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Sonda solar da NASA acaba de voar mais perto do Sol do que nunca e as imagens são de tirar o fôlego

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 15/07/2025 às 15:43
Esta concepção artística mostra um estado representativo da bolha magnética da Terra imersa no vento solar lento, cuja velocidade média é de 290 a 480 km/s. Crédito: Laboratório de Imagens Conceituais do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA.
Esta concepção artística mostra um estado representativo da bolha magnética da Terra imersa no vento solar lento, cuja velocidade média é de 290 a 480 km/s. Crédito: Laboratório de Imagens Conceituais do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA.
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Sonda da NASA registra vento solar, erupções e fronteiras magnéticas com precisão inédita durante sobrevoo histórico a apenas 6,1 milhões de km do Sol.

A NASA acaba de divulgar imagens históricas feitas pela Sonda Solar Parker. Em um voo realizado a apenas 6,1 milhões de quilômetros da superfície do Sol, a espaçonave captou cenas impressionantes do ambiente solar com uma clareza inédita.

O registro visual mostra ventos solares turbulentos e explosões em fusão de maneira nunca antes observada. Mas as imagens são só o começo.

Os dados coletados prometem transformar o conhecimento científico sobre o Sol e seus impactos sobre a Terra.

Imagens revelam ventos e erupções com detalhes inéditos

O sobrevoo aconteceu em 24 de dezembro de 2024, mas os registros só foram divulgados recentemente.

A missão conseguiu captar imagens nítidas dos ventos solares, fluxo contínuo de partículas carregadas que se desprendem da coroa solar. Esses ventos podem alcançar velocidades superiores a um milhão de quilômetros por hora.

As partículas do vento solar têm potencial para afetar diretamente a Terra.

Quando colidem com o campo magnético do planeta, podem provocar falhas em satélites, redes elétricas e sistemas de comunicação.

Agora, os cientistas têm pela primeira vez uma visão próxima do momento exato em que esses ventos nascem.

A estrutura da chamada camada de corrente heliosférica também foi registrada com detalhes.

Essa fronteira magnética, vista da Terra como um feixe tênue, se revelou como uma “saia espiralada” complexa e repleta de camadas de campo magnético invertido. A descoberta surpreendeu os pesquisadores.

Impacto direto sobre o clima espacial da Terra

Segundo a NASA, a camada de corrente heliosférica exerce influência sobre o campo magnético da Terra.

Em alguns momentos, os campos solares anulam a proteção magnética do planeta, permitindo que a energia dos ventos solares atinja diretamente a atmosfera terrestre e cause tempestades geomagnéticas.

Essas tempestades são consideradas eventos extremos do chamado “clima espacial” e podem afetar voos, sistemas GPS e até operações militares.

Com os novos dados da sonda, os cientistas esperam prever melhor a intensidade e a chegada desses eventos, aumentando a segurança de satélites e missões espaciais.

“Esses novos dados nos ajudarão a melhorar muito nossas previsões climáticas espaciais para garantir a segurança de nossos astronautas e a proteção de nossa tecnologia”, afirmou Nicky Fox, diretora de missão científica da NASA.

Sonda testemunha raro fenômeno de ejeções combinadas

Um dos registros mais marcantes foi o de três ejeções de massa coronal (EMCs) em rápida sequência.

Essas explosões de partículas vindas do Sol ocorreram quase ao mesmo tempo e se fundiram em uma única onda poderosa. O fenômeno é raro e representa uma ameaça significativa à Terra.

“Esses eventos sucessivos vindos do Sol são, na verdade, a maior ameaça à Terra em termos de clima espacial”, explicou Nour Rawafi, cientista de projeto do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins.

Esse tipo de combinação pode gerar tempestades magnéticas mais intensas, já que o caminho aberto pela primeira explosão facilita a chegada das seguintes. É como se um comboio ganhasse velocidade após o primeiro veículo liberar a estrada.

Origem dos ventos solares começa a ser desvendada

Durante décadas, os cientistas tentam entender como o vento solar, especialmente o tipo mais lento e denso, consegue escapar da forte gravidade do Sol. A Sonda Parker está ajudando a responder essa pergunta.

A análise das novas imagens revela a presença de funis magnéticos na superfície do Sol, com linhas de campo em ziguezague.

Esses ziguezagues, segundo os pesquisadores, são comuns e ajudam o vento solar a ganhar velocidade para fugir da gravidade solar.

Além disso, a missão revelou que a coroa solar, camada externa do Sol, não é lisa como se pensava. Pelo contrário, ela é caótica, com bordas irregulares e dinâmicas. Isso torna o estudo das origens dos ventos solares ainda mais desafiador.

“O grande mistério sempre foi: como o vento solar é gerado e como ele consegue escapar da imensa gravidade do Sol?”, afirmou Rawafi. “Com a Parker, estamos mais perto do que nunca de descobrir isso.”

Relevância aumenta com mais satélites e missões espaciais

A importância de entender os ventos solares cresceu nos últimos anos. Em maio de 2024, um evento semelhante de múltiplas ejeções interrompeu a comunicação de satélites comerciais e causou auroras visíveis em locais distantes dos polos.

Com mais espaçonaves em órbita e novas missões tripuladas programadas, prever com antecedência esses impactos se torna cada vez mais necessário. A Parker poderá ajudar nisso.

“Compreender o vento solar de fundo nos ajudará a prever quando esses eventos chegarão à Terra, quão fortes eles serão e qual é a provável atividade que movimentará a atmosfera da Terra”, disse Rawafi.

Missão segue avançando e promete mais descobertas

A Sonda Solar Parker foi lançada em 2018 com a missão de “tocar o Sol”. Equipado com um escudo térmico especial, o veículo espacial viaja a 690.000 km/h. Cada aproximação ao Sol traz mais dados, mais imagens e mais respostas.

Em setembro de 2025, a sonda fará outro mergulho ousado em direção ao Sol.

Dessa vez, ela chegará a uma distância ainda menor: cerca de 6,1 milhões de quilômetros, o que poderá gerar imagens com resolução superior às já divulgadas.

“Estamos testemunhando onde as ameaças do clima espacial à Terra começam, com nossos olhos, não apenas com modelos”, reforçou Nicky Fox.

Mesmo após séculos de estudo sobre o Sol, a missão Parker representa um avanço sem precedentes. Pela primeira vez, a humanidade está próxima o suficiente para observar e compreender, em detalhes, os fenômenos que moldam a atividade solar.

Final ainda está por vir

A missão ainda não terminou. A Parker continua operacional, voando cada vez mais perto do Sol e coletando dados cruciais.

As próximas aproximações prometem revelar ainda mais sobre os ventos solares, as erupções e as estruturas magnéticas do astro-rei.

E, pela primeira vez, a ciência está presenciando o nascimento do clima espacial de forma direta.

novo capítulo da astronomia está sendo escrito, com imagens e dados capturados em primeira mão — no coração do nosso sistema solar.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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