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Sonho dourado no Pará: ex-garimpeiros lutam para reabrir Serra Pelada, a maior mina de ouro da América Latina

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 05/11/2025 às 16:38
Garimpeiros trabalham em Serra Pelada, no Pará, dentro de uma imensa cratera de mineração a céu aberto, símbolo histórico da corrida do ouro no Brasil.
Trabalhadores e cooperados da Coomigasp mantêm viva a esperança de reabrir Serra Pelada, a lendária mina de ouro que marcou a história do Pará nos anos 1980.
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Mesmo após mais de três décadas de inatividade, cooperativas tentam reviver o lendário garimpo que marcou a história da mineração brasileira.

A lendária mina de Serra Pelada, localizada no sudeste do Pará, continua viva na memória nacional. Fechada oficialmente em 1992, ela segue como símbolo de riqueza, esperança e tragédia. Mesmo após 33 anos, antigos garimpeiros e cooperativas locais ainda sonham em reativar as operações, buscando transformar o passado em oportunidade.

Ao longo dos anos 1980, Serra Pelada se tornou o epicentro da febre do ouro no Brasil, atraindo milhares de pessoas de todas as regiões do país. Conforme dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), mais de 100 mil trabalhadores se aglomeraram na região, criando uma verdadeira cidade improvisada em meio à selva. Além disso, a descoberta de uma pepita de ouro em 1979, feita por um vaqueiro nas margens do rio Grota Rica, marcou o início dessa corrida histórica.

O auge e o declínio da mineração em Serra Pelada

Créditos: depositphotos.com / AntonMatyukha

Durante o auge, em 1983, a extração alcançou seu ponto máximo, com 17 toneladas de ouro retiradas do solo paraense, segundo dados oficiais do DNPM. Entretanto, à medida que a cava se aprofundava, os riscos aumentavam drasticamente. Escorregamentos, contaminação por mercúrio e condições de trabalho precárias começaram a chamar atenção de autoridades e ambientalistas.

Como resultado, em 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello determinou o encerramento imediato das atividades, alegando motivos de segurança e danos ambientais irreversíveis. Assim, a imensa cratera transformou-se em um lago de águas turvas, símbolo de uma era de riqueza e sofrimento.

Apesar disso, a esperança jamais desapareceu. Muitos garimpeiros retornaram ao local, acreditando que ainda existe ouro nas profundezas da antiga mina. Entre eles, Chico Osório, ex-garimpeiro que vive em Curionópolis desde os anos 1980, afirma que “a terra ainda guarda fortuna”.

Cooperativas enfrentam barreiras e disputas internas

Atualmente, a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) lidera o movimento pela reabertura da mina. No entanto, o processo é lento e complexo. Por um lado, as exigências ambientais do Ibama e da Secretaria de Meio Ambiente do Pará impõem estudos rigorosos sobre o impacto da atividade. Por outro, as disputas internas entre associados atrasam decisões e travam o avanço dos projetos.

Além disso, as dívidas acumuladas e a infraestrutura degradada dificultam qualquer operação. Escadas corroídas, rampas inseguras e maquinários obsoletos representam riscos graves de acidente. Ainda assim, os cooperados insistem que a reativação é possível, desde que haja apoio técnico e financiamento público.

Os impactos sociais e ambientais do passado

Durante a década de 1980, Curionópolis — cidade que abriga Serra Pelada — experimentou um crescimento explosivo. Em apenas três anos, a população saltou de 3 mil para mais de 40 mil habitantes, segundo o IBGE. Contudo, o avanço desordenado trouxe consequências severas: violência, doenças e degradação ambiental.

O uso indiscriminado de mercúrio contaminou solos e lençóis freáticos, deixando marcas que persistem até hoje. Por isso, qualquer tentativa de reativar a mina precisa conciliar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental. Especialistas do Serviço Geológico do Brasil (SGB) afirmam que a nova fase deve priorizar tecnologias limpas e monitoramento constante, para evitar a repetição dos erros passados.

O dilema entre progresso e preservação

Enquanto a Coomigasp tenta reunir recursos, autoridades federais discutem se o local pode voltar a produzir sem comprometer a Amazônia. Entretanto, o desafio vai além da economia. Reabrir Serra Pelada significaria enfrentar o dilema histórico entre crescimento e sustentabilidade.

Segundo especialistas em mineração, a região ainda possui potencial aurífero significativo, capaz de gerar empregos e atrair investimentos. No entanto, o custo ambiental pode ser alto demais. Ainda que o ouro volte a brilhar, a reativação só será viável se houver governança, transparência e compromisso socioambiental.

Mais de trinta anos depois, Serra Pelada continua sendo um espelho do Brasil — onde ambição e desigualdade se misturam com esperança e coragem.

Assim, a grande questão permanece: será que a nova geração de mineradores conseguirá transformar o antigo garimpo em um símbolo de mineração sustentável, capaz de unir progresso e preservação?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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