Quando teve suas obras iniciadas no governo Lula, o Comperj teria o objetivo de produzir cerca de 165 mil barris de combustíveis e impulsionar a distribuição. O tempo passou, as obras foram paralisadas, prisões pela Lava Jato foram feitas e muitos acontecimentos no campo político do país interferiram no projeto.
O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), localizado no município de Itaboraí, na região metropolitana da capital fluminense, é considerado por razões próprias como a maior ação da Petrobras e um dos maiores empreendimentos do planeta no setor de produção, refino, comercialização e transporte de petróleo, gás natural e derivados.
A obra foi um investimento durante o então governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, custando cerca de R$ 8,4 bilhões. Assim o Brasil passava a ter um grande complexo industrial, com a promessa de melhorar o setor industrial, econômico e ambiental e a queda do preço dos combustíveis, como consequência direta.
No entanto, como muitos já sabem e lamentam, as obras da Comperj foram paralisadas no ano de 2015 com os resultados das prisões de diretores da Petrobras e até do governador do Rio, Sérgio Cabral, através de revelações da Operação Lava-Jato que investigou situações de corrupção envolvendo a empresa. O empreendimento de 45 km² foi deixando de ser prioridade da Petrobras. O resultado é que empresas contratadas direta ou indiretamente fecharam as portas e o sonho do processamento de 165 mil barris de petróleo por dia no local foi adiado. Tivemos alta no preço dos combustíveis de forma corriqueira até hoje.
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Com o agora presidente Jair Bolsonaro no comando do Palácio do Planalto, que já chegou a trocar o comando da Petrobras para tentar interferir na política de preços dos combustíveis, algumas rodadas de licitações foram reiniciadas. Pouco antes, em outubro de 2018, no governo Michel Temer, a Petrobras iniciou uma tentativa de acordo com a China National Oil and Gas Exploration and Development Company (CNODC), subsidiária da petroleira chinesa CNPC, para que fossem feita a conclusão da refinaria do Comperj. O acordo inicial previa à companhia chinesa 20% da refinaria. A Petrobras chamou a negociação na época de ‘parceria estratégica’, e Lula, incentivador para o nascimento do complexo, disse que estariam dando o Comperj quase de graça aos chineses. Em 2019, a negociação terminou sem acordo.
O Comperj chegou a ter mais de trinta mil trabalhadores e trabalhadoras. Atualmente apenas 600 estariam realizando serviços de manutenção no local. Em 2017, mesmo contrariando membros de seu partido e enquanto desfrutava dos últimos momentos de liberdade, o ex-presidente Lula fez uma visita à cidade Itaboraí. Na ocasião, Lula reuniu ex-trabalhadores da região e criticou o que chamou de abandono do complexo. O projeto foi concebido em suas palavras de uma “mistura de refinaria com indústria petroquímica”.
Retomada da Comperj pela Petrobras seria uma prova de que Lula é inocente?
Entusiasta das causas trabalhistas, o ex-presidente petista, entende que o Comperj é importante ainda para o crescimento econômico de toda aquela região. Além dos empregos diretos, são imaginados empregos e empreendimentos indiretos no entorno do complexo e em toda cidade de Itaboraí e São Gonçalo. A tendência, portanto, é que Lula, que teve os processos referentes aos casos do tríplex em Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP) anulados e que acredita que a condução da Operação Lava Jato foi falha, invista na retomada das obras do Comperj, caso seja eleito presidente novamente em 2022.
Além dessa questão trabalhista, seria uma prova que Lula acredita estar dando ao Brasil de que a perda de credibilidade da Petrobras e a crise do setor que afeta todo o país teria sido oriundas de uma operação policial corrupta com tendências políticas. Lula quer provar, em paralelo a esse possível renascimento da Comperj, que a Lava Jato destruiu empresas e gerou desemprego de milhões de pessoas e que vai conseguir baixar os preços dos combustíveis.
Valores para investimentos da retomada da Comperj são incógnitas
Não se sabe quanto ainda precisará ser gasto para que o complexo seja concluído. Segundo uma análise de especialistas, é necessário mais de US$ 5,3 bilhões (17,1 bilhões em Reais) para terminar a construção. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), o prejuízo à Petrobras em relação ao Comperj estão casa dos R$12,5 bilhões.
A retomada do Comperj no possível governo Lula pode baixar os preços dos combustíveis?
O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), gigante empreendimento da história do setor petroquímico do Brasil, foi projetado em 2006 (pedra fundamental) para ser a maior solução de transformação de produtos petroquímicos em bens de consumo, como: componentes para as indústrias automobilística e de eletrodomésticos, materiais cirúrgicos, embalagens, tintas, entre outros. Um verdadeiro complexo de produção de escala extraordinária.
No entanto, com o passar do tempo, esse cenário otimista deixou de existir e o Comperj se tornou um monumental centro de desordem. Com a paralisação das obras em 2015, houve o desencadeamento de situações que afetaram negativamente a economia do setor. Esse desencadeamento chegou ao consumidor final, com altas no preço dos combustíveis rotineiramente. A pergunta que os brasileiros fazem agora é: quando haverá queda os estabilização dos preços dos combustíveis?
Em países com os gostos políticos polarizado, e com poder de produção interno, a política e a economia andam lado a lado. É possível que o ex-presidente Lula volte a ser candidato em 2022 e já deixou claro que uma de suas ações no setor é voltar a incentivar as obras de retomada do Comperj. Caso o complexo passe a ser de fato o protagonista principal na produção petroquímica, haverá uma importante impulsionada nos índices do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. E tendo a produção direta consolidada, os preços nas refinarias devem diminuir e assim chegar no consumidor de combustível final (bombas de gasolina). O Comperj, atualmente, se resume à refinaria e a uma unidade de processamento de gás natural (UPGN).
Facilitação da logística irá favorecer no preço dos combustíveis
Apesar de ser autossuficiente em petróleo, o Brasil não tem capacidade de processamento suficiente para todo o território, por isso tem que exportar petróleo e comprar seus derivados a exemplo de combustíveis como gasolina e diesel. O Comperj, caso venha na prática um grande complexo de produção, irá resolver essa deficiência e assim de fato tornar o Brasil uma referência do setor. A produção e logística, portanto, iria ser interna e assim desencadear a diminuição de custos até chegar na bomba dos postos de abastecimento ao consumidor final.
Atualmente a Legislação Brasileira prevê liberdade de preços no mercado de combustíveis, as mudanças no preço final da bomba depende de repasses feitos por outros componentes da cadeia do setor de combustíveis. Até chegar ao consumidor final, são colocados impostos federais e estaduais, custos para aquisição, além da mistura obrigatória de etanol anidro.
Lula diz que vai reverter privatizações do Governo Bolsonaro para tentar diminuir o preço dos combustíveis
O ano de 2022 é de eleição presidencial. Uma disputa que já demonstra ser bastante intensa, com dois lados opostos em ideologias de administração pública. Do lado neoliberalista, o qual faz parte o presidente Jair Bolsonaro sob a coordenação do Ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem como objetivo a privatização de dezenas de estatais. Do outro lado, o pré-candidato e ex-presidente Lula que descarta a privatização de várias empresas públicas. Entenda se será possível reverter as privatizações aqui caso Lula seja eleito em 2022.
Por Junior Aguiar – Jornalista convidado do CPG (Artigo contém direitos autorais)