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Sol libera sequência inédita de explosões de classe X e M: comunicações sofrem apagões e Terra pode enfrentar tempestades geomagnéticas

Publicado em 10/11/2025 às 15:18
Explosões solares indicam atividade solar elevada, causam apagão de rádio, têm ejeção de massa coronal e podem gerar tempestades geomagnéticas.
Explosões solares indicam atividade solar elevada, causam apagão de rádio, têm ejeção de massa coronal e podem gerar tempestades geomagnéticas.
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Sol libera sequência inédita de explosões de classe X e M, provoca apagões de rádio em rotas aéreas e marítimas e aumenta o risco de tempestades geomagnéticas na Terra.

Uma sequência atípica de atividade do Sol foi registrada entre sábado e a manhã desta segunda-feira, com pelo menos duas erupções de classe X, várias de classe M e uma série de eventos menores de classe C partindo principalmente da região ativa AR4274. As explosões mais fortes, de magnitude X1.8 e X1.2, ocorreram em menos de 24 horas e foram direcionadas para a Terra, condição que eleva o potencial de impactos em comunicações, satélites e redes sensíveis.

Os primeiros efeitos já foram sentidos. A explosão de classe X1.8 registrada por volta das 4h no horário de Brasília provocou um apagão de rádio de nível forte por mais de uma hora no hemisfério iluminado. A segunda explosão, de classe X1.2 às 5h55 desta segunda-feira, também gerou perturbação na faixa de alta frequência, especialmente sobre o sul da África, e veio acompanhada de ejeção de massa coronal que ainda está sendo analisada quanto ao impacto direto na magnetosfera terrestre. O quadro geral é de atividade solar sustentada e acima do normal.

Explosões de alta energia em menos de 48 horas

O ponto de maior interesse dos observadores é a região AR4274, que está posicionada próxima ao centro do disco solar voltado para a Terra e apresenta configuração magnética complexa do tipo beta gama delta, típica das áreas mais propensas a explosões intensas.

Dela partiram a erupção de classe X1.8 no domingo e, pouco mais de 24 horas depois, a de classe X1.2 na manhã de segunda.

Além desses eventos principais, o mesmo setor do Sol produziu ao longo do fim de semana várias erupções de classe C, que são mais fracas, mas funcionam como indicador de que o campo magnético local estava em estado de forte instabilidade.

No total, desde sábado, foram contabilizadas 15 erupções de diferentes intensidades, o que caracteriza uma janela de atividade acima da média e que tende a manter os centros de monitoramento em alerta.

Apagões de rádio e impactos operacionais

As duas explosões de classe X produziram apagões de rádio de categoria forte (R3), que atingiram comunicações em alta frequência usadas por aviação e navegação. No primeiro episódio, rotas aéreas sobre o Pacífico e operações marítimas no Índico ficaram com a comunicação degradada por mais de uma hora.

No segundo, o efeito foi mais curto, em torno de 30 minutos, porém concentrado sobre o sul do continente africano.

Esse tipo de perturbação ocorre porque a radiação das erupções solares ioniza de forma súbita as camadas superiores da atmosfera terrestre. Quando isso acontece, sinais de rádio que dependem da reflexão nessas camadas para alcançar longas distâncias passam a sofrer bloqueios, ruídos ou perda completa.

Em cenários de tráfego intenso, como rotas intercontinentais, essa perda momentânea de HF exige rotas alternativas de comunicação e protocolos de contingência já previstos pelos operadores. Em uma sequência de eventos como a observada, o risco operacional sobe, mesmo que temporariamente.

Ejeções de massa coronal e risco geomagnético

As duas grandes erupções vieram acompanhadas de ejeções de massa coronal (CME) observadas como halo, isto é, com assinatura de que o material foi lançado aproximadamente na direção da Terra.

Uma CME é formada por plasma e campo magnético solar que se desprendem da coroa e viajam pelo espaço. Quando alcançam o planeta e encontram o campo magnético terrestre já instável, podem desencadear tempestades geomagnéticas de intensidade variável.

O campo geomagnético já mostrava sinais de instabilidade após os primeiros eventos. Isso significa que, caso o material ejetado nas erupções de domingo e desta segunda-feira chegue bem orientado magneticamente, há potencial para auroras mais intensas em altas latitudes, pequenas oscilações em redes de energia de alta tensão e degradação adicional de sinais de satélite.

A avaliação completa depende da velocidade e da direção exata da CME, mas o contexto atual favorece uma postura de monitoramento contínuo.

Cinco regiões solares ativas em monitoramento

A AR4274 não está sozinha. A face do Sol voltada para a Terra conta, neste momento, com cinco regiões ativas numeradas.

A AR4276, com configuração beta gama, registrou uma erupção de classe M6.3, potência intermediária capaz de causar distúrbios menores. A AR4277 produziu três eventos de classe C, mostrando atividade moderada. Houve ainda uma erupção de classe M4.0 associada a uma área não totalmente identificada.

Esse cenário, com várias regiões ativas ao mesmo tempo, aumenta a probabilidade de que novas erupções ocorram nas próximas horas ou dias.

Mesmo que sejam eventos isolados e de menor intensidade, a soma de múltiplas perturbações pode manter a ionosfera e a magnetosfera em estado de estresse. Para sistemas sensíveis na Terra, a constância da atividade às vezes é mais problemática do que um único evento extremo.

Ciclo Solar 25 e o momento de maior instabilidade

O comportamento atual do Sol está alinhado ao avanço do Ciclo Solar 25, fase de aproximadamente 11 anos em que a estrela passa de um mínimo de manchas e erupções para um máximo de atividade.

À medida que o ciclo se aproxima do pico, o número de manchas solares visíveis cresce e as linhas de campo magnético na superfície ficam mais retorcidas. Esse emaranhado magnético é o combustível das erupções.

As classes usadas para medir as explosões seguem uma escala que vai de A a X, cada letra dez vezes mais intensa do que a anterior. Dentro da mesma classe, o número indica o peso do evento. Assim, uma erupção X2 é duas vezes mais forte que uma X1.

As erupções X1.8 e X1.2 registradas agora ficam na faixa inferior da classe X, mas, por estarem apontadas para a Terra e terem ocorrido em sequência, ganham importância operacional e científica.

A sequência de 15 erupções em pouco tempo, com duas delas na classe X e várias M e C associadas, mostra que o Sol entrou em uma janela de alta atividade com potencial direto de impacto para a Terra. Comunicações de alta frequência já foram afetadas, ejeções de massa coronal foram lançadas na nossa direção e o campo magnético terrestre respondeu com sinais de instabilidade.

Esse é o tipo de situação que exige atenção ampliada de setores que dependem de comunicação global e de monitoramento espacial.

Diante desse quadro de atividade solar tão intensa, você acha que a sociedade e as empresas que dependem de comunicação deveriam acompanhar mais de perto os boletins sobre o Sol ou ainda tratamos esse tema como algo distante da rotina? Comente.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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