A imagem icônica da Grande Pirâmide de Gizé com quatro lados é universalmente conhecida. No entanto, uma característica arquitetônica sutil revela que este antigo monumento possui, na verdade, oito faces distintas.
A silhueta da Grande Pirâmide de Gizé dominando o deserto egípcio é um símbolo da engenhosidade antiga. Comumente percebida como tendo quatro lados triangulares, essa maravilha arquitetônica esconde uma complexidade que desafia o olhar comum. A Grande Pirâmide de Quéops, na verdade, exibe oito faces, uma sutileza construtiva resultado de um design intencional.
Esta característica, documentada ao longo de mais de um século, revela um nível ainda mais profundo de sofisticação no planejamento dos antigos egípcios e redefine nossa compreensão deste monumento milenar.
A complexidade oculta da Grande Pirâmide de Gizé
A afirmação de que a Grande Pirâmide de Gizé possui mais de quatro lados pode soar surpreendente. No entanto, esta não é uma especulação recente, mas um fato estudado. A estrutura de oito faces resulta de uma sutil indentação, ou concavidade, que percorre o centro de cada uma das suas quatro faces principais, da base ao cume.
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Esta característica divide cada face em dois planos ligeiramente angulados. A concavidade é tão discreta que escapa à observação do solo na maioria das condições, explicando a imagem perpetuada de quatro lados.
Revelando as oito faces: um século de descobertas na Grande Pirâmide de Gizé
A identificação da natureza octogonal da Grande Pirâmide de Gizé foi um processo gradual. Sir William Matthew Flinders Petrie, nas décadas de 1880, notou anomalias na alvenaria do núcleo, sugerindo “cavidades invulgares” como características de design deliberadas. Mais tarde, o advento da aviação foi crucial. O piloto britânico P. Groves, entre as décadas de 1920 e 1940, fotografou o fenômeno “quase acidentalmente”. Suas fotos aéreas, sob condições de iluminação específicas como o equinócio, revelaram as sombras que delineavam a divisão de cada face.
Em 1934, o matemático francês André Pochan, usando fotografia infravermelha durante um equinócio, também observou a divisão em uma das faces. Egiptólogos como I.E.S. Edwards, em 1975, confirmaram a estrutura octogonal côncava. Pesquisas modernas, como as de Akio Kato (2023) e de Biondi & Malanga (2022) utilizando radar, não só confirmaram a característica na Grande Pirâmide de Gizé (Quéops), mas também sugeriram sua presença nas pirâmides de Khafre e Menkaure.
A arquitetura da concavidade: como a Grande Pirâmide de Gizé efetivamente possui oito lados
Cada uma das quatro faces principais da Grande Pirâmide de Gizé apresenta uma leve indentação ao longo de sua linha central. Flinders Petrie estimou a profundidade dessa concavidade em cerca de 0,94 metros na face Norte, e André Pochan em 0,92 metros. Akio Kato postula que a concavidade deriva da estrutura interna de fiadas de alvenaria do núcleo inclinadas para dentro, a cerca de 11 graus em relação à horizontal.
Originalmente, a Grande Pirâmide de Gizé era revestida por blocos de calcário polido, que conferiam uma superfície lisa e escondiam a concavidade do núcleo. Foi a perda dessas pedras de revestimento, devido a sismos e reutilização, que revelou a estrutura de oito faces. A observação clara dessa característica geralmente requer uma perspectiva aérea e condições de iluminação específicas, como ao amanhecer e entardecer durante os equinócios da primavera e do outono, quando o ângulo rasante do sol acentua as divisões.
Por que oito lados? Teorias sobre o propósito do design incomum da Grande Pirâmide de Gizé
Diversas teorias buscam explicar o design octogonal da Grande Pirâmide de Gizé. Uma das mais proeminentes é a de engenharia estrutural para aumentar a estabilidade. Akio Kato sugere que as fiadas inclinadas para dentro ajudariam os blocos a se comprimirem sob tensão, como durante sismos, prevenindo o deslizamento das faces e melhorando a ligação do núcleo ao revestimento.
Interpretações astronômicas e simbólicas também existem, dado que a visibilidade das oito faces é acentuada durante os equinócios. Isso poderia indicar um alinhamento intencional para marcar eventos solares. Outras hipóteses incluem a gestão da água da chuva, melhoria estética para criar uma ilusão de simetria perfeita ou até mesmo um guia para o assentamento dos blocos. A precisão da construção argumenta fortemente a favor de um design intencional.
Um monumento à engenhosidade: o que as oito faces da Grande Pirâmide de Gizé revelam sobre seus construtores
A execução da concavidade nas faces da Grande Pirâmide de Gizé demonstra um notável grau de precisão e um domínio avançado da geometria e técnicas arquitetônicas pelos antigos egípcios, possivelmente com ferramentas como cordas, réguas de madeira e níveis de água. Isso implica o uso de métodos de topografia sofisticados e um conhecimento prático de matemática para implementar um design tão complexo em escala monumental.
A descoberta de que as pirâmides de Khafre e Menkaure também podem possuir essa característica é revolucionária. Isso sugere que a concavidade poderia ser um princípio arquitetônico comum da 4ª Dinastia para suas construções mais importantes, indicando um nível de conhecimento técnico mais difundido e padronizado do que se pensava.