Março, Vale do Anhangabaú, Praça da Sé, Parque Dom Pedro, além de bairros tradicionais como Brás e Bom Retiro.
Nomes nativos e integração com transporte
A escolha dos nomes das linhas reforça o compromisso do projeto com a memória ambiental da região, homenageando árvores emblemáticas da Mata Atlântica, bioma original da cidade.
As linhas Jequitibá e Sibipiruna terão traçado circular e convergirão no Largo do Paissandu, facilitando o acesso de passageiros aos principais polos de comércio, cultura, lazer e serviços públicos do centro.
O traçado totaliza 12 quilômetros, divididos de modo equilibrado em dois circuitos de 6 quilômetros cada, com integração a cinco terminais de ônibus, nove estações do Metrô e duas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Integração tarifária e micromobilidade
O Veículo Leve sobre Trilhos deve operar em sistema integrado ao Bilhete Único, cartão eletrônico já adotado por ônibus, trens e metrô na capital paulista.
Segundo Pedro Martin Fernandes, diretor-presidente da São Paulo Urbanismo, aproximadamente 130 mil passageiros deverão circular diariamente pelo VLT, utilizando o mesmo valor da tarifa praticada nos ônibus municipais.
O novo modelo, além de facilitar a mobilidade na região central, é apontado como solução para os chamados trajetos de micromobilidade — percursos que são longos para caminhar, mas considerados curtos ou caros para aplicativos de transporte individual.
Vantagens sobre metrô e monotrilho
A proposta é vista por especialistas em trânsito como uma alternativa mais acessível e eficiente frente a sistemas como o metrô e o monotrilho, cujo custo de implantação por quilômetro tende a ser mais elevado.
De acordo com Luiz Vicente Figueira de Mello, professor e pesquisador de Engenharia de Trânsito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a expectativa é que o VLT represente um avanço significativo na conectividade e no conforto para os usuários, promovendo um uso mais dinâmico do centro, com potencial para estimular o comércio local e o turismo urbano.
Financiamento do VLT e prazo de construção
O financiamento do novo sistema de Veículo Leve sobre Trilhos será majoritariamente público.
Do total estimado de R$ 3,8 bilhões, cerca de 70% devem ser custeados pela administração municipal, que negocia com o governo federal convênios para viabilizar a execução das obras.
O restante, equivalente a 30%, será direcionado ao setor privado, por meio de edital que contemplará a construção e a operação do VLT pelo período de 30 anos.
A estimativa é que a construção das linhas se estenda por três anos, a partir da data de início das obras, ainda sujeita à conclusão dos trâmites legais e de consultas populares.
Sustentabilidade e revitalização do centro
Além do resgate do bonde histórico, o projeto do VLT carrega outros valores estratégicos.
Entre eles, a sustentabilidade, com uso de tecnologia elétrica de baixa emissão de carbono, e o estímulo à ocupação e revitalização dos espaços públicos do centro, tradicionais alvos de debates sobre segurança, moradia e oferta de serviços essenciais.
Conforme destacado por gestores municipais, a meta é transformar o centro de São Paulo em um espaço de permanência, convivência e mobilidade qualificada, em linha com tendências adotadas em grandes metrópoles globais.
Consulta pública e participação da população
O cronograma do projeto será detalhado nos próximos meses, com a abertura da consulta pública em agosto de 2025.
A expectativa da prefeitura é receber sugestões, críticas e contribuições de diferentes segmentos da sociedade para aprimorar o plano final do VLT, ampliando o engajamento popular e a transparência das decisões.
Novo capítulo para o transporte público paulistano
Com a retomada do bonde em formato moderno e sustentável, São Paulo se alinha a tendências globais de mobilidade, revitaliza sua história e projeta um novo olhar para o centro.
Você acredita que o VLT pode realmente transformar a relação dos paulistanos com o centro da cidade e estimular a valorização da memória urbana?