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Sobram vagas e faltam pessoas! Estado brasileiro sofre para preencher postos de trabalho

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 22/03/2025 ร s 16:35
O mercado de trabalho no Brasil estรก em crise: vagas de emprego sobrando e falta de profissionais qualificados. Descubra o que estรก por trรกs disso!
O mercado de trabalho no Brasil estรก em crise: vagas de emprego sobrando e falta de profissionais qualificados. Descubra o que estรก por trรกs disso!
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No Brasil, uma crise no mercado de trabalho estรก deixando empresas com vagas abertas enquanto muitos preferem o trabalho informal. Com taxas de desemprego baixas, a economia mostra uma mudanรงa no perfil dos trabalhadores.

O Brasil se depara com um paradoxo intrigante no mercado de trabalho: enquanto surgem inรบmeras vagas de emprego, a dificuldade de preencher essas posiรงรตes aumenta a cada dia. As informaรงรตes sรฃo do portal Zero Hora.

Esse fenรดmeno รฉ especialmente evidente no Rio Grande do Sul, onde as empresas relatam uma escassez crescente de trabalhadores dispostos a ocupar cargos com carteira assinada.

Em meio a essa realidade, muitos brasileiros optam pela informalidade, atraรญdos por promessas de uma renda mais alta e maior flexibilidade no dia a dia.

O trabalho informal cresce e atrai cada vez mais brasileiros

Marco Antรดnio Ebel, um morador de Esteio, no Rio Grande do Sul, รฉ um exemplo de como as novas possibilidades de trabalho tรชm transformado a vida de muitas pessoas.

Com 32 anos, ele trocou o cargo de aรงougueiro em um supermercado, regido pela CLT, para se tornar motorista de aplicativo e entregador.

Atualmente, Ebel trabalha entre 10 e 12 horas diรกrias, normalmente sem folgas durante a semana, mas, para ele, os ganhos sรฃo justificรกveis.

“Para mim, essa questรฃo de ter praticamente o dobro de renda todos os meses, e ร s vezes mais, acaba compensando o fato de nรฃo ter as fรฉrias e a folga remunerada”, comenta Marco Antรดnio.

Ele representa uma nova geraรงรฃo de trabalhadores que, ao invรฉs de buscar vagas formais, se aventuram no mercado informal, aproveitando as oportunidades geradas pelas tecnologias, como os aplicativos de transporte e as vendas em plataformas de e-commerce.

A taxa de desemprego รฉ baixa, mas a busca por trabalho formal diminui

O Brasil, em 2024, registrou uma taxa de desemprego de 6,6%, a mais baixa desde 2012.

No Rio Grande do Sul, esse รญndice foi ainda mais baixo, chegando a 4,5%.

A princรญpio, isso poderia sugerir um cenรกrio positivo, mas a dificuldade das empresas em encontrar candidatos para suas vagas formais revela um outro lado da histรณria.

Segundo especialistas, a escassez de mรฃo de obra estรก diretamente ligada ao fato de que muitos trabalhadores preferem atuar na informalidade, onde encontram mais flexibilidade e, muitas vezes, uma remuneraรงรฃo superior ร  oferecida em postos formais.

Conforme Rodolpho Tobler, economista e pesquisador do FGV Ibre, a atual taxa de desemprego รฉ mantida, em parte, pela decisรฃo de muitos brasileiros de nรฃo buscar mais empregos com carteira assinada.

“Essa informalidade voluntรกria, e nรฃo por necessidade, acaba ajudando a manter a taxa de desemprego baixa, pois o trabalhador deixa de procurar um trabalho formal”, afirma o especialista.

Inovaรงรตes tecnolรณgicas como impulsionadoras da informalidade

A evoluรงรฃo das tecnologias, especialmente os aplicativos de transporte e o comรฉrcio em plataformas de vendas digitais, tem sido crucial para o aumento da informalidade no mercado de trabalho.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicรญlios Contรญnua (Pnad Contรญnua), do IBGE, aproximadamente 6 milhรตes de pessoas estรฃo empregadas no Rio Grande do Sul, sendo 1,9 milhรฃo delas no mercado informal.

Entre 2021 e 2024, o nรบmero de trabalhadores na informalidade cresceu 20,5%, enquanto os empregos formais aumentaram 10,3%.

Trabalhadores informais buscam maiores ganhos, mas enfrentam desafios

Embora a informalidade tenha atraรญdo muitos trabalhadores em busca de uma remuneraรงรฃo superior ร  oferecida no mercado formal, a diferenรงa salarial entre os dois tipos de emprego tem diminuรญdo.

Em 2019, um trabalhador formal ganhava, em mรฉdia, 40% a mais do que um informal.

Porรฉm, no final de 2024, essa diferenรงa caiu para 19%.

Dados do IBGE confirmam que, embora o salรกrio mรฉdio dos trabalhadores informais no Rio Grande do Sul seja menor, essa diferenรงa vem diminuindo ao longo dos anos, especialmente em setores com menor qualificaรงรฃo profissional.

Para Rodolpho Tobler, essa escolha pela informalidade รฉ especialmente atraente para trabalhadores com menos qualificaรงรฃo, que tรชm dificuldade em encontrar oportunidades de crescimento no mercado formal.

“O trabalhador informal recebe, muitas vezes, um valor mensal acima do que receberia como trabalhador formal, compensando a falta de proteรงรฃo social”, explica o economista.

Perfil dos trabalhadores informais: escolaridade e qualificaรงรฃo impactam a escolha

A Pnad Contรญnua revela que a informalidade no mercado de trabalho รฉ mais frequente entre pessoas com menor escolaridade.

No รบltimo trimestre de 2024, 42,3% dos trabalhadores com Ensino Fundamental completo estavam na informalidade.

Esse รญndice caiu para 26,8% entre aqueles com Ensino Mรฉdio completo e para 17,4% entre os com Ensino Superior.

Esses dados mostram que, quanto maior a qualificaรงรฃo, menor a probabilidade de o trabalhador optar pela informalidade.

Mudanรงa nas relaรงรตes de trabalho apรณs a pandemia

O cenรกrio do trabalho no Brasil tambรฉm tem mudado devido a uma transformaรงรฃo nas relaรงรตes entre empregador e empregado, especialmente apรณs a pandemia de Covid-19.

A busca por maior flexibilidade e autonomia tem levado muitos trabalhadores a preferirem modelos de trabalho que permitam mais liberdade de horรกrio, como รฉ o caso dos motoristas de aplicativos e dos autรดnomos que gerenciam seus prรณprios negรณcios nas redes sociais.

“Eu posso ficar disponรญvel a qualquer hora do dia e, se necessรกrio, compensar a noite. Isso facilita muito, especialmente para quem tem filhos pequenos e precisa levar ร  escola ou ao mรฉdico”, explica Marco Antรดnio Ebel, que, alรฉm de motorista, รฉ entregador.

A pandemia acelerou essa mudanรงa no comportamento do trabalhador, que agora valoriza a possibilidade de gerir melhor o seu tempo e a sua vida pessoal.

O retorno ao mercado formal: o desejo de estabilidade

Apesar das vantagens da informalidade, alguns trabalhadores optam por retornar ao mercado formal, em busca de benefรญcios como a estabilidade e a proteรงรฃo social garantidas pela CLT.

Jaime Machado, de Porto Alegre, รฉ um exemplo disso.

Motorista de aplicativo hรก quatro anos, ele estรก realizando um curso tรฉcnico em enfermagem para se qualificar e buscar um emprego formal, com a esperanรงa de garantir direitos como fรฉrias, licenรงa mรฉdica e a seguranรงa de um salรกrio fixo.

“Quero saber que, se eu ficar doente e nรฃo trabalhar um dia, vou continuar recebendo, e tambรฉm ter a possibilidade de descansar com a famรญlia, sem ter que trabalhar 10 horas por dia, como faรงo hoje”, destaca Jaime.

O que as empresas podem fazer para atrair trabalhadores formais?

A Associaรงรฃo Brasileira de Recursos Humanos do Rio Grande do Sul (ABRH-RS) aponta que as empresas precisam se adaptar para atrair trabalhadores de volta ao mercado formal.

Segundo Pedro Fagherazzi, presidente da associaรงรฃo, รฉ fundamental que as empresas destaquem os benefรญcios da CLT, como a estabilidade no emprego e as possibilidades de progressรฃo na carreira.

“Reforรงar os benefรญcios da carteira assinada e investir em salรกrios acima do piso, qualificaรงรฃo profissional e promoรงรตes dentro da empresa sรฃo estratรฉgias essenciais para atrair esses trabalhadores”, destaca Fagherazzi.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na รกrea desde 2015, com seis anos de experiรชncia em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicaรงรตes online. Especialista em polรญtica, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se vocรช tiver alguma dรบvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Nรฃo aceitamos currรญculos!

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