Guerra comercial entre EUA e China pode limitar exportação de Boeing; Brasil aproveita oportunidades em exportações e importações.
Nesta sexta-feira (1010/2025), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o país pode impor controles de exportação sobre peças da Boeing destinadas à China.
A medida faz parte da resposta americana aos limites chineses sobre exportação de minerais de terras raras e surge em meio à nova escalada da guerra comercial entre EUA e China.
“Temos muitas coisas, incluindo uma grande coisa que é o avião. Eles têm muitos aviões Boeing e precisam de peças e muitas coisas desse tipo”, declarou Trump a repórteres na Casa Branca.
— ARTIGO CONTINUA ABAIXO —Veja também
Comerciante de Goiás recebe R$ 63,9 milhões de Banco do Brasil por engano; ele devolveu o valor imediatamente e recusou recompensa; caso ocorreu em 2019 e repercute como exemplo de honestidade
![]()
Lei em vigor encerra a desoneração da folha, aumenta o imposto para 17 setores e já pressiona o preço de transportes e produtos; entenda como funciona
![]()
Profissão antes deixada de lado por muitos, agora está em alta no Brasil com salários que podem chegar a R$ 8 mil mensais
![]()
Malha fina do auxílio: a conta de R$ 478 milhões chegou para 177 mil famílias, veja quem precisa devolver
![]()
Atualmente, companhias aéreas chinesas possuem pedidos de pelo menos 222 jatos da Boeing, enquanto 1.855 aeronaves da fabricante americana já operam no país asiático, principalmente o popular jato 737.
Nova rodada de tarifas dos EUA impacta exportações chinesas
Após meses de trégua, Trump anunciou tarifas de 100% sobre produtos chineses, que se somam aos 30% já existentes.
A decisão intensifica as tensões comerciais e pressiona a China a buscar alternativas de mercado. Até o momento, Pequim ainda não divulgou retaliações formais, mas analistas esperam respostas estratégicas.
Essa movimentação também inclui o potencial bloqueio das exportações de peças da Boeing, que podem afetar diretamente a operação das companhias aéreas chinesas.
O impacto, segundo especialistas, tende a ser significativo na indústria aeronáutica global.
Brasil se beneficia com demanda chinesa deslocada
Para o Brasil, o cenário representa uma oportunidade econômica. Segundo Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, a restrição americana fortalece a posição brasileira em cadeias produtivas estratégicas, como a soja.
“A gente pode olhar até o que aconteceu com a soja brasileira, que nunca vendeu tanto para os chineses, que pararam de comprar dos americanos. Isso com certeza vai acabar se repetindo em outras cadeias produtivas”, afirma Lopes.
De fato, relatório da American Farm Bureau Federation apontou que as exportações de soja dos EUA para a China caíram quase 78% entre janeiro e agosto deste ano, enquanto o Brasil consolidou-se como principal fornecedor.
Mais oportunidades de importação para o Brasil
Além das exportações, a escalada comercial cria oportunidades para importações brasileiras. Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, explica: “Produtos que a China venderia para os Estados Unidos, ela vai ter que canalizar para o mercado brasileiro. Isso aumenta a oferta e reduz os preços, podendo até ajudar no arrefecimento da inflação”.
O especialista destaca que os efeitos se estenderão ao longo dos próximos anos, beneficiando a balança comercial e fortalecendo a posição do Brasil no cenário global.
Interdependência econômica entre EUA e China
Apesar das tensões, EUA e China continuam interdependentes. Eletrônicos, vestuário e móveis figuram entre os principais produtos americanos importados da China.
A pressão de Trump para que CEOs transferissem produção para os EUA foi suavizada após promessas de investimentos bilionários na indústria nacional.
Desde maio, reduções tarifárias mútuas consolidaram parte dessa interdependência: a China diminuiu taxas sobre exportações americanas de 125% para 10%, enquanto os Estados Unidos reduziram tarifas de 145% para 30%.