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Shahed-238: Ataques relâmpago: Rússia lança drones a jato e complica defesa da Ucrânia

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 01/08/2025 às 10:21
Shahed
Foto: Reprodução
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A introdução dos drones kamikaze Shahed movidos a jato marca um novo desafio para a defesa aérea da Ucrânia. Mais rápidos e difíceis de interceptar, eles forçam o uso de mísseis caros e ameaçam a estratégia defensiva do país em meio à guerra com a Rússia.

Os ataques recentes russos à Ucrânia, acendeu um novo alerta entre autoridades ucranianas. Desta vez, entre os mais de 300 drones e mísseis lançados, estavam oito unidades da versão a jato do drone Shahed.

A novidade representou uma mudança significativa na estratégia russa e deixou claro um desafio crescente para a defesa aérea da Ucrânia.

O porta-voz da Força Aérea Ucraniana, Yuri Ignat, explicou por que esses drones são preocupantes. Ele afirmou que, no radar, eles se comportam como mísseis de cruzeiro, alcançando velocidades superiores a 500 km/h.

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Essa velocidade dificulta a detecção e a interceptação, já que muitos sistemas antiaéreos ucranianos não foram projetados para lidar com esse tipo de ameaça.

Velocidade e altitude como barreiras

De acordo com as informações obtidas, o modelo utilizado seria o Shahed-238, desenvolvido pelo Irã e revelado em novembro do ano passado. Os documentos indicam que esse drone pode voar até quase 9,6 km de altitude, com um alcance de até 2.000 km. Sua ogiva pesa cerca de 50 kg, e seu motor turbojato o impulsiona a até 600 km/h.

Em contraste, o tradicional Shahed-136 atinge uma velocidade bem menor, de cerca de 180 km/h. Por causa disso, os Shaheds convencionais podem ser atingidos por armas mais simples. Já o Shahed-238, segundo o portal ucraniano Militarnyi, praticamente não pode ser atingido por armas leves ou drones elétricos interceptadores. Isso o torna uma ameaça ainda mais complexa e perigosa.

Alta letalidade no ataque

Os danos do ataque mais recente foram graves. As autoridades ucranianas confirmaram a morte de pelo menos 13 pessoas e mais de 130 feridos. O pacote ofensivo incluiu ainda oito mísseis de cruzeiro Iskander-K, além dos drones a jato e os tradicionais Shaheds movidos a hélice.

A avaliação dos especialistas ucranianos é que os novos drones são parte de uma tática mais agressiva da Rússia.

O objetivo seria testar os sistemas defensivos da Ucrânia, especialmente os drones interceptadores que o país vem desenvolvendo. A hipótese foi levantada por Alexander Kovalenko, um conhecido analista político-militar da Ucrânia.

Produção de interceptadores em foco

O presidente Volodymyr Zelensky já pediu que o país produza mil interceptadores por dia. Esses drones, baseados na tecnologia FPV (visão em primeira pessoa), estão sendo adaptados para voar mais alto e rápido que os modelos convencionais. Porém, ainda existem dúvidas sobre sua real eficácia contra os Shaheds a jato.

Mykhailo Fedorov, ministro da Transformação Digital da Ucrânia, reconheceu o desafio.

Segundo ele, a Rússia está constantemente adaptando os Shaheds para escapar das contramedidas ucranianas. Ele afirmou que as soluções precisam evoluir diariamente e que o país já trabalha em novas respostas tecnológicas para o problema.

Obstáculos logísticos para a Ucrânia

O desenvolvimento dos drones interceptadores enfrenta dificuldades. Os ataques russos às fábricas ucranianas afetam diretamente a produção.

Além disso, há problemas com a cadeia de suprimentos e a constante necessidade de deslocamento das operações por segurança.

Fedorov destacou que as empresas precisam mudar de local com frequência, buscar novos profissionais e adquirir componentes com urgência. Isso atrasa a expansão da capacidade de produção, em um momento em que a urgência é máxima.

Limitações russas na fabricação

Por outro lado, a produção russa de Shaheds a jato também encontra barreiras. Apesar de já fabricar cerca de 2.000 unidades do modelo tradicional por mês, com planos de chegar a 5.000, os drones a jato exigem maior sofisticação.

Segundo o portal Militarnyi, a complexidade dos motores turbojato e das estruturas mais resistentes encarece a produção.

Como resultado, cada drone do tipo Shahed-238 pode significar menos Shaheds convencionais no campo de batalha. Isso porque a fabricação de um modelo mais avançado consome mais tempo, recursos e componentes.

Custo da defesa é problema sério

Enquanto os drones a jato são mais difíceis de produzir, sua presença em ataques representa um dilema financeiro para a Ucrânia. Para interceptá-los, o país precisa usar mísseis superfície-ar (SAMs) caros.

Um único míssil AIM-120, usado no sistema NASAMS, pode custar entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão.

Outros sistemas, como os mísseis Patriot PAC-3, são ainda mais caros — cerca de US$ 4 milhões por unidade. Já os Shaheds, mesmo os mais avançados, custam uma fração desse valor. Com isso, a Rússia pode forçar a Ucrânia a gastar milhões em defesa enquanto investe muito menos em ataque.

China como possível apoio na cadeia russa

Outro fator mencionado foi o possível envolvimento da China. O país tem apoiado a Rússia com materiais e peças para sua indústria bélica. Esse suporte pode ajudar Moscou a manter a produção dos Shaheds mais sofisticados, mesmo com as dificuldades mencionadas.

O fornecimento de motores a jato e outros componentes sensíveis depende de uma cadeia robusta, e a China pode ser peça fundamental nesse processo. Isso cria um fator externo que escapa ao controle direto da Ucrânia e reforça a complexidade do cenário.

Uso intercalado como tática

Por enquanto, o uso de drones a jato parece acontecer de forma limitada, mesclado com os modelos tradicionais. Essa combinação serve para confundir os sistemas defensivos da Ucrânia e dificultar a resposta. Um ataque com múltiplas camadas, incluindo drones lentos, rápidos e mísseis, exige uma reação rápida e coordenada, o que aumenta a chance de falhas.

Além disso, o custo para a Ucrânia interceptar todos os alvos se torna ainda mais alto. Isso desgasta o sistema de defesa aérea e abre espaço para ataques mais pesados, com armas de maior impacto.

Futuro da guerra aérea permanece incerto

As próximas semanas devem mostrar se a Rússia conseguirá aumentar sua produção de Shaheds a jato. Também será possível observar se a Ucrânia conseguirá responder com interceptadores realmente eficazes.

O mais importante, neste momento, é que o cenário mudou. A introdução dos Shaheds a jato cria um novo padrão de ameaça, com velocidade e altitude superiores. A guerra dos drones entrou em uma nova fase — mais veloz, mais complexa e, possivelmente, mais difícil de controlar.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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