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Seguro rural não acompanha crises climáticas

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 06/04/2023 às 18:06
Seguro rural
Seguro rural (foto/divulgação)

Agricultores em todo o mundo vêm enfrentando desafios cada vez maiores em meio a mudanças climáticas extremas e imprevisíveis.

Eventos como secas, inundações e geadas estão se tornando mais frequentes e intensos, com impactos significativos na produção de alimentos. O setor agropecuário brasileiro não é exceção e a recente safra de milho e soja foram afetadas pelas condições climáticas adversas. Como resultado, os produtores vêm enfrentando perdas econômicas significativas.

Diante disso, o seguro rural se torna um mecanismo importante para mitigar os riscos associados às mudanças climáticas. No entanto, um estudo realizado pelo Climate Policy Initiative (CPI) aponta que o seguro rural no Brasil não está acompanhando as crises climáticas, o que resulta em perdas crescentes para os produtores.

A importância do seguro rural

O seguro rural é uma ferramenta fundamental para proteger os agricultores das perdas causadas por eventos climáticos extremos. Ele permite que os produtores façam um planejamento mais seguro para o futuro, o que resulta em maior estabilidade econômica e sustentabilidade.

No entanto, o seguro rural no Brasil não vem lidando de maneira adequada com a nova realidade climática. De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), em 2022, as seguradoras e resseguradoras gastaram mais com indenização do que obtiveram com os prêmios arrecadados.

Isso se deve à falta de previsibilidade do clima e ao aumento da frequência de eventos climáticos extremos. Como resultado, o custo do seguro aumenta e a oferta diminui, dificultando o acesso dos produtores que não podem arcar com custos elevados.

Restrições no seguro rural

Além disso, o seguro rural no Brasil é altamente restrito e concentrado nas regiões sul e centro-oeste. Embora a cultura da soja esteja se expandindo para regiões como Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia), o seguro não acompanha este movimento.

De acordo com o estudo do CPI, em 2010, a região do Matopiba era responsável por 10% da produção de soja, em uma década essa participação cresceu para 14%. Entretanto, em 2018, cerca de 1.000 municípios não possuíam seguro para a produção de soja.

Além disso, a produção brasileira de grãos é pouco segurada e há uma concentração em algumas culturas, com a soja sendo destaque, com 30% das apólices e com mais da metade do valor dos prêmios pagos em 2018, segundo a Susep.

A necessidade de aprimoramento das políticas públicas

É fundamental que as seguradoras adotem modelos mais elaborados na expansão da cobertura de seguros para as quais o histórico de sinistros é restrito. Entre as recomendações dos pesquisadores para um aperfeiçoamento das políticas públicas está a de uma atuação em múltiplas frentes com articulação entre o poder público e o setor privado.
O governo deve estimular a expansão do seguro rural, investindo no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural, reduzindo o custo de aquisição das apólices, aprimorando o Zoneamento Agrícola de Risco Climático e fortalecendo o mercado de resseguros no Brasil.

Em um cenário de maior risco, as resseguradoras se tornam cada vez mais importantes, acrescenta Priscila Souza, gerente sênior de pesquisa do CPI e coordenadora do estudo. A implementação de políticas públicas para a expansão do seguro rural é importante não apenas para a proteção dos produtores e para o desenvolvimento do setor, mas também para a evolução de uma agricultura sustentável e para a redução de gases de efeito estufa.

O seguro rural é uma ferramenta importante para proteger os agricultores das perdas associadas às mudanças climáticas. No entanto, as atuais políticas públicas não consideram adequadamente a nova realidade climática, o que resulta em perdas crescentes para os produtores.

Para enfrentar esses desafios e promover o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável, é necessário que o governo e o setor privado trabalhem juntos para aprimorar o seguro rural, expandindo a cobertura e reduzindo os custos. Este é um passo crucial para proteger os agricultores e garantir a estabilidade econômica e sustentabilidade do setor agropecuário brasileiro.

Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 2.300 artigos publicados no CPG. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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