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Seu Gmail pode estar em risco? Vazamento atinge 2,5 bilhões de contas e dá origem a onda de golpes por telefone

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 22/08/2025 às 15:27
Vazamento no Google expôs bilhões de contatos e gerou golpes por telefone e phishing no Gmail e Google Cloud. Saiba os riscos.
Vazamento no Google expôs bilhões de contatos e gerou golpes por telefone e phishing no Gmail e Google Cloud. Saiba os riscos.
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Vazamento de dados no Google expôs informações corporativas e abriu espaço para novas fraudes digitais. Criminosos utilizam engenharia social, ligações falsas e técnicas em nuvem para tentar assumir contas de Gmail e Google Cloud.

O Google confirmou que um grupo de cibercriminosos acessou, em junho de 2025, informações de um de seus bancos de dados corporativos mantido na plataforma Salesforce.

A empresa afirma que senhas não foram expostas e que os registros continham, sobretudo, dados de contato de negócios.

Desde então, multiplicaram-se relatos de phishing e de golpes por telefone que imitam o suporte da companhia para tentar assumir o controle de contas do Gmail e do Google Cloud.

Apesar de circular a cifra de “2,5 bilhões de contas”, o Google não divulgou um número oficial de afetados.

O que aconteceu e quando

De acordo com comunicado da própria companhia, uma instância corporativa de CRM hospedada na Salesforce foi acessada de forma indevida.

O sistema reunia contatos e anotações relacionadas a clientes de pequeno e médio porte.

A atividade foi identificada, contida e passou por análise de impacto, segundo a empresa, que afirma ter adotado as devidas mitigações.

Embora o incidente tenha ocorrido em junho, a confirmação pública veio no início de agosto.

Nesse intervalo, criminosos aproveitaram dados de contato para reforçar golpes de engenharia social e pressionar vítimas a “verificar” supostas violações de segurança.

Não houve indicação de comprometimento do Gmail em larga escala nem de credenciais criptografadas; o foco recaiu sobre dados básicos de contato e de negócios.

Como agem os golpistas por telefone

Em novos relatos, usuários descrevem chamadas nas quais alguém se apresenta como funcionário do suporte do Google.

O interlocutor alega ter detectado uma invasão e, para “proteger a conta”, conduz a vítima a redefinir o acesso.

Nesse processo, tenta capturar códigos de verificação ou senhas, o que permite a tomada da conta.

Para ganhar credibilidade, os golpistas citam nomes e informações de contato que constavam nos dados expostos.

Em muitos casos, apelam à urgência e à linguagem técnica para reduzir a desconfiança.

O padrão se assemelha a campanhas de vishing (phishing por voz), nas quais a voz humana substitui e-mails e páginas falsas.

Google Cloud e o risco dos “dangling buckets”

Paralelamente, há registros de ataques voltados a usuários do Google Cloud que exploram a vulnerabilidade conhecida como “dangling buckets”.

O método se baseia em endereços de acesso desatualizados ou mal monitorados que, se reaproveitados por terceiros, permitem injetar arquivos maliciosos ou desviar dados.

Embora a técnica seja conhecida no setor e o Google recomende boas práticas específicas para preveni-la, não há confirmação oficial de que esse vetor tenha sido o caminho principal neste caso.

Quem é o grupo envolvido

O ataque foi atribuído ao coletivo apelidado de ShinyHunters, acompanhado por empresas de segurança sob a designação UNC6040.

Segundo o Google e analistas do setor, o grupo explora com frequência engenharia social, inclusive por telefone, para invadir ferramentas corporativas e baixar grandes volumes de informações.

Uma vez com os dados em mãos, costuma pressionar vítimas com ameaças de vazamento público.

O que dizem os especialistas

Para Federico Simonetti, CTO da Xiid, ofensivas desse tipo “são evitáveis” e, na visão do executivo, até “impossíveis” se as organizações abandonarem o uso de credenciais tradicionais.

Ele defende a adoção de métodos “verdadeiramente livres de senhas”, como autenticação baseada em chaves, reduzindo a superfície de ataque da redefinição de conta.

Já Dray Agha, gerente sênior de operações de segurança da Huntress, chama atenção para dois pontos.

O primeiro é o fator humano, explorado por meio de vishing e outras táticas de persuasão.

O segundo é a dependência de plataformas de terceiros, como CRMs e outros serviços em nuvem, que podem se tornar elos frágeis se mal configurados ou monitorados.

Segundo ele, “o uso relatado de phishing de voz pelo UNC6040 é um lembrete claro de que fatores humanos continuam sendo uma superfície de ataque comumente visada”.

Como reduzir o risco agora

A orientação imediata é desconfiar de contatos não solicitados que se apresentem como suporte técnico.

O Google não costuma ligar para usuários pedindo códigos, senhas ou aprovações de redefinição.

Em caso de dúvida, o caminho é procurar os canais oficiais e iniciar a verificação por conta própria.

Além disso, ative a verificação em duas etapas e, quando possível, migre para passkeys.

A checagem de segurança do Google ajuda a revisar dispositivos logados, tentativas recentes de acesso e autorizações concedidas a aplicativos de terceiros.

Para quem usa Google Cloud, é recomendável auditar periodicamente nomes de buckets, referências antigas em código e permissões de acesso, reduzindo a chance de aproveitamento de endereços órfãos.

O que ainda não se sabe

Algumas informações permanecem sem confirmação pública.

A principal é a escala exata do incidente.

Embora manchetes citem bilhões de contas, a empresa não informou números, e os dados descritos dizem respeito a contatos de negócios, não a caixas de e-mail pessoais.

Também não há detalhamento sobre quantas chamadas de vishing foram detectadas nem sobre a taxa de sucesso dessas tentativas.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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