Simples ato de ser educado com uma inteligência artificial pode estar gerando custos milionários e impactando o consumo global de energia elétrica, revelando um dilema entre boas maneiras digitais e a sustentabilidade tecnológica em tempos de IA avançada.
No mundo digital em que vivemos, a interação com assistentes virtuais, como o ChatGPT, se tornou uma parte essencial da rotina.
Seja para tirar dúvidas, buscar informações ou simplesmente para conversar, essas ferramentas estão cada vez mais presentes no dia a dia.
No entanto, um detalhe curioso chama a atenção: a gentileza ao se comunicar com o ChatGPT, como dizer “por favor” ou “obrigado”, pode estar gerando um custo energético significativo para a OpenAI.
-
Existe um tesouro de US$ 20 milhões por quilo escondido na Lua — e estamos prontos para extraí-lo
-
O segredo das ‘estradas submersas’ do Ceará não é a maré
-
O “Ozempic brasileiro” chega às farmácias com um preço mais acessível. Veja mais sobre
-
Novo relógio atômico é tão exato que pode mudar a forma como o mundo conta o tempo
Em uma revelação surpreendente feita por Sam Altman, CEO da OpenAI, ficou claro que o uso de tais expressões, consideradas educadas em muitas culturas, está, de fato, aumentando o consumo de energia nos servidores da empresa.
Altman comentou essa curiosidade após uma publicação no X (antigo Twitter), onde um usuário questionava o impacto que essas formalidades podem ter nos custos operacionais do ChatGPT.
Custo energético por palavras gentis: o impacto da educação digital
O comentário de Altman surgiu em resposta a um post do perfil @tomieinlove, que se perguntava “quanto dinheiro a OpenAI estaria perdendo com os custos de energia gerados pelas pessoas que dizem ‘por favor’ e ‘obrigado’ aos seus modelos?”.
O CEO não perdeu tempo e respondeu: “Foram dezenas de milhões de dólares bem gastos — nunca se sabe”.
Essa troca entre usuários e o CEO revela um lado inusitado do uso das tecnologias de inteligência artificial: a educação dos usuários, que, ao se comportarem de forma cortês, acabam gerando um impacto real nos custos de operação.
Embora os números exatos não tenham sido divulgados por Altman, é fato que qualquer palavra ou expressão inserida em um prompt do ChatGPT demanda processamento de dados.
Cada caractere ocupa espaço na janela de contexto do modelo de linguagem e precisa ser analisado de maneira detalhada quando a mensagem é enviada para os servidores da OpenAI.
Isso significa que, quando um usuário insere um “por favor” ou “obrigado”, o modelo precisa processar essas palavras, tratando-as como dados que afetam o comportamento da resposta do assistente.
Esse comportamento, aparentemente simples, gera um custo computacional maior do que podemos imaginar.
Os modelos de linguagem, como o ChatGPT, funcionam com base em cálculos probabilísticos, e isso exige uma quantidade significativa de recursos para compilar e gerar uma resposta que faça sentido dentro do imenso banco de dados que alimenta o sistema.
O consumo de energia no processamento de simples interações
A análise do impacto energético gerado por interações educadas no ChatGPT tem se tornado um tópico de interesse entre pesquisadores e usuários.
De acordo com uma pesquisa de 2024 realizada pela consultoria Future, 67% dos usuários nos Estados Unidos têm o hábito de interagir educadamente com chatbots.
Cerca de 55% dos entrevistados afirmam que adotam esse comportamento porque consideram “o certo a se fazer”, enquanto 12% acreditam que a cordialidade pode ajudar a evitar represálias em uma possível revolução das máquinas, um conceito que surgiu com o crescimento das tecnologias de IA.
Mas quanto de energia exatamente isso consome?
Para ter uma ideia do impacto energético de uma simples mensagem, a consultoria Future destacou que um único e-mail elaborado por IA consome cerca de 0,14 kWh de energia, o suficiente para manter 14 lâmpadas LED acesas por uma hora.
Embora esse valor pareça modesto em comparação com outros tipos de operações que consomem energia, como a geração de imagens complexas com IA ou a execução de modelos que requerem grandes quantidades de dados, ele ainda é um indicativo de como até as interações mais simples podem contribuir para o alto consumo energético.
Uma quantidade astronômica de energia em interações simples
Agora, imagine o consumo energético para processar a educação de mais de 400 milhões de usuários do ChatGPT.
Esses números são impressionantes e revelam como uma interação aparentemente trivial pode resultar em um custo elevado.
A questão é: até que ponto essa educação digital, que pode parecer algo simples e sem importância, acaba sendo uma carga adicional para as empresas que desenvolvem essas tecnologias?
Para entender melhor esse ponto, é necessário pensar nos custos operacionais do ChatGPT.
A inteligência artificial da OpenAI requer vastos recursos computacionais, e a quantidade de dados processada a cada interação não é apenas um número pequeno.
O processamento de palavras e frases exige a execução de cálculos complexos, a alocação de dados e a manipulação de informações em tempo real.
Por isso, cada palavra dita pelo usuário é, de fato, um componente de uma operação de grande escala que consome uma quantidade significativa de energia.
Os custos ocultos das interações educadas com IA
Ao contrário do que muitos poderiam imaginar, não se trata apenas de uma questão de “economia de palavras” ou de “otimização do processo”.
A educação digital, ao se manifestar por meio de expressões como “por favor” e “obrigado”, adiciona uma camada extra ao processamento, tornando-o mais complexo e, consequentemente, mais custoso.
Embora a IA tenha sido projetada para interagir de maneira fluida e humana, ela também deve adaptar sua resposta a esse comportamento cortês, o que requer mais recursos computacionais.
Este impacto pode parecer pequeno em cada interação individual, mas quando somamos os bilhões de interações diárias, o efeito cumulativo é de um grande custo energético, algo que está sendo cuidadosamente monitorado pela OpenAI.
Vale destacar que, embora a empresa se beneficie de um modelo de negócios robusto e esteja constantemente em busca de inovação, esse tipo de custo inevitavelmente gera debates sobre a sustentabilidade e os custos ambientais das tecnologias baseadas em inteligência artificial.
A sustentabilidade das tecnologias de IA
Com o crescimento do uso de IA, questões ambientais começaram a ser levantadas de forma mais intensa.
O consumo de energia para processar respostas, imagens ou outros tipos de interações gerados por modelos de IA é imenso.
Isso levanta um ponto crucial: como as empresas podem equilibrar a necessidade de fornecer respostas rápidas e precisas aos usuários, ao mesmo tempo que gerenciam os custos ambientais dessa operação?
Pesquisadores e engenheiros da OpenAI estão cientes do impacto que essas tecnologias podem ter no meio ambiente.
A empresa vem investindo em formas de otimizar seus sistemas e reduzir o consumo de energia sem comprometer a qualidade do serviço.
Mas é importante lembrar que, à medida que a demanda por IA cresce, o consumo de energia também aumenta, tornando-se um desafio para empresas que desejam minimizar sua pegada de carbono.
Como interagir de maneira eficiente com o ChatGPT?
Diante desse panorama, surge uma reflexão interessante: será que devemos continuar interagindo com assistentes virtuais como fazemos com pessoas, usando expressões de cortesia que geram custos adicionais?
Ou seria mais eficiente, para o meio ambiente e para a OpenAI, adotar uma abordagem mais direta e objetiva ao interagir com essas tecnologias?
Essas são questões que podem parecer pequenas no dia a dia, mas que, quando analisadas de forma mais profunda, revelam o impacto das nossas interações digitais no mundo real.
Ao refletirmos sobre essas questões, nos damos conta de que até mesmo as atitudes mais simples, como ser educado com um chatbot, podem ter consequências imprevistas e significativas.