Com rampas móveis, operação contínua e capacidade para até 9.200 carros, o tipo de navio cargueiro ro-ro movimenta o setor automotivo no Brasil com eficiência logística inédita
Veículos da GWM, BYD, Caoa, dentre outros importados que circulam nas ruas brasileiras chegam ao país por meio do navio cargueiro ro-ro, uma embarcação especializada em transportar carros, caminhões e máquinas sobre rodas, sem necessidade de guindastes, usando rampas móveis que aceleram o processo de desembarque.
Os navios cargueiros ro-ro (roll-on/roll-off) são projetados para permitir que os veículos embarquem e desembarquem rodando por conta própria, utilizando rampas localizadas na proa, popa ou laterais do navio. Esse sistema de carregamento por rodagem torna a operação mais segura, rápida e econômica.
Modelos como o Haval H6 da GWM, o Song Plus da BYD e os SUVs da Caoa chegam aos portos brasileiros em embarcações do tipo ro-ro, vindas de países como China e Coreia do Sul. O método permite desembarcar até 100 veículos por hora, com uso intensivo de caminhões-cegonha e mão de obra especializada.
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Como funciona o navio cargueiro ro-ro
Ao contrário dos navios do tipo Lo-Lo (lift-on/lift-off), que utilizam guindastes para carga e descarga, os navios ro-ro usam rampas e decks internos com pistas de rolamento. Os veículos entram no navio como se estivessem em um estacionamento vertical de vários andares.
A capacidade de carga é expressa em car-equivalent units (CEU) ou lane meters, que correspondem ao espaço em metros ocupado por cada fileira de veículos. O BYD Shenzhen, por exemplo, comporta até 9.200 veículos, sendo um dos maiores ro-ro do mundo em operação.
Esses navios podem navegar a velocidades de até 19 nós (cerca de 35 km/h), garantindo agilidade mesmo em longas rotas. As viagens normalmente saem do porto de Ningbo, Xangai ou outros centros logísticos asiáticos, com destino aos portos brasileiros, como Vitória (ES) e Itapoá (SC).
Eficiência logística e impacto no mercado
Recentemente, o BYD Shenzhen atracou em Santa Catarina trazendo 7.292 veículos híbridos, movimentando 130 caminhões-cegonha e mais de 500 trabalhadores em uma operação inédita. Poucos dias antes, outro cargueiro ro-ro entregou 900 unidades da GWM no porto de Vitória.
Além de garantir agilidade, o modelo ro-ro reduz os custos logísticos e permite entregas mais regulares. Isso impacta diretamente no preço final do veículo ao consumidor, além de melhorar o abastecimento da rede de concessionárias e impulsionar as vendas.
O uso do navio cargueiro ro-ro também facilita o cumprimento de prazos de entrega em períodos de alta demanda, como lançamentos de modelos ou promoções comerciais. Essa previsibilidade logística é um diferencial competitivo para as montadoras asiáticas em expansão no Brasil.
Segurança, tecnologia e crescimento no setor
Mesmo com rampas expostas e veículos soltos nos decks, os navios ro-ro são seguros e equipados com sistemas automáticos de combate a incêndio, monitoramento por sensores e estruturas reforçadas para resistir a mares agitados. Casos de acidentes são raros e cada vez mais evitados por novas regulamentações internacionais.
Empresas como BYD, GWM e CAOA têm reforçado sua presença no Brasil com o apoio dessa tecnologia naval. Enquanto a GWM prepara sua fábrica em Iracemápolis (SP), a BYD acelera as obras da planta de Camaçari (BA), prometendo maior independência logística a partir de 2025.
A primeira operação ro-ro comercial ocorreu em 1946, e desde então esse tipo de embarcação se tornou padrão para o transporte internacional de veículos, especialmente entre China, Europa e América Latina.