O shopping mais lucrativo do Nordeste, localizado em Natal (RN), pode mudar de dono após o grupo Guararapes controlador da Riachuelo contratar o banco BTG Pactual para conduzir a venda do Midway Mall, avaliado em cerca de R$ 1 bilhão e responsável por lucros anuais de aproximadamente R$ 150 milhões.
O shopping mais lucrativo do Nordeste está prestes a iniciar uma nova fase. De acordo com o jornal 96fmnatalrn, o Midway Mall, em Natal, controlado pelo grupo Guararapes o mesmo da Riachuelo, entrou oficialmente no radar do mercado com a contratação do BTG Pactual para intermediar sua venda. A operação, avaliada em R$ 1 bilhão, desperta o interesse de grandes fundos e operadoras do setor, que enxergam no ativo um dos empreendimentos comerciais mais rentáveis do país.
Inaugurado em 2005 e com quase 300 lojas, o Midway se consolidou como o principal polo de consumo do Rio Grande do Norte e referência regional em desempenho financeiro. Com lucro anual na faixa dos R$ 150 milhões e fluxo médio de 70 mil visitantes por dia, o empreendimento é considerado um “case de sucesso” no varejo brasileiro, reunindo o peso de uma marca local e a escala de uma operação nacional.
Um ativo bilionário e estratégico
A decisão do grupo Guararapes de vender o Midway Mall é interpretada como uma movimentação estratégica para liquidez e reinvestimento. O objetivo seria desmobilizar ativos imobiliários para fortalecer o caixa e financiar a expansão da Riachuelo e de outras iniciativas da holding. Segundo fontes do mercado, o BTG Pactual conduz a avaliação e já iniciou o processo de aproximação com potenciais compradores institucionais.
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O valor de R$ 1 bilhão, embora elevado, é justificado pela rentabilidade acima da média dos shoppings brasileiros. A margem operacional do Midway supera com folga empreendimentos de porte semelhante, o que o torna um ativo premium dentro do setor. Grandes grupos nacionais e internacionais de administração de shoppings já demonstraram interesse preliminar, reforçando a atratividade do negócio.
Estrutura e desempenho operacional
Com 67 mil m² de área bruta locável (ABL), o Midway Mall ocupa um ponto estratégico em Natal, interligando as principais avenidas da cidade e reunindo marcas-âncora de peso, além de cinemas, praça de alimentação e um mix diversificado de lojas. O projeto foi idealizado pessoalmente pelo empresário Nevaldo Rocha, fundador do grupo Guararapes, e reflete o conceito de um shopping “autossuficiente” — capaz de manter alta taxa de ocupação e lucratividade mesmo em ciclos econômicos adversos.
Nos últimos anos, o empreendimento passou por ajustes de gestão e expansão de receitas, como a implementação do sistema de estacionamento rotativo (parquímetro), medida inicialmente criticada, mas hoje incorporada ao modelo de rentabilidade. Apesar de representar uma parcela modesta no faturamento total, a cobrança pelo estacionamento ampliou as receitas não comerciais e ajudou a equilibrar custos operacionais.
O peso da herança e o impacto local
O Midway carrega um valor simbólico relevante. Foi o projeto mais ambicioso de Nevaldo Rocha, que desejava erguer em Natal um shopping de padrão nacional. Na época, o investimento foi visto como arriscado, mas o resultado provou o contrário: o Midway tornou-se um dos centros comerciais mais lucrativos e valorizados do Nordeste, transformando-se em ponto de referência econômica e social da capital potiguar.
A possível venda, porém, marca o fim de um ciclo histórico. O grupo Guararapes, tradicionalmente vinculado ao Rio Grande do Norte, passa a reposicionar sua presença local, concentrando esforços na operação de varejo e deixando o segmento imobiliário sob gestão de novos investidores. Para o mercado regional, a transação pode redesenhar o equilíbrio de forças no setor de shoppings, especialmente se o comprador for um grande grupo do Sudeste.
Possíveis compradores e desafios de negociação
Embora o processo esteja em fase inicial, analistas apontam que fundos de investimento imobiliário (FIIs) e grandes administradoras de shoppings como Multiplan, BR Malls (atualmente parte da Allos) e Iguatemi figuram entre os potenciais interessados. A alta rentabilidade do ativo e sua posição dominante no mercado nordestino tornam a operação atrativa mesmo em um cenário de juros elevados.
Um ponto de atenção é a presença da Riachuelo como principal âncora do empreendimento, ocupando três pavimentos e respondendo por parte relevante da área locada. Eventuais compradores terão de reavaliar contratos e renegociar condições, mantendo o equilíbrio entre o valor do investimento e o retorno esperado. Apesar dos desafios, o consenso é que o Midway não enfrentará dificuldades para atrair investidores, dada sua escala, fluxo e solidez de receita.
O que o negócio representa para o setor
A venda do Midway Mall se insere em um movimento mais amplo de reestruturação do mercado de shoppings, em que grupos tradicionais buscam monetizar ativos consolidados e fundos especializados assumem o papel de gestores de longo prazo. A tendência reflete uma mudança de perfil de capital: empresas familiares reduzem exposição a imóveis e priorizam negócios de giro mais rápido.
Para o Nordeste, a negociação sinaliza maturidade de mercado. O segmento regional passa a figurar no radar de investidores institucionais, que enxergam potencial de valorização e demanda consistente em capitais como Natal, Recife e Salvador. O caso do Midway reforça que o eixo de rentabilidade do varejo físico no Brasil está mais descentralizado do que há uma década.
O shopping mais lucrativo do Nordeste está prestes a mudar de mãos, mas mantém seu status de ativo de referência nacional. A operação, conduzida pelo BTG Pactual, pode redefinir o mapa do varejo na região e abrir espaço para uma nova fase de profissionalização no setor. Com lucro anual de R$ 150 milhões e valuation de R$ 1 bilhão, o Midway Mall resume o dilema atual do mercado: vender um ícone local para financiar o crescimento global.
Na sua visão, a venda do Midway Mall é um movimento estratégico ou uma perda de identidade para o varejo potiguar? Você acredita que a entrada de um novo grupo pode transformar a dinâmica do shopping mais lucrativo do Nordeste? Compartilhe sua opinião sobre o impacto dessa mudança no mercado e na cidade de Natal.