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Setor de energias renováveis reage à MP 1.304 e alerta para risco de retrocessos na geração distribuída e no futuro da energia limpa no Brasil

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 20/10/2025 às 15:03
Representantes das energias renováveis criticam a Medida Provisória 1.304 e alertam para impactos negativos na geração distribuída. Durante evento em São Paulo, líderes do setor pedem mais diálogo e denunciam a pressão de grandes grupos do setor elétrico. Fonte: Sérgio Nery
Representantes das energias renováveis criticam a Medida Provisória 1.304 e alertam para impactos negativos na geração distribuída. Durante evento em São Paulo, líderes do setor pedem mais diálogo e denunciam a pressão de grandes grupos do setor elétrico. Fonte: Sérgio Nery
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Representantes das energias renováveis criticam a Medida Provisória 1.304 e alertam para impactos negativos na geração distribuída. Durante evento em São Paulo, líderes do setor pedem mais diálogo e denunciam a pressão de grandes grupos do setor elétrico.

As discussões sobre a Medida Provisória 1.304/2025, que propõe mudanças nas regras de subsídios e incentivos do setor elétrico, têm provocado intensa mobilização entre representantes das energias renováveis. A proposta, que perde validade se não for votada até 7 de novembro, é vista com preocupação por entidades ligadas à geração distribuída (GD) — especialmente a solar fotovoltaica, uma das fontes que mais crescem no país.

Durante a 5ª edição do Canal Conecta, realizada entre os dias 20 e 21 de outubro no CREA-SP, em São Paulo, líderes do setor revelaram bastidores das negociações em Brasília e criticaram a condução do debate sobre a MP. Para eles, as mudanças podem representar um retrocesso no avanço da energia limpa e na democratização do acesso à geração própria.

Representantes do setor criticam a condução do governo e defendem a GD

O presidente do Movimento Solar Livre (MSL), Hewerton Martins, foi enfático ao questionar a forma como a GD vem sendo tratada nas discussões. Segundo ele, há uma tentativa de culpar a geração distribuída por problemas estruturais do sistema elétrico brasileiro.

“Faz sentido a geração distribuída, que representa 5,6% da energia do país em 2024, ser apontada como responsável por mais de 90% dos problemas do setor elétrico brasileiro?”, provocou Martins.

O executivo destacou que relatórios da EPE, ANEEL e ONS comprovam que nunca houve apagão causado por GD, e alertou que o país está desperdiçando energia limpa. Ele citou ainda que, segundo o Plano Decenal de Energia (PDE), a única fonte que dobra de tamanho é a térmica.

“O Brasil está jogando energia solar fora. Quando olhamos o relatório da EPE, a única fonte que dobra de tamanho é a térmica. O solar cresce, mas não dobra. Como é possível o PDE prever um aumento tão grande de térmicas para equilibrar o sistema?”, questionou.

Energias renováveis e o empoderamento do consumidor

Martins lembrou que a regulamentação da geração distribuída, criada em 2012, teve como objetivo principal empoderar o consumidor e permitir que cidadãos pudessem gerar sua própria energia. No entanto, com a popularização dos sistemas fotovoltaicos e a redução dos custos, o avanço da GD passou a incomodar grandes grupos do setor elétrico tradicional.

“O que os grandes grupos querem é tirar a parte da GD. Eles não esperavam que o preço da energia solar caísse tanto nem que ela caísse nas graças da população mais humilde”, afirmou o presidente do MSL.

Ele ressaltou que o acesso à tecnologia tem sido um fator de inclusão social e econômica. Segundo Martins, as classes média e baixa finalmente começaram a se beneficiar da geração própria, o que gerou desconforto nas empresas que dominam o mercado.

Com tom crítico, ele ironizou a incoerência das instituições:

“Quando instalam painéis solares no Palácio do Supremo é um projeto de eficiência energética. Mas quando o consumidor faz o mesmo, vira problema.”

Heber Galarce denuncia omissão e defende choque de gestão no setor energético

O presidente do Instituto Nacional de Energia Limpa (INEL), Heber Galarce, também se manifestou com preocupação sobre o andamento das discussões no Senado. Ele relatou o clima das audiências públicas e destacou que as vozes do setor solar pareciam isoladas.

“A impressão que eu tive nas últimas audiências era de que estávamos representando o setor solar contra muita gente. Espero sinceramente que o Palácio comece a olhar para esse problema”, afirmou.

Galarce criticou o discurso de “justiça e competição equilibrada” usado pelos defensores da MP, que, segundo ele, escondem o verdadeiro objetivo: retirar subsídios apenas da geração distribuída.

“Durante a comissão da MP 1.304, disseram que a GD prejudicava o setor por causa dos subsídios. Eu me levantei e sugeri — em tom provocativo — tirar os subsídios de todos. Ninguém levantou a mão. Ou seja, querem tirar só da GD.”

O dirigente também acusou lideranças do setor elétrico de omissão.

“Existe uma grande omissão e covardia de figuras importantes, que não enfrentam a raiz do problema — a necessidade de um choque de gestão no Ministério de Minas e Energia. É mais fácil atacar o nosso setor”, afirmou.

Mobilização nacional e protestos antes da COP 30

Diante do cenário de incertezas, os representantes do setor anunciaram planos de mobilização nacional. Segundo Martins e Galarce, está em andamento a organização de uma grande manifestação antes da COP 30, que será realizada em Belém (PA).

O objetivo é chamar a atenção internacional para o que consideram um risco à sustentabilidade e ao direito dos consumidores de gerar a própria energia.

“Estamos buscando autorizações para o ato. Queremos mostrar que o Brasil está prestes a destruir milhares de empregos e a limitar o direito do consumidor de gerar a própria energia”, afirmou Martins.

A iniciativa pretende reunir empresas, técnicos e consumidores em defesa da geração distribuída, da transição energética justa e da preservação dos avanços conquistados nas energias renováveis.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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