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Senha nuclear dos EUA era tão simples que qualquer um poderia ter lançado um ataque devastador

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 25/12/2024 às 13:43
Senha nuclear dos EUA era tão simples que qualquer um poderia ter lançado um ataque devastador
A senha para o arsenal nuclear dos EUA era 00000000. Simples e fácil, ela deixou as armas mais perigosas do mundo vulneráveis por anos.

Por décadas, o arsenal nuclear mais poderoso do mundo foi protegido pela senha “00000000”, expondo os EUA a riscos de sabotagem e erros fatais durante a Guerra Fria.

como seria proteger o arsenal mais destrutivo da humanidade? Pois bem, a resposta dos Estados Unidos durante boa parte da Guerra Fria era surpreendentemente simples: 00000000. Isso mesmo, oito zeros como senha para ativar armas nucleares capazes de causar devastação global. Parece absurdo, não é? Mas a história vai além do inacreditável.

Durante décadas, o que deveria ser um sistema impecável para proteger códigos nucleares era, na verdade, um colapso de negligência e priorização errada. Enquanto o mundo caminhava sobre uma corda bamba de tensões políticas, os EUA, em sua busca por eficiência, esqueceram-se de proteger uma das ferramentas mais perigosas já criadas.

A segurança nuclear durante a Guerra Fria

A bomba nuclear é a arma mais destrutiva já criada, capaz de apagar cidades inteiras em segundos. Durante a Guerra Fria, ela era o símbolo máximo do medo entre as potências mundiais.
A bomba nuclear é a arma mais destrutiva já criada, capaz de apagar cidades inteiras em segundos. Durante a Guerra Fria, ela era o símbolo máximo do medo entre as potências mundiais.

No auge da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética viviam uma corrida armamentista frenética. Ambos os lados acumulavam arsenais nucleares colossais, prontos para serem usados em um piscar de olhos. A pressão era imensa, e proteger os códigos que controlavam esses mísseis deveria ser prioridade máxima. Mas a realidade era bem diferente.

O Comando Aéreo Estratégico (SAC), responsável pelos mísseis intercontinentais Minuteman, decidiu que a segurança podia esperar. Afinal, a rapidez de resposta em caso de ordem presidencial era mais importante. Essa escolha abriu uma brecha monumental para sabotagens ou lançamentos acidentais. O que parecia um roteiro de ficção científica era, na verdade, a dura realidade.

A proposta de Fisher: uma lição de humanidade

Na década de 1980, Roger Fisher, um professor de Harvard com uma abordagem inovadora, propôs algo audacioso. Ele sugeriu que os códigos nucleares fossem implantados no peito de um voluntário que acompanharia o presidente. Assim, para lançar um ataque nuclear, o presidente precisaria tirar a vida dessa pessoa com suas próprias mãos.

Embora moralmente impactante, a ideia foi rapidamente rejeitada pelo Pentágono. As autoridades acreditavam que isso poderia comprometer a capacidade do presidente de agir em crises. Mesmo assim, a proposta de Fisher nos força a refletir: seria mais difícil apertar o botão se o peso da decisão fosse realmente sentido?

A senha mais simples do mundo: “00000000”

As revelações de Bruce Blair, um ex-oficial de lançamento e especialista nuclear, trouxeram à tona um dos segredos mais embaraçosos da história militar americana. Após uma ordem do presidente Kennedy, o SAC decidiu padronizar os códigos de segurança como 00000000. A justificativa? Facilitar um lançamento imediato em caso de necessidade.

A Força Aérea tentou negar essas acusações, mas documentos técnicos corroboravam a história de Blair. O resultado? Uma mistura de indignação pública e um alerta global sobre a fragilidade do sistema de segurança nuclear.

Mudanças no protocolo: mais segurança, menos improviso

Em 1977, diante das crescentes críticas e riscos, os EUA implementaram um sistema mais robusto. Agora, para ativar um lançamento, era necessário contatar autoridades superiores e validar os códigos. Essa mudança foi um divisor de águas, reduzindo significativamente o risco de erros humanos ou sabotagens.

Mas ainda havia um desafio: equilibrar segurança com a necessidade de uma resposta rápida. Afinal, em tempos de guerra, cada segundo conta, mas a negligência não pode ser uma opção.

O SIOP e a visão apocalíptica da Guerra Fria

O Plano Operacional Único Integrado (SIOP) foi criado para coordenar um contra-ataque nuclear massivo. Em um cenário de ativação, mais de 4.000 alvos seriam destruídos em 30 horas, resultando em centenas de milhões de mortes imediatas. O plano era tão devastador que só de imaginar sua execução já é assustador.

Felizmente, o SIOP nunca foi acionado. Mas sua existência reforça o quão perto estivemos de um verdadeiro apocalipse nuclear durante os anos de maior tensão global.

Reflexões sobre o legado da segurança nuclear

Essa história nos deixa lições valiosas. A primeira é que negligenciar sistemas críticos pode ter consequências catastróficas. A segunda é que, mesmo em tempos de crise, decisões morais e bem pensadas devem prevalecer sobre o imediatismo.

Hoje, os protocolos de segurança nuclear são muito mais avançados, mas a pergunta persiste: será que aprendemos com os erros do passado? A senha 00000000 é um lembrete de que, quando se trata de armas nucleares, a margem para erros simplesmente não existe.

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Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 3.000 artigos publicados no CPG. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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