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Solar e eólica no Brasil: estratégias para superar os desafios de expansão

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 29/09/2025 às 07:31
Céu azul de meio-dia parcialmente nublado com turbinas eólicas em campo aberto.
Vista de turbinas eólicas em campo aberto durante o meio-dia, com céu azul e nuvens espalhadas.
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Descubra como a energia solar e eólica no Brasil cresce com inovação, ciência e regulação, superando barreiras e garantindo um futuro sustentável.

O Brasil ocupa posição de destaque mundial quando se fala em fontes de energia renovável. Entre elas, a energia solar e eólica no Brasil lideram o crescimento e já transformam a matriz elétrica nacional.

Nos últimos anos, essas duas fontes deixaram de ser alternativas tímidas e se tornaram pilares estratégicos do desenvolvimento sustentável.

Assim, a expansão avança em ritmo acelerado, mas os desafios ainda exigem atenção. Portanto, superá-los depende de investimento em inovação, fortalecimento da regulação, tropicalização de tecnologias e integração com o setor produtivo.

Além disso, o debate também envolve fatores sociais e econômicos, já que o acesso à energia renovável precisa beneficiar toda a população, e não apenas grandes empresas ou centros urbanos.

O contexto histórico das renováveis no Brasil

A história da energia renovável no Brasil ajuda a entender o presente, porque mostra como o país estruturou sua matriz elétrica.

Desde o século XX, o Brasil construiu sua base energética com grandes hidrelétricas, aproveitando rios extensos e caudalosos. Essa estratégia garantiu autonomia, porém também trouxe problemas ambientais e sociais ligados ao deslocamento de comunidades e à alteração de ecossistemas.

Entretanto, com a crise energética dos anos 2000 e o avanço das mudanças climáticas, o país passou a diversificar sua matriz.

Nesse cenário, a energia solar e a eólica ganharam força. A partir de 2010, políticas de incentivo, leilões de energia e a queda no preço dos equipamentos estimularam a expansão dessas fontes.

Hoje, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, essas duas fontes já respondem por quase um quarto da capacidade instalada.

Dessa forma, o dado mostra que o Brasil avança rapidamente. Contudo, surge a pergunta essencial: como transformar essa expansão em algo duradouro, competitivo e sustentável?

Ciência, tecnologia e tropicalização de soluções

A resposta passa, antes de tudo, pela ciência.

Universidades e centros de pesquisa espalhados pelo Brasil — especialmente no Nordeste, Sudeste e Sul — desenvolvem projetos de ponta voltados para novos materiais, design de equipamentos e adaptação de tecnologias às condições tropicais.

Consequentemente, a tropicalização se mostra crucial, porque nem sempre uma tecnologia criada na Europa ou na Ásia funciona da mesma forma em climas quentes, úmidos ou de alta radiação solar.

A energia solar fotovoltaica é o exemplo mais claro desse processo de adaptação.

Atualmente, os painéis que dominam o mercado usam silício, material eficiente, mas caro e limitado.

No Brasil, a dependência continua elevada porque as células não são fabricadas localmente: chegam importadas e apenas montadas.

Por isso, pesquisadores tentam reverter esse quadro desenvolvendo rotas mais baratas e sustentáveis de purificação do silício.

Eles também exploram recursos naturais abundantes, como quartzo e areia de alta pureza em Minas Gerais.

Desafios e inovações na energia solar

Ainda assim, a comunidade científica aposta em novos materiais.

Nesse sentido, a chamada perovskita, um composto cristalino estudado desde o século XIX, desponta como promessa para baratear e ampliar a eficiência dos painéis solares.

Em laboratórios internacionais, células de perovskita já alcançam até 30% de eficiência, contra o limite de 23% do silício.

Além disso, a combinação híbrida entre perovskita e silício poderia levar esse número a 50%, aproveitando diferentes espectros de radiação solar.

O desafio, porém, continua grande.

A perovskita apresenta baixa durabilidade e, em alguns casos, contém chumbo, metal pesado que gera riscos ambientais.

Por isso, grupos de pesquisa brasileiros desenvolvem versões livres de chumbo e adaptadas ao clima tropical.

A meta consiste em criar soluções capazes de atender ao mercado global e também às particularidades nacionais, como altas temperaturas, elevada umidade e forte incidência solar.

Esse mesmo raciocínio guia as inovações em infraestrutura.

O Brasil já testa painéis flutuantes em reservatórios, que evitam a evaporação da água e produzem energia ao mesmo tempo.

Além disso, outra frente é a agrivoltaica, que combina agricultura e geração solar, usando painéis em estufas para proteger plantações e produzir eletricidade.

Há ainda telhas solares, fachadas fotovoltaicas e carports, estacionamentos cobertos com painéis que atendem tanto a prédios públicos quanto ao setor privado.

O avanço e os entraves da energia eólica

Enquanto a energia solar foca em materiais e adaptação, a energia eólica no Brasil enfrenta o desafio da dependência tecnológica.

O país já domina a produção de torres, pás e geradores. Contudo, ainda importa conhecimento para a fabricação de turbinas de grande porte.

Embora a empresa WEG invista em aerogeradores nacionais, especialistas defendem ampliar a participação brasileira em áreas como eletrônica de potência e conversores, que continuam chegando do exterior.

Dessa forma, o domínio sobre essas etapas fortalece a cadeia produtiva e reduz custos de importação.

Outro ponto sensível é o descarte das pás.

Feitas de materiais compósitos, elas duram até 25 anos.

Assim, como o primeiro parque eólico brasileiro surgiu em 1999, o problema já se aproxima.

Centros de pesquisa desenvolvem alternativas para reciclar esses compósitos em obras civis, como rodovias, ou criar materiais mais fáceis de reaproveitar.

Por fim, a expansão da energia eólica offshore também representa grande oportunidade.

O Brasil começa a explorar essa modalidade, com turbinas instaladas no mar.

A experiência acumulada pela indústria de óleo e gás em ambientes marítimos pode, portanto, acelerar esse processo.

Projetos-piloto no Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul mostram avanços iniciais.

Contudo, ainda faltam regras claras para o setor.

Logo, com regulamentação adequada, a eólica offshore pode transformar o litoral brasileiro em uma das maiores plataformas de geração renovável do planeta.

Impactos sociais e o papel da regulação

Além dos aspectos técnicos, os impactos sociais e ambientais exigem atenção.

No Ceará, por exemplo, comunidades litorâneas relatam mudanças drásticas em seu modo de vida devido à instalação de parques eólicos.

Questões ligadas a terras, pesca e lazer demonstram que a transição energética só será justa se incluir as populações locais no processo de decisão.

A regulação também desempenha papel decisivo.

Mais do que dominar a tecnologia, o Brasil precisa modernizar suas redes elétricas para integrar a energia intermitente do sol e do vento de forma estável.

Para isso, novas linhas de transmissão, sistemas inteligentes de gerenciamento e políticas públicas consistentes tornam-se fundamentais.

Outro passo essencial consiste em estimular a microgeração distribuída.

Ao permitir que famílias, pequenos produtores rurais e cooperativas de energia participem ativamente, o país democratiza os benefícios da transição.

Assim, essa descentralização reduz perdas na transmissão, amplia o acesso e fortalece a segurança energética.

Caminhos para o futuro energético do Brasil

O futuro da energia solar e eólica no Brasil também depende da criação de parcerias entre setor público, iniciativa privada e academia.

Projetos que já incluem escolas, hospitais e universidades provam que a integração traz resultados concretos.

Além disso, essas iniciativas reduzem custos, aumentam a segurança energética e preparam o país para um cenário global em que descarbonização e sustentabilidade se tornam cada vez mais exigidas.

O Brasil reúne todas as condições para liderar o setor de energias renováveis.

O potencial natural impressiona: sol abundante, ventos fortes e constantes, território extenso e experiência acumulada em grandes obras de infraestrutura.

Portanto, o desafio consiste em transformar esse potencial em inovação nacional, reduzindo a dependência externa e garantindo que a energia limpa seja socialmente justa e ambientalmente responsável.

Assim, ao olhar para o futuro, fica claro que os desafios se apresentam em grande escala, mas as oportunidades superam as dificuldades.

Com investimento contínuo em ciência, adaptação tecnológica e regulação eficiente, o país pode consolidar uma matriz elétrica baseada em fontes limpas.

Mais do que uma escolha energética, essa transformação se configura como projeto de nação.

A energia solar e eólica no Brasil representa não apenas uma solução técnica, mas também cultural, econômica e política.

Portanto, trata-se de um caminho estratégico para unir prosperidade, justiça social e preservação ambiental, garantindo um legado de desenvolvimento sustentável para as próximas gerações.

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Energias solar e eólica são desafio para o Brasil | TV Brasil

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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