Howard Lutnick acusa o país de prejudicar os Estados Unidos e sinaliza que a sobretaxa deve continuar.
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou em entrevista que é necessário “consertar o Brasil”, acusando o país de adotar práticas que prejudicam a economia americana. A declaração ocorre em meio a uma crise comercial que já impôs tarifas de 50% a diversos produtos brasileiros.
As críticas aumentam a tensão entre Brasília e Washington em um momento em que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump prometem se reunir para discutir as medidas.
Segundo Lutnick, a manutenção do tarifaço dependerá da forma como o Brasil e outros países irão reagir às exigências americanas. A informação foi publicada pelo g1.
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As críticas diretas a países parceiros
Na entrevista à NewsNation, Lutnick disse que “há um monte de países para consertar”, incluindo Suíça, Índia e Brasil.
Para ele, essas nações precisam “abrir seus mercados e parar de tomar ações que prejudiquem os Estados Unidos”. O secretário destacou ainda o déficit comercial como justificativa para as medidas adotadas pela Casa Branca.
Segundo o g1, embora outros países só passem a enfrentar as novas tarifas em outubro, o Brasil já vinha sofrendo com o tarifaço de 50% desde agosto.
Produtos como medicamentos, caminhões pesados, móveis e itens domésticos estão entre os mais afetados pela medida, que deve atingir também economias como Alemanha, Japão e China.
O peso do déficit comercial e o exemplo da Suíça
Lutnick citou o caso da Suíça para ilustrar o que chamou de “desequilíbrio injusto”. De acordo com ele, um país pequeno como o suíço acumula déficit de US$ 40 bilhões com os EUA porque vende muito mais do que compra.
Para o secretário, essa situação se repete com outras nações e reforça a necessidade de impor barreiras comerciais.
Na prática, o recado é claro: quem quiser vender para o mercado americano terá de aceitar as condições impostas por Trump.
Segundo o secretário, essa é a forma de “jogar bola com o presidente dos Estados Unidos” e manter o acesso aos consumidores do país.
A posição do governo Trump e os reflexos para o Brasil
Trump justifica as medidas como um esforço para proteger a indústria local e garantir a chamada “segurança nacional”.
O presidente já vinha demonstrando irritação com o volume de importações e, no caso brasileiro, a crítica vai além da pauta econômica: o republicano tem atacado também a condução do processo judicial contra Jair Bolsonaro, classificando-o como perseguição política.
Para o Brasil, a manutenção da tarifa de 50% significa um desafio direto às exportações em áreas estratégicas.
Setores como móveis, veículos e medicamentos enfrentam risco de perda de competitividade, o que pressiona empresas e pode gerar reflexos no emprego e nos investimentos.
Próxima rodada de negociações entre Lula e Trump
O encontro entre Lula e Trump, previsto para esta semana, será o primeiro desde que o tarifaço entrou em vigor. Ambos sinalizaram disposição para negociar, mas a retórica agressiva de Lutnick indica que a pressão americana não deve diminuir.
Resta saber se o Brasil conseguirá espaço para suavizar as tarifas ou se precisará buscar alternativas comerciais em outros mercados.
A declaração de que é preciso “consertar o Brasil” amplia o tom da crise comercial e coloca em xeque a relação entre os dois países.
Enquanto Washington insiste em manter tarifas pesadas, o Brasil busca espaço de diálogo.
Você acredita que o Brasil deve ceder às pressões americanas para preservar acesso ao mercado dos EUA ou responder com medidas próprias para proteger sua economia?
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