Lucro da Netflix cai após imposto no Brasil. Ações despencam quase 10% em NY com impacto de US$ 619 milhões em disputa tributária.
As ações da Netflix caíram fortemente nesta quarta-feira (22/10/2025) na Bolsa de Nova York, após a gigante do streaming divulgar um lucro abaixo das expectativas no terceiro trimestre de 2025. O motivo principal foi uma cobrança de impostos no Brasil, resultado de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
O impacto tributário, de aproximadamente US$ 619 milhões, fez com que o lucro líquido da empresa caísse para US$ 2,5 bilhões, frustrando os analistas de mercado.
Por volta das 15h, os papéis da empresa estavam em queda de quase 10% na Nasdaq, sendo negociados por cerca de US$ 1,1 mil.
-
China retoma a liderança e se torna a maior parceira comercial da Alemanha
-
Carne brasileira volta ao radar dos EUA com revisão de tarifas e promessa de novo ciclo de exportações
-
EUA declaram guerra comercial: tarifas de até 150% atingem guindastes e equipamentos portuários chineses
-
China surpreende o mundo: exportações disparam 8,3% em meio à guerra tarifária e desafiam tarifa de 100% imposta pelos EUA
A reação negativa reflete a preocupação dos investidores com o ambiente tributário brasileiro e seus efeitos diretos sobre os resultados financeiros da Netflix.
Disputa tributária no Brasil afeta resultados globais
Segundo comunicado oficial, a empresa precisou reconhecer contabilmente a perda relacionada à disputa tributária no Brasil, o que reduziu sua margem operacional de 31,5% para 28% das receitas totais.
A Netflix explicou que o caso envolve a Cide-Tecnologia, um tributo de 10% sobre valores remetidos por empresas brasileiras a suas matrizes no exterior.
A decisão do STF, tomada em agosto, confirmou a validade da cobrança ampliada da Cide, que incide sobre pagamentos por serviços e tecnologias importadas.
No caso da Netflix, isso inclui os valores enviados pela filial brasileira à sede nos Estados Unidos.
De acordo com o balanço divulgado, os US$ 619 milhões reservados correspondem às remessas realizadas entre janeiro de 2022 e setembro de 2025, período em que a empresa movimentou cerca de US$ 6,19 bilhões (aproximadamente R$ 33 bilhões).
Netflix critica o “custo de fazer negócios” no país
Durante a apresentação dos resultados, o diretor financeiro da Netflix, Spencer Neumann, expressou preocupação com o ambiente tributário brasileiro.
“Essa questão tributária brasileira é um pouco complicada. Quero ter certeza de que estamos sendo bem claros sobre o que ela é. Não se trata de um imposto de renda. É um custo de fazer negócios no Brasil”, afirmou.
Neumann também destacou que a cobrança afeta diretamente o desempenho da companhia. “O custo de operar no Brasil é um desafio constante, e esse impacto mostra como fatores externos podem influenciar o resultado global”, disse o executivo.
Analistas reagem e avaliam o impacto nas ações da Netflix
A notícia provocou uma forte reação no mercado financeiro. Especialistas afirmam que o impacto do imposto brasileiro pode influenciar a percepção de risco sobre investimentos em serviços de streaming no país.
Além disso, o caso levanta discussões sobre a previsibilidade e segurança jurídica para empresas estrangeiras que operam no Brasil.
Apesar da queda nas ações, analistas destacam que o desempenho operacional da Netflix continua sólido, sustentado pelo crescimento no número de assinantes e pela expansão do catálogo de produções originais.
Entretanto, o episódio reforça os desafios que grandes companhias de tecnologia enfrentam ao lidar com diferentes sistemas tributários ao redor do mundo.
Brasil ganha destaque no balanço global da gigante do streaming
O caso trouxe à tona dados raramente revelados pela Netflix. Normalmente, a empresa divulga apenas resultados regionais amplos, agrupando América Latina, Europa, Ásia e América do Norte.
Dessa vez, o processo judicial permitiu estimar o tamanho do faturamento da operação brasileira, estimado em mais de R$ 33 bilhões nos últimos três anos.
Com isso, o Brasil se consolida como um dos mercados mais lucrativos da Netflix fora dos Estados Unidos — ainda que o país também represente um dos ambientes mais complexos em termos de carga tributária.