Frear o aquecimento global é um dos maiores desafios da atualidade, já que, pelo mundo todo, a crise do clima tem provocado eventos climáticos extremos e, muitas vezes, devastadores, como furacões, tempestades ou ondas de calor preocupantes. E o Brasil não está fora desse cenário. Só neste verão de 2024, os estragos com as chuvas entre os meses de janeiro a março, especialmente no Centro-Sul, além de enchentes e vítimas fatais, provocaram apagões que deixaram, por exemplo, a maior metrópole da América Latina sob um apagão que durou até sete dias, no primeiro mês de ano, situação que se repetiu em alguns bairros da mesma cidade no mês de março.
E poucos dias antes do início do outono, tanto a capital paulista como todo o Centro-Sul do Brasil, sentiram os efeitos de uma nova onda de calor, que elevou a temperatura a níveis históricos, por exemplo, na capital fluminense, que registrou mais de 40º C e sensação térmica que ultrapassou os 62º C. O reflexo dessa onda de calor, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), foi que, às 14h37 do dia 15 de março, o consumo de energia foi recorde e chegou a 102.478 MW. O recorde anterior havia sido batido no dia 7 de fevereiro deste ano, quando foram consumidos 101.860 MW. Desde novembro de 2023, o SIN vem registrando sucessivos recordes na demanda devido às ondas de calor.
Este é um cenário que tem acelerado a corrida em busca de alternativas que não impactem o meio ambiente e, consequentemente, levem a uma situação ainda mais preocupante. E essa busca inclui as fontes de energia renováveis, como a energia solar. O Brasil começa a seguir o caminho de muitos países que já aderiram, em larga escala, ao armazenamento de energia solar. E esta fonte de energia tem sido essencial para suprir a demanda energética brasileira, especialmente pela ocorrência cada vez mais frequentes desses fenômenos, sendo uma fonte complementar essencial às hidrelétricas. Atualmente, segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar), a energia solar representa 40 GW de potência instalada, o que responde por 17,4% da matriz elétrica brasileira.
Além da importância como fonte complementar à matriz energética, o Brasil caminha para o próximo passo da energia solar fotovoltaica – o armazenamento em baterias. Mas primeiro é importante explicar a diferença entre esse e o sistema tradicional de energia solar. No tradicional, o gerador solar fotovoltaico fica conectado à rede da concessionária – no período diurno, o consumidor utiliza a energia que produz, já o que sobra, é injetado na rede e gerado créditos na concessionária de energia. À noite, esses créditos são compensados, ou seja, neste sistema tradicional ainda há uma dependência energética da rede da concessionária.
E justamente é essa a principal diferença em relação ao sistema de armazenamento da energia solar fotovoltaica em baterias. Para que esse sistema funcione, é necessário que que sejam adquiridos os inversores híbridos, que são o ‘cérebro’ do sistema, ou seja, equipamentos que podem operar simultaneamente com uma fonte de energia (painéis solares) e um banco de baterias.
Os inversores funcionam conectados à rede enquanto o banco de baterias está carregando, ou também ao contrário, por exemplo, em períodos noturnos ou chuvosos. Dessa forma, mesmo no caso de apagões, o sistema impede que o fornecimento de energia seja interrompido. E esse trabalho simultâneo é o que o difere dos demais inversores.
Ou seja, uma das principais vantagens do sistema de armazenamento é que, durante o dia, ao invés de injetar na rede a energia que não é consumida, esta é direcionada para a bateria e poderá ser utilizada posteriormente. Dessa forma, não haverá a dependência da rede elétrica, além da economia substancial na conta de energia, que pode chegar a 95%, o que faz com que o sistema de armazenamento com baterias se pague em 6 a 8 anos.
Para a indústria ou comércio, esse armazenamento garante segurança energética, já que, no caso de um apagão, permanecer muito tempo sem energia pode gerar uma situação muito complicada. E para os clientes residenciais, com tantas pessoas que trabalham em sistema de home-office, assim como aquelas que dependem de equipamentos de saúde que funcionam pela eletricidade, é essencial que não haja interrupções de energia.
E, por ser um mercado que começa a entrar no País, a SolaX Power, empresa global com sede na China, que foi a primeira fabricante de inversores híbridos da Ásia, em 2013, inicia sua operação brasileira trazendo todo esse know-how na perspectiva de alavancar esse mercado. A ideia da empresa é transformar o Brasil em um dos principais players mundiais.
Tamanho otimismo tem fundamento: há um enorme potencial brasileiro que ainda não é explorado. Segundo dados do Movimento Solar Livre, o Brasil possui 93,5 milhões de unidades consumidoras e apenas 3,4 milhões tem geração distribuída (aquela energia elétrica gerada no local de consumo, como as energias renováveis), ou seja, 2,95%.
E com a redução de mais de 40% no valor dos painéis solares em 2023, de acordo com estudo do Portal Solar, a tendência é de que a atratividade dessa fonte de energia tenha expressivo crescimento, cenário esse, aliado à possibilidade de armazenar essa energia limpa, garantindo a segurança energética e redução no payback (período necessário para que o custo da aquisição e instalação dos equipamentos se pague).
Essa redução no período para retorno do investimento é um importante indicador da competitividade dos sistemas fotovoltaicos, já que, quanto menor o prazo, mais atrativo é investir nesse sistema e, com a redução no valor dos painéis solares, a tendência de queda é real.
Gilberto Camargos
Diretor-executivo da SolaX Power no Brasil
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