Além de importarmos petróleo ainda compramos derivados como a gasolina e o diesel, com valor agregado pelos nossos concorrentes
Segundo dados da ANP o consumo médio diário de petróleo no Brasil em 2018 foi de 2,586 milhões de barris por dia e a produção brasileira, em maio de 2019 foi de 2,731 milhões de barris por dia. Veja aqui por que a Shell não fez oferta nos leilões !
Mas se produzimos mais do que consumimos então, podemos ser considerados autossuficientes ? muitos responderiam: Sim ! Mas a resposta infelizmente não é essa.
Em 2018, segundo a ANP, o Brasil vendeu 410 milhões de barris de petróleo, a maior parte para a China e no mesmo ano, o país precisou comprar cerca de 68 milhões de barris, na maior parte de países da África e do Oriente Médio.
Há ainda um agravante que piora os dados desta “Balança”, o Brasil compra derivados de petróleo, como a gasolina e, principalmente, diesel.
- Cuidado, Elon Musk! Um dos projetos mais audaciosos da Tesla pode estar em risco devido a possíveis ações de Trump
- Estudo chocante: Descubra qual tamanho de carro é o menos seguro em acidentes de trânsito
- China choca o mundo criando o MENOR DRONE do mundo! Com apenas 4,2 gramas e movido a energia solar
- Fiocruz libera inscrições para cursos 100% EAD, gratuitos e com certificado! Há chances na Fundação Oswaldo Cruz em várias áreas sem que haja necessidade de prova para participar
De acordo com especialistas a razão do desiquilíbrio são duas, a primeiro são nossas refinarias, que não tem capacidade para refinar todo o nosso petróleo e o segundo é a subutilização destas, que em 2018 não tiveram aproveitadas 25% de sua capacidade.
Para se entender esta matemática basta termos clareza que estamos comparando produtos diferentes. Como nossas refinarias não tem capacidade de processar todo o nosso óleo e nem por atender a demanda por derivados, a conta não fecha.
De maneira simples podemos dizer que o Brasil exporta petróleo e importa combustíveis e derivados, que são produtos com maior valor agregado.
O Refino
O Brasil tem 17 refinarias de petróleo, somadas elas tem capacidade para processar 2,4 milhões de barris por dia. 13 delas ainda pertencem à Petrobras que detém 98,2% da capacidade de refino nacional.
O grande problema, segundo especialistas é que nossas refinarias não tem como refinar o petróleo brasileiro. Nossas refinarias foram construídas, a maioria, na década de 70, quando foram projetadas para refinar o Petróleo do oriente médio, que é mais fino que o óleo que viria a ser produzido aqui.
Então o Brasil é obrigado a importar petróleo porque nossas refinarias não tiveram investimentos em tecnologia para se adequar a nova situação, que era do Brasil ter se tornado, país produtor de óleos de características diferentes.
Assim, para seguirem funcionando, as nossas refinarias passaram a processar uma mistura de óleo brasileiro com óleo nigeriano ou árabe que é mais leve.
Segundo a a doutora em Planejamento Energético e coordenadora de pesquisa do centro de estudos FGV Energia, Fernanda Delgado, “Por uma estratégia da Petrobras de sempre focar em exploração e produção de petróleo, houve pouco investimento na área de refinaria no Brasil. As refinarias são obsoletas, suas tecnologias não foram melhoradas. Não conseguem refinar todo o petróleo que a gente produz”, diz a professora da FGV.
Se a Petrobras aumentasse o nível de produção das refinarias, menos derivados seriam importados, mas a atual estratégia da empresa é de focar na Exploração e Produção e de diminuir sua participação cada vez mais no mercado de refino, inclusive com a venda de oito refinarias.
Para Fernanda Delgado, da FGV, “tudo depende do apetite dos investidores em investimento de infraestrutura”, em sua opinião as refinarias estão sendo colocadas à venda pela Petrobras para atrair tecnologia.
“Havendo investimento nas refinarias, a expectativa é de que promova o desatrelamento do mercado brasileiro em dependência do mercado internacional”, afirma. “O ideal é que a gente produza óleo cru e exporte gasolina e diesel. Exportar óleo cru é excelente, mas melhor ainda é exportar produtos com valor agregado.” Finalizou ela.