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Soja brasileira deve inundar o comércio mundial, ampliar domínio na China e empurrar os EUA para o prejuízo

Publicado em 24/09/2025 às 15:59
Mercado global, Soja, Brasil, EUA
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Soja brasileira prestes a inundar o mercado mundial com safra recorde de 177,7 milhões de toneladas, enquanto produtores dos EUA amargam prejuízos e perdem espaço na China

A colheita de soja nos Estados Unidos enfrenta um cenário desanimador. Os preços seguem próximos das mínimas recentes e, até agora, nenhuma carga foi destinada à China. Esse quadro, por si só, já gera apreensão entre os produtores.

Mas uma nova ameaça se desenha no horizonte: o Brasil se prepara para expandir o plantio e, com isso, inundar ainda mais o mercado internacional.

Segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada no Brasil deve crescer 3,7% nesta temporada.

Esse aumento corresponde a 1,7 milhão de hectares adicionais. Trata-se da maior expansão em três anos.

Se o clima colaborar, a produção pode alcançar o patamar recorde de 177,7 milhões de toneladas.

Soja brasileira ganha força

Esse avanço consolida o Brasil como principal concorrente dos Estados Unidos. A China, maior compradora mundial, já tem priorizado o grão brasileiro, principalmente por causa das tensões comerciais entre Pequim e Washington.

Portanto, a expectativa de uma nova safra volumosa reduz ainda mais a necessidade das processadoras chinesas recorrerem à soja americana.

Com a guerra comercial entre EUA e China, o Brasil exportou muito mais soja, o que incentiva os produtores a expandir a área”, afirmou Rafael Silveira, analista da Safras & Mercado.

A comparação com os EUA ajuda a entender o contraste. Os agricultores americanos reduziram o plantio para o menor nível desde o início da primeira disputa comercial com a China, ainda em 2019, no governo Donald Trump.

Impactos nos Estados Unidos

Menos áreas semeadas ajudaram a aliviar parte da pressão causada pelo desvio das compras chinesas. Ainda assim, o cenário atual mostra que a mudança na demanda global é estrutural e não apenas passageira.

Diante das dificuldades, o governo Trump voltou a sinalizar que os produtores podem precisar de ajuda financeira oficial.

Para analistas, a perda de mercado preocupa. “Os EUA estão apenas entregando participação de mercado ao Brasil, o que não é bom para nós a longo prazo”, avaliou Stephen Nicholson, estrategista global do setor de grãos do Rabobank, no Missouri.

Enquanto os americanos colhem, o Brasil segue embarcando volumes expressivos. Somente na primeira metade de setembro, foram 3,6 milhões de toneladas enviadas à China, de acordo com a agência Alphamar. Isso representa um crescimento de 68% em relação ao mesmo período de 2024.

Janela de exportação

Se os produtores brasileiros conseguirem plantar dentro do prazo, haverá soja disponível já em janeiro. Essa possibilidade aumenta a pressão sobre os Estados Unidos.

Se a China não comprar nada dos EUA até lá, isso mostrará que eles não precisam mais da nossa soja”, declarou Matthew Kruse, presidente da Commstock Investments.

A estimativa da Conab supera inclusive previsões de consultorias privadas. Empresas como Safras & Mercado, Pátria Agronegócios e AgRural calculam expansão menor, entre 1,2% e 2% na área de plantio.

Custos e dívidas no Brasil

Apesar da euforia, os agricultores brasileiros lidam com um desafio interno: os custos financeiros.

No Mato Grosso, maior estado produtor, o alto patamar dos juros encarece a dívida rural. “O Brasil é um país em desenvolvimento, a cada ano há alguma expansão”, explicou o produtor Zilto Donadello. “Os produtores rurais são otimistas por natureza”, completou.

O aumento dos fertilizantes também pressiona as contas. Mesmo assim, a rentabilidade permanece positiva.

Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a expectativa é de lucro antes de juros e impostos de R$ 1.103 por hectare, com produtividade média. O resultado, embora 44% inferior ao do ano passado, ainda é considerado saudável.

Comparação com os EUA

Nos Estados Unidos, a situação é inversa. Estimativas da Universidade de Illinois indicam que agricultores do estado podem amargar prejuízos neste ano com o cultivo da soja.

Esse contraste reforça a mudança na balança de competitividade. Enquanto no Brasil o produtor ainda vê margem, nos EUA o desafio é simplesmente manter a viabilidade econômica.

Perspectivas futuras

Apesar do momento difícil, há projeções de recuperação moderada no plantio americano. O Instituto de Pesquisa de Políticas Agrícolas e Alimentares da Universidade do Missouri calcula que a área semeada deve atingir 82,6 milhões de acres em 2026, contra 80,9 milhões neste ano.

Esse incremento, no entanto, não altera o quadro global. A oferta tende a crescer em diferentes frentes, mas a demanda chinesa não avança no mesmo ritmo.

De acordo com a analista Daniele Siqueira, da AgRural, a guerra comercial funcionou como uma espécie de alívio para os brasileiros. “Se não fosse pela guerra comercial, acabaríamos com estoques altos e talvez houvesse preços mais baixos”, explicou.

Conclusão

A temporada de soja se desenha como um capítulo decisivo na disputa entre Brasil e Estados Unidos.

De um lado, agricultores americanos enfrentam preços deprimidos e incertezas de mercado. Do outro, o Brasil amplia áreas, projeta safra recorde e conquista compradores estratégicos.

O equilíbrio entre esses movimentos vai definir os rumos do comércio mundial do grão.

Com informações de Invest News.

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Romário Pereira de Carvalho

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