Mesmo com alertas de segurança e o aumento dos golpes virtuais, milhões de brasileiros ainda utilizam combinações simples e previsíveis, como “123456” e “admin”, para proteger suas contas online.
A fragilidade digital continua a ser uma realidade preocupante, mesmo em meio ao avanço das tecnologias de segurança e ao aumento das campanhas de conscientização.
Um levantamento global da Peec AI e outro nacional da NordPass revelam que usuários em todo o mundo — e especialmente no Brasil — ainda insistem em usar senhas extremamente fáceis de adivinhar.
Os dados mostram um cenário alarmante: “123456” segue como a combinação mais usada globalmente, aparecendo mais de 6,6 milhões de vezes em vazamentos, enquanto no Brasil nomes próprios e times de futebol figuram entre as escolhas mais populares, com “lucas123” e “flamengo” entre as preferidas.
-
Deserto engolindo cidades, mas a China reagiu com genialidade: milhões de cordas de palha frearam as dunas e criaram um novo cinturão verde
-
Viajando no teto do mundo: 22 horas sobre trilhos, cruzando montanhas nevadas e desertos gelados até o coração do Tibete
-
Brasileiro mostra o absurdo do IPVA: picape que custa R$ 1,2 milhão no Brasil paga R$ 50 mil por ano, mas só 170 dólares nos EUA
-
Um templo escondido na montanha, erguido há mais de mil anos sem máquinas os chineses antigos desafiaram a física e criaram uma obra dos deuses
O domínio do “123456” e o risco das combinações óbvias
A Peec AI analisou 100 milhões de senhas obtidas em vazamentos de dados nos últimos seis anos e constatou que a sequência numérica “123456” permanece soberana como a mais comum do planeta, usada por milhões de pessoas para proteger suas contas.
Segundo o diretor de marketing da empresa, Malte Landwehr, o uso de combinações simples coloca em risco a segurança de dados pessoais e corporativos. “Usar senhas como ‘123456’, que aparece 6,6 milhões de vezes, coloca você e suas informações em alto risco”, alertou.
Ele lembra que os ataques cibernéticos se tornaram mais sofisticados e que os criminosos utilizam listas automatizadas de palavras e combinações populares para tentar invadir contas.
“Os atacantes costumam usar dicionários e listas de senhas comuns em suas tentativas de quebrar senhas, por isso é importante criar uma senha o mais difícil possível de adivinhar”, reforçou Landwehr.
A vulnerabilidade no Brasil
No Brasil, o cenário não é muito diferente. Um levantamento do serviço de gerenciamento de senhas NordPass revelou as credenciais mais comuns usadas por brasileiros em 2023, com base em uma base de dados de mais de 4 terabytes de informações vazadas na internet.
De acordo com o estudo, as senhas mais frágeis levam menos de um segundo para serem descobertas por programas automatizados. Entre elas, destacam-se “admin”, “123456” e “12345678” — as mesmas combinações que lideram rankings globais.
A lista das dez senhas mais populares no Brasil é a seguinte:
- admin (204.846 casos)
- 123456 (137.551 casos)
- 12345678 (46.666 casos)
- 102030 (28.034 casos)
- 123456789 (24.834 casos)
- 12345 (22.426 casos)
- gvt12345 (10.684 casos)
- 12345678910 (9.710 casos)
- password (8.687 casos)
- 111111 (8.432 casos)
Essas combinações são consideradas “senhas padrão”, muitas vezes usadas por falta de atenção, preguiça ou simplesmente desconhecimento dos riscos. O problema, segundo os especialistas, é que essas credenciais são as primeiras a serem testadas por hackers.
Nomes próprios e times de futebol entre as senhas mais usadas
Além dos números simples, os brasileiros também demonstram apego a nomes próprios e times de futebol na hora de definir suas senhas.
Segundo a NordPass, a combinação “lucas123” foi a mais comum entre as credenciais que incluem nomes, aparecendo 3.993 vezes e ocupando a 27ª posição no ranking geral. Outros nomes populares como Pedro, Gabriel, Felipe e Matheus também aparecem com frequência.
Entre as senhas inspiradas em times, “flamengo” foi identificada 2.257 vezes, garantindo o 50º lugar na lista nacional. Já “palmeiras” ficou em 73º, e “Brasil” apareceu em 27º lugar, demonstrando como preferências esportivas e o patriotismo influenciam as escolhas dos usuários.
Esses padrões reforçam o alerta dos especialistas: senhas baseadas em informações pessoais ou facilmente associáveis à identidade do usuário são extremamente vulneráveis. Cibercriminosos podem cruzar dados de redes sociais e vazamentos públicos para descobrir combinações com base em nomes, datas de nascimento, times e cidades.
Os padrões revelados pela análise global
O estudo da Peec AI, que reuniu dados de violações desde 2019, categorizou as senhas em diferentes grupos para entender melhor os comportamentos. Nos nomes mais usados, “Michael” apareceu 107.678 vezes, seguido por “Daniel”, “Ashley”, “Jessica” e “Charlie”.
Em valores numéricos, o domínio absoluto é das sequências lineares — “123456”, “123456789”, “111111”, “1234567” e “123123”.
Entre os times de futebol, Liverpool, Chelsea, Barcelona, Arsenal e Juventus lideram o ranking, mostrando que a paixão pelos clubes ultrapassa fronteiras.
No campo das figuras famosas, aparecem nomes como “Blink-182” (84.545 vezes), “50 Cent” (55.897), “Eminem” (43.344) e “Justin Bieber” (34.296).
Já entre os personagens fictícios, “Superman” foi o mais popular, usado 86.937 vezes, seguido por Batman, Wall-E, Hello Kitty e Bob Esponja.
Essas coincidências entre culturas mostram que, embora os idiomas e contextos variem, os erros de segurança digital se repetem em escala global.
Como criar senhas realmente seguras
Tanto a Peec AI quanto a NordPass recomendam que os usuários adotem senhas longas, complexas e exclusivas para cada conta. Segundo Landwehr, “a senha ideal deve ter pelo menos 12 caracteres e combinar letras maiúsculas e minúsculas, números e símbolos especiais, como @, #, $, % ou !”.
Ele também sugere evitar qualquer padrão previsível, incluindo informações pessoais: “Hackers conseguem adivinhar facilmente nomes, datas de nascimento, membros da família, animais de estimação ou hobbies que estejam disponíveis publicamente.”
Outro ponto essencial é não repetir a mesma senha em várias plataformas. “Se um hacker adivinhar sua senha em uma conta, provavelmente tentará nas demais”, alertou Landwehr.
Para quem tem dificuldade em memorizar tantas combinações, a recomendação é utilizar gerenciadores de senhas, ferramentas que armazenam, criptografam e até geram senhas seguras automaticamente.
A força da autenticação multifatorial
Além da senha, os especialistas reforçam o papel da autenticação multifatorial (MFA) como camada adicional de segurança. O recurso exige um segundo fator de verificação — como um código temporário enviado por SMS ou um aplicativo autenticador, como o Google Authenticator ou o Authy.
Mesmo que alguém descubra a senha principal, não será possível acessar a conta sem essa segunda etapa. Landwehr recomenda ativar a MFA especialmente em contas bancárias, e-mails e redes sociais, os alvos mais frequentes de ataques.
O que dizem os especialistas em segurança
A empresa de segurança Norton também contribui com recomendações importantes. Ela explica que quanto mais curta e simples for a senha, mais rápido um programa automatizado consegue quebrá-la. Senhas longas e complexas reduzem drasticamente a eficácia de ataques de força bruta.
Nos ataques de dicionário, os hackers usam listas predefinidas de palavras comuns — justamente aquelas que aparecem com mais frequência em estudos como o da NordPass.
Para se proteger, a Norton sugere adotar frases codificadas (como “EuGostoDeCafé@2025”), trocar senhas regularmente e nunca armazená-las em navegadores ou anotações físicas. Também recomenda sair das contas após o uso, principalmente em computadores compartilhados.
Boas práticas para o dia a dia
O estudo conclui com um conjunto de boas e más práticas que podem fazer toda a diferença na proteção digital.
FAÇA:
- Use combinações de letras, números e símbolos variados.
- Escolha senhas com no mínimo 8 a 12 caracteres.
- Troque as senhas periodicamente.
- Use gerenciadores confiáveis.
- Ative a autenticação multifatorial.
NÃO FAÇA:
- Use senhas óbvias como “123456”, “senha”, “qwerty” ou “111111”.
- Repita a mesma senha em várias contas.
- Use nomes pessoais, datas ou times como base.
- Armazene senhas em blocos de notas ou navegadores.
- Compartilhe suas credenciais.
A mensagem é simples, mas essencial: em tempos de vazamentos em massa e ataques automatizados, a segurança digital começa por uma senha bem escolhida.
Seja “lucas123” no Brasil ou “123456” no mundo, o problema é o mesmo — e a solução está nas mãos dos próprios usuários.



Seja o primeiro a reagir!