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Sempre há como piorar! Este é o caminho que vai levar o Brasil a ter o MAIOR imposto do mundo

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 15/12/2024 às 20:01
Brasil aprova reforma tributária com IVA recorde, polêmicas sobre isenções e promessas de simplificação. Entenda os desafios e benefícios!
Brasil aprova reforma tributária com IVA recorde, polêmicas sobre isenções e promessas de simplificação. Entenda os desafios e benefícios!

A reforma tributária do Brasil promete transformar o sistema fiscal com a criação do IVA, mas levanta polêmicas ao incluir alíquotas possivelmente recordes e excluir armas do imposto seletivo. A proposta busca simplificação, mas enfrenta críticas sobre isenções que podem comprometer justiça tributária. Será essa a solução ou um novo peso para a economia e os consumidores?

Nada é tão ruim ao ponto de não poder piorar. A frase, embora carregada de pessimismo, parece ecoar o temor de especialistas e setores da economia diante do atual cenário da reforma tributária em tramitação no Brasil.

Segundo o canal CNN Brasil, o Senado Federal aprovou recentemente o texto-base da reforma, mas o projeto ainda enfrenta desafios importantes antes de sua sanção final.

A proposta, que busca simplificar o complexo sistema tributário brasileiro, retorna à Câmara dos Deputados devido às diversas alterações realizadas pelos senadores.

Entre as principais medidas, destaca-se a implementação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que substituirá tributos federais e estaduais.

Contudo, a alíquota do IVA ainda não está definida, e estimativas sugerem que ela poderá ultrapassar os 28%, chegando possivelmente a 29%.

Caso confirmado, o Brasil passará a ter a maior alíquota de IVA do mundo, superando a da Hungria, que atualmente é de 27%.

Essa possibilidade levanta questionamentos sobre o impacto do novo modelo tributário na competitividade e no custo de vida no país.

Por que o IVA pode ser tão elevado?

Segundo especialistas ouvidos pela CNN Brasil, o principal fator que pressiona a alíquota do IVA são os regimes especiais e as isenções tributárias concedidas a determinados setores.

Esses benefícios reduzem a carga para algumas áreas, mas forçam uma elevação da média geral para manter a arrecadação.

A professora Tathiane Piscitelli, da FGV Direito SP, destaca que, embora a reforma traga princípios como simplificação e neutralidade, as isenções incluídas no texto podem comprometer sua eficácia.

“Essa lista [de isenções] não pode ser indiscriminada.

As exceções devem ser convergentes com os valores constitucionais de justiça tributária e social”, afirmou em entrevista ao CNN Money.

As críticas à exclusão de armas do Imposto Seletivo

Outro ponto polêmico é a decisão do Senado de excluir armas e munições do chamado Imposto Seletivo (IS), popularmente conhecido como “imposto do pecado”.

Segundo Tathiane Piscitelli, essa medida resultará em uma redução de 70% na tributação de revólveres, aumentando o peso da alíquota geral para toda a sociedade.

A especialista alerta que a decisão transfere para a população os custos associados à violência armada. “É hora de pressionar os senadores para evitar esse retrocesso”, afirmou em nota.

Impactos positivos da reforma tributária

Apesar das controvérsias, especialistas reconhecem que a reforma pode trazer avanços significativos.

Estudos da Instituição Fiscal Independente (IFI) apontam que a simplificação tributária tem potencial para reduzir custos e atrair investimentos.

Hoje, o contencioso tributário brasileiro representa cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto nos Estados Unidos esse índice é de apenas 1%.

Para Marcus Pestana, presidente da IFI, a reforma melhora o ambiente de negócios e corrige distorções de um sistema que ele classifica como regressivo, burocrático e caro.

Ele ressalta que a alíquota poderia ser menor caso houvesse menos exceções, mas reconhece que o projeto aprovado é o possível dentro do contexto político.

Setores que comemoram a reforma

Alguns setores da economia, como o imobiliário e de serviços, celebraram os benefícios assegurados pela reforma.

Entidades como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) destacaram a redução de alíquotas para a Zona Franca de Manaus e o regime favorecido para a indústria de refino de petróleo da Amazônia Ocidental.

A Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) defende que a reforma reafirma o valor estratégico da região e protege 96% da Floresta Amazônica.

Em nota, a entidade afirmou que “a regulação não concede novos prémios, apenas preserva os mecanismos existentes na legislação”.

As preocupações dos setores industriais

Na outra ponta, federações como a Firjan, Fiemg e Fiesp criticaram os benefícios concedidos à Zona Franca de Manaus, apontando riscos para a competitividade regional.

Segundo Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp, a medida fere o princípio de isonomia e amplia desigualdades entre estados.

Um sistema mais transparente

Apesar das críticas, o economista Eduardo Fleury, em entrevista ao WW, destacou que a reforma trará ganhos em eficiência e transparência.

Segundo ele, a visualização clara dos impostos permitirá que consumidores e empresas compreendam melhor o sistema e tomem decisões mais informadas.

O desafio de alinhar expectativas e realidade

Para entender o contexto internacional, é válido observar que a implementação de impostos sobre valor agregado não é inédita. Países europeus enfrentaram desafios semelhantes ao introduzir sistemas de IVA.

Na Alemanha, por exemplo, o processo foi gradual e acompanhado de ajustes para evitar que o peso fiscal comprometesse o consumo e o investimento.

Nos Estados Unidos, embora não exista um IVA nacional, estados que adotam sistemas semelhantes enfrentam problemas como a regressividade, que pode impactar desproporcionalmente famílias de baixa renda.

Especialistas apontam que o Brasil, ao adotar o IVA, precisará equilibrar arrecadação e justiça fiscal para não repetir erros de outros países.

A transição e os impactos no curto prazo

Um dos grandes desafios é a transição para o novo modelo. Empresários e representantes do setor produtivo alertam que a adaptação às novas regras exigirá investimentos em tecnologia e treinamento.

Pequenas e médias empresas podem enfrentar maiores dificuldades, dada sua menor capacidade de absorver custos adicionais.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a complexidade do sistema atual já é um dos principais entraves para o setor varejista.

Com a reforma, espera-se que a unificação tributária reduza disputas fiscais entre estados, mas a falta de clareza sobre a alíquota final ainda gera incertezas.

Uma oportunidade para modernizar o Brasil

Apesar dos desafios, a reforma tributária representa uma oportunidade única para modernizar o sistema fiscal brasileiro.

Países como o Canadá e a Austrália mostraram que reformas bem estruturadas podem impulsionar o crescimento econômico e simplificar a administração tributária.

A pergunta que fica: como você avalia a proposta da reforma tributária? Deixe sua opinião nos comentários!

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Solon
Solon
16/12/2024 05:59

Reformas bem estruturadas podem impulsionar o crescimento.
O que não é o caso do Brasil. Onde todo e qualquer ato do governo, é populista e só visa votos futuros.

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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