Conheça a história do voo TAP 131, onde um adolescente sequestrou um avião e, anos depois, fez amizade com o piloto!
Em 1980, um acontecimento inusitado e tenso marcou a história da aviação portuguesa: o sequestro do voo TAP 131. Durante uma viagem de Lisboa para Faro, um adolescente de 16 anos, armado com uma pistola, invadiu a cabine de um Boeing 727 e desviou a rota do avião para Madri.
O episódio, que poderia ter terminado em tragédia, foi marcado por uma curiosa reviravolta: anos depois, o sequestrador e o copiloto do voo tornaram-se amigos.
Como este acontecimento inusitado, que ficou conhecido como “sequestro à portuguesa”, transformou a vida dos envolvidos? Descubra agora a história por trás do voo TAP 131.
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O voo TAP 131, realizado pela Transportes Aéreos Portugueses (TAP), era uma rota aparentemente comum entre Lisboa e Faro, no sul de Portugal.
A bordo, estavam 83 passageiros e sete tripulantes, entre eles o copiloto José Correia Guedes, um jovem piloto português com pouca experiência.
A viagem tinha tudo para ser tranquila, até que um adolescente de 16 anos entrou, armado, na cabine de comando do avião.
O jovem sequestrador havia se preparado para o evento de maneira impressionante, levando consigo uma pistola carregada e itens como um rádio e uma revista sobre óvnis.
Na época, as medidas de segurança nos aeroportos eram muito menos rigorosas que as de hoje. A cabine de comando, por exemplo, raramente tinha a porta trancada, o que permitia o acesso fácil de passageiros ou até de possíveis sequestradores.
Quando o adolescente entrou, apontando a arma para a cabeça do copiloto Guedes, a primeira reação do piloto foi de pavor, pensando se tratar de um grupo terrorista.
No entanto, ao perceber que o sequestrador era apenas um jovem nervoso, a tensão na cabine diminuiu.
A situação ficou ainda mais complexa quando o sequestrador revelou suas intenções: ele queria desviar o voo para Madri, com o objetivo de pedir um resgate de US$ 20 milhões e um salvo-conduto para a Suíça. O copiloto, na tentativa de acalmar a situação, começou a dialogar com o jovem, tentando convencê-lo a desistir de seus planos.
No entanto, a resposta do sequestrador foi diferente do esperado: ele parecia ter uma estranha compaixão pela tripulação e até se desculpava pelo transtorno que estava causando.
“Foi como se a síndrome de Estocolmo estivesse começando a surgir entre nós. Ele parecia estar cada vez mais confortável com a ideia de conversar, enquanto eu tentava desarmar a situação com palavras e calma”, relembra Guedes.
O “sequestro à portuguesa” virou uma expressão comum para descrever o inusitado caso, onde o sequestrador e os sequestrados mantiveram uma relação quase amigável durante o voo.
A situação escalou quando o avião foi desviado para Madri, e as autoridades espanholas tomaram conhecimento do sequestro. O voo foi cercado por policiais, e as negociações começaram.
Durante o processo, o sequestrador cedeu em uma das suas exigências: ele liberou todas as mulheres e crianças a bordo, o que foi um passo importante para a desescalada da tensão.
No entanto, o sequestrador ainda não desistiu de suas condições e continuava a exigir o resgate e a fuga para a Suíça.
Ao longo das horas de negociação, o copiloto José Correia Guedes desempenhou um papel chave.
Além de tentar tranquilizar o jovem sequestrador, ele também desmistificou as exigências do adolescente, dizendo-lhe que os US$ 20 milhões provavelmente não existiam, e que o salvo-conduto não garantiria a sua liberdade.
Aos poucos, o sequestrador foi se rendendo à realidade e, eventualmente, se entregou sem violência.
O sequestro do voo TAP 131 se tornou um marco na história da aviação, não apenas pela audácia do jovem sequestrador, mas também pelos detalhes surpreendentes que envolveram o incidente.
Enquanto o sequestro de aviões era relativamente comum na década de 1980, este caso se destacou pela maneira como a tripulação e o sequestrador interagiram, quase como se estivessem compartilhando uma estranha cumplicidade.
O episódio foi um reflexo das fragilidades nos controles de segurança aeroportuários da época e marcou uma virada importante nas práticas de segurança na aviação.
Hoje, após os atentados de 11 de setembro de 2001, as portas das cabines de voo são blindadas e o acesso restrito à tripulação, tornando o sequestro de aviões um evento praticamente impensável.
Anos depois do sequestro, José Correia Guedes e o sequestrador tornaram-se amigos. O piloto se lembra do caso com um sorriso, dizendo que, ao longo do tempo, o jovem que sequestrou o voo TAP 131 se tornou um homem completamente diferente.
O incidente foi transformador tanto para o copiloto quanto para o sequestrador, que, de maneira inesperada, acabaram forjando uma amizade após um dos episódios mais peculiares da aviação mundial.
A história do voo TAP 131 é um lembrete da complexidade humana em situações de crise, onde até mesmo um momento de terror pode dar origem a conexões inesperadas e, em alguns casos, até mesmo a amizades duradouras.